Destaques nos cinemas

DOIS DIAS, UMA NOITE
(Deux Jours, Une Nuit, Bélgica/França, 2014) de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Drama. Para não perder o emprego, funcionária de uma empresa entra em contato com os seus colegas para que estes recusem a receber um bônus.

O JOGO DA IMITAÇÃO
(The Imitacion Game, Inglaterra/EUA, 2014) de Morten Tyldum
Drama. Biografia do matemático inglês Alan Turing que teve um papel importante na Segunda Guerra Mundial e uma vida pessoal bastante conturbada.
 

SELMA - UMA LUTA PELA IGUALDADE
(Inglaterra, 2014) de Ava DuVernay
Drama. A histórica marcha que o pastor Martin Luther King fez em prol dos direitos eleitorais entre as cidades de Selma a Montgomery.
 

UM SANTO VIZINHO
(St. Vincent, EUA, 2014) de Theodore Melfi
Comédia. A inusitada amizade entre um garoto de 12 anos e o seu vizinho veterano de guerra nada convencional.
 

O ANO MAIS VIOLENTO
(A most Violent Year, EUA, 2014) de J. C. Chandor
Drama. Imigrante tenta sobreviver na Nova Iorque de 1981, considerado o ano mais violento que a cidade já teve na sua estória.
 

SNIPER AMERICANO
(American Sniper, EUA, 2014) de Clint Eastwood
Ação. Biografia de um atirador de elite responsável por mais de 150 mortes.
 

MAPA PARA AS ESTRELAS
(Maps to the Stars, EUA/França/Canadá, 2014) de David Cronenberg
Drama. A rotina de duas famílias ricas de Los Angeles são a testemunha da loucura que é Hollywood.
 

PARA SEMPRE ALICE
(Still Alice, EUA, 2014) de Richard Glatzer e Wash Westmoreland
Drama. Professora bem-sucedida tem a vida virada pelo avesso ao ser diagnosticada com o mal de Alzheimer.

Lançamentos em DVD/Blu-Ray

LUCY
(França, 2014) de Luc Besson
Ação. Jovem aceita ser mula mas as drogas são absorvidas em seu corpo gerando inesperados poderes.

Oscar 2015

Mal o ano começou e a Academia de Hollywood divulga os indicados do Oscar 2015; e surpresas a parte, os membros da Academia deram crédito a filmes que foram lançados há quase um ano atrás como Boyhood e a surpreendente ascensão de O Grande Hotel Budapeste. No entanto mostraram bastante conservadores (grande novidade!) ao não indicar o ótimo A Garota Exemplar de David Fincher em várias categorias; esnobaram a incrível montagem de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido; e esqueceram a atuação assombrosa de Jake Gyllenhaal. Enquanto isso, o novo filme de Clint Eastwood, Sniper Americano triunfa, e uma pergunta que não quer calar: foi necessária a 19º indicação de Meryl Streep?

BIRDMAN OU A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA
De longe a obra mais criativa (o título diz tudo) da lista e uma inesperada surpresa do cineasta mexicano que troca o realismo pelo delírio. Filmado em um único plano-sequência e com ótimas atuações de um elenco sob suspeita (Michael Keaton e Emma Stone), tinha grandes chances de fazer bonito na entrega do Oscar, mas como não ganhou o Globo de Ouro de melhor filme e não foi indicado ao Oscar de melhor montagem, podem pesar contra a sua vitória. Com 09 indicações, tem chance nas categorias de melhor ator e roteiro original.

BOYHOOD: DA INFÂNCIA À JUVENTUDE
O grande favorito ao prêmio máximo, o audacioso projeto de Richard Linklater que foi filmado em 12 anos é uma linda concha de retalhos sobre memórias e relações humanas, e desde que ganhou o Urso de Prata de melhor direção no Festival de Berlim 2014 vem colecionando, com justiça, elogios e prêmios. Com 06 indicações, deve ganhar de melhor filme, direção, atriz coadjuvante, montagem e roteiro original.

O GRANDE HOTEL BUDAPESTE
Um filme que é a cara do seu diretor, Wes Anderson, e que por isso mesmo conseguiu criar um universo tão particular numa bela fábula sobre a amizade. E com um visual arrebatador o filme conseguiu merecidas 09 indicações, e com possibilidade de ganhar o prêmio máximo. Mas o filme tem ótima chance de ganhar o de roteiro original, fotografia, design de produção, figurino e trilha sonora.

O JOGO DA IMITAÇÃO
Ou simplesmente a nova produção da The Weinstein Company (ex-Miramax) para papar Oscar. Mas a biografia de Alan Turing não está gerando esse bafafá todo mesmo saindo vitorioso do Festival de Toronto.Com 08 indicações, deve ganhar de roteiro adaptado.

SELMA
Filme de grande repercussão pelo seu tom politico (as marchas de manifestação presidida por Martin Luther King) mas que a Academia simplesmente só indicou ao premio máximo para não ser chamada de careta, mas não conseguiu...continua conservadora. Uma pena. Com 02 indicações, tem chance de ganhar na categoria de melhor canção.

SNIPER AMERICANO
A grande surpresa que representa o cinema pipoca diante de tantas biografias ou trabalhos mais pessoais. E ainda por cima o novo trabalho de Clint Eastwood está bombando na bilheteria o que pode gerar surpresas na cerimonia. Com 06 indicações, tem chances em categorias técnicas ligada ao som como edição de som e mixagem de som.

A TEORIA DE TUDO
Outra biografia inglesa (ao lado de O Jogo da Imitação) bem convencional e cara de Oscar que concorre ao prêmio máximo. Sem coragem de adentrar aos fatos ocorridos entre o casal Stephen Hawking e Jane, e as descobertas do renomado físico podem afugentar quem espera algum realismo. Com 05 indicações, pode ganhar de melhor ator, roteiro adaptado e trilha sonora.

WHIPLASH - EM BUSCA DA PERFEIÇÃO
Filme sensação do Festival de Sundance 2014, a produção passou no teste do tempo e foi acolhendo ótimas críticas especialmente do seu elenco, em destaque para a poderoso atuação de J. K. Simmons como um professor carrasco. Com 05 indicações, é o favorito para ganhar o de melhor ator coadjuvante e tem chance de levar o de melhor mixagem de som.

Loucas pra Casar

(Brasil, 2014)
Direção: Roberto Santucci
Elenco: Ingrid Guimarães, Suzana Pires, Tatá Werneck, Márcio Garcia

Por um certo momento, Loucas pra Casar é uma obra interessante sobre a pressão que as mulheres sofrem para casar, constituir um família; um tema tão antigo e magnificamente explorado pela literatura da mestre Jane Austen em meados do século 19 (mostrando que a sociedade não evoluiu tanto assim nesse contexto). Infelizmente, o seu lamentável final a lá novela da Globo (forçado e sem sentido) estraga tudo ao invés de explorar o drama pessoal de Malu, uma profissional de sucesso mas com um coração traumatizado por relações amorosas fracassadas. Uma pena, afinal o elenco está bom especialmente Ingrid Guimarães que dá um show no papel principal, uma mulher que perde o controle de sua vida enquanto o "príncipe" não faz o pedido. Detalhe irritante do filme: a música "Happy" de Pharrell Williams que não para de tocar no decorrer da sua projeção. Ninguém merece. Em um ano em que o cinema nacional conseguiu fazer bonito com o Hoje Quero Voltar Sozinho, de repente lançam uma obra rasa e puramente comercial. Lamentável.

Tatuagem

(Brasil, 2013)
Direção: Hilton Lacerda
Elenco: Irandhir Santos, Rodrigo Garcia, Jesuíta Barbosa, Sylvia Prado

Sucesso do cinema de Pernambuco que retrata uma trupe de artistas anárquicos que conseguiram exibir espetáculos subversivos em Recife no auge da ditadura militar. Com um tema tão atual, liberdade de expressão, o diretor Hilton Lacerda faz apenas uma obra convencional caindo em armadilhas típicas como a presença do professor comunista e anti-burguês, o quartel e a família convencional representando a opressão e os artistas a liberdade utópica. Tudo redondinho. E a montagem é sofrida (as mudanças de cenas é típica das novelas da Globo) mas que não estraga tudo. Porém, o design de produção é muito bom e o elenco arrebenta. Irandhir Santos e Rodrigo Garcia estão sensacionais e o Jesuíta Barbosa tá a cara do Jake Gyllenhaal. Gostei também da trilha sonora e das músicas apresentadas no filme mas no fim esperava bem mais.

Azul é a Cor Mais Quente

(La Vie d´Adèle, França, 2013)

Direção: Abdellatif Kechiche

Elenco: Adèle Exarchopoulos, Léa Seydoux, Jeremie Laheurte, Catherene Salée.

Adèle é uma garota bonita, atraente, busca independência, mas em conta da idade (17/18 anos) é um poço de insegurança. Quer ser professora mais por temer o desemprego. E na vida amorosa tem consciência que é lésbica (o que ela reprime), e essa afirmativa se concretiza quando conhece Emma uma estudante de Belas Artes. E a paixão entre as duas é fulminante, se entregando tanto no sexo quanto na cumplicidade. Mas nem tudo são flores.

O diretor Kechiche (Vênus Negra) faz um filmaço relatando a jornada da primeira grande relação amorosa de uma pessoa (indiferente de sua orientação sexual) por isso acho super válido o uso de cenas de sexo quase explícito ao exibir que a personagem realmente sente amor, prazer de verdade com a outra. E a incrível montagem é um capítulo à parte, nem dá para notar as três horas de duração. Gostei também da trilha sonora, bem sutil. Mas o filme não seria o mesmo sem a incrível atuação da dupla Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, que expõe na tela uma química sensacional, em que a segura, decidida e vivida Emma é o elemento que falta no caos interior de Adèle. E que atuação da atriz-chara! É de cortar o coração ver Adèle agradar a amada e também testemunhar os seus erros típicos de sua idade. Nesse sentido o filme expõe todo o processo de amadurecimento de uma pessoa através do típico romance entre a jovem inexperiente e a adulta já vivida. E focando nesse momento, o diretor revela com tintas realistas todas as fases de uma relação amorosa, e também expõe que a juventude atual não é tão liberal como se pensa. Um ótimo filme para discutir sobre sexualidade e super merecido a sua vitória no Festival de Cannes 2013.