Destaques nos cinemas

PROJETO FLORIDA
(The Florida Project, EUA, 2017) de Sean Baker
Drama. Garota vive as dificuldades da vida mesmo sendo quase vizinha da Disneylândia.

EM PEDAÇOS
(Aus Dem Nichts, Alemanha/França, 2017) de Fatin Akin
Drama. Mulher busca justiça após perder a família em um atentado terrorista.

ZAMA
(Argentina/Brasil/Espanha, 2017) de Lucrecia Martel
Drama. No século 17, um oficial espanhol caça um perigoso bandido que se encontra na América Espanhola.

Lançamentos em DVD/Blu-Ray

THELMA
(Dinamarca/Suécia/Noruega/França, 2017) de Joachim Trier
Drama. Após se mudar para a capital da Noruega, universitária tem as suas primeiras experiências de vida adulta, e incluindo no pacote estranho poderes.

Tela Super8: Twin Peaks - Terceira Temporada

Me desculpe cinema mas o grande momento de 2017 vem da TV, especialmente o episódio 8 da terceira temporada de Twin Peaks, um primor sonoro e visual, uma demonstração da inquietação artística de um grande mestre, David Lynch. E neste episódio ainda tem uma baita apresentação de The Nine Inch Nails, tocando a pesada "She´s Gone Away". 

A Forma da Água

(The Shape of Water, EUA, 2017)
Direção: Guillermo del Toro
Elenco: Sally Hawkes, Doug Jones, Octavia Spencer, Richard Jenkins.

Após realizar um filme pipoca de ação (Circulo do Fogo) e um conto gótico (A Colina Escarlate), o criativo Guillermo del Toro retorna ao universo fantástico que o consagrou com O Labirinto do Fauno transformando A Forma da Água em sua obra-prima. Se o filme de 2006 é uma fábula sobre o amadurecimento e autoritarismo com forte teor politico; em sua última obra o tema autoritarismo continua em voga mas o foco é mais humano em que as vitimas são as minorias (um monstro, uma mulher muda, uma negra e um gay). Contudo, o diretor vai além e transforma A Forma da Água em uma deliciosa mistura entre drama, fantasia, romance - e quem diria, musical - em que canções clássicas da era de ouro de Hollywood, incluindo Carmem Miranda, dão um charme saboroso ao filme. E mesmo com uma produção impecável, o filme apresenta um elenco fabuloso com destaque absoluto a tocante atuação da inglesa Sally Hawkins que brilha como a faxineira muda de temperamento forte e acolhedor. Só del Toro mesmo para transformar a estranha ligação entre um monstro amazônico e uma mulher deficiente auditiva em um clássico do cinema fantástico...e do drama romântico por quê não?

Me Chame Pelo Seu Nome

(Call me by your Name, Brasil/EUA/Itália/França, 2017)
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Timothée Chamalet, Armie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar

Em algum lugar da Itália em 1983, um professor de arqueologia hospeda em sua casa o estudante americano Oliver, estudante da citada área. Em virtude de sua inteligência, beleza e espontaneidade, Oliver conquista a todos, em particular o inexperiente Elio, filho do docente.

Amor, artes, a natureza bucólica do interior da Itália, tudo soa tão particular neste belo trabalho da dupla Luca Guadagnino (diretor) e James Ivory (roteirista), que dá pra ver vestígios do grande diretor que James Ivory foi como Maurice e Uma Janela para o Amor, e também o bonito filme Um Sonhor de Amor durante a sua projeção em um trabalho sensível mesmo focando em tema batido: o primeiro amor. E fugindo dos velhos clichês do gênero, o filme ainda conta com a química perfeita de Timothée Chamalet (uma revelação) e Armie Hammer. A produção ainda ganha pontos com a bonita fotografia solar de Sayombhu Mukdeepron e a eficiente edição de Walter Fasano que reforça ainda mais a sensibilidade do filme que não somente retratada o primeiro amor mas o amadurecimento de um jovem ao lidar com as cicatrizes que ela provoca.

The Post - A Guerra Secreta

(EUA, 2017)
Direção: Steven Spielberg
Elenco: Mery Streep, Tom Hanks, Matthew Rhys, Bob Odenkirk

Na conjuntura atual em que o presidente americano Donald Trump ataca sem dó a imprensa, o grande Steven Spielberg cutuca o empreendedor almofadinha ao retratar a luta - no inicio da década de 70 - do então jornal mediano The Washington Post para expor uma verdade inconveniente: a manipulação de  uma geração de presidentes americanos sobre a Guerra do Vietnã e sua inútil finalidade: causar uma boa imagem no auge da Guerra Fria.

Diante de um ótimo material, o mestre da fantasia infelizmente demonstrou uma mão fria na condução da estória ao dividir o enredo com a luta da proprietária contra a misoginia ao comandar (que parece sobre medida para Meryl Streep brilhar), Spielberg realiza uma obra que mesmo com um ritmo rápido, ágil, falta envolvimento e empatia sobre os personagens - algo que Spotlight - Segredos Revelados fazia com competência. E isso se deve a opção, ate louvável do diretor, de fazer um trabalho menos grandiloquente e mais contido, mas não foi dessa vez que o diretor acertou em cheio.