sábado, outubro 25, 2025

Festival de Toronto 2025



Mal terminou o Festival de Veneza, Toronto inicia a todo vapor com exibições esperadas dos principais festivais do ano somado a uma boa seleção de estreias. Assim, filmes fortes de Cannes como Valor Sentimental, O Agente Secreto e Um Simples Acidente; e da temporada recente de Veneza como Sem Outra ChanceThe Voice of Hind Rajab chamaram a atenção do público. Mas o festival canadense teve suas estreias bem recebidas a começar pelo novo filme da chinesa Chloé Zhao, um denso drama sobre a origem de Hamlet no arrebatador Hamnet que acabou levando o principal prêmio do festival (e um nome forte para a temporada de premiações). Outros destaques do festival foram: Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out de Rian Johnson no terceiro capitulo de Entre Facas e Segredos; O Testamento de Ann Lee de Mona Festvold, um musical estravagante sobre uma mulher que pensa que é o messias no século 18; Roofman de Derek Cianfrancce que conta a estória de um assaltante que se apaixona por uma vendedora.


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A lista dos vencedores do Festival de Toronto 2025:

Prêmio da Audiência: Hamnet (EUA/Inglaterra) de Chloé Zhao (1º lugar); Frankenstein (EUA) de Guillermo Del Toro (2º lugar); Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out (EUA) de Rian Johnson (3º lugar)

Prêmio da Audiência - Filme Internacional: Sem Outra Chance (Coréia do Sul) de Park Chan-wook (1º lugar); Valor Sentimental (Noruega) de Joaquim Trier (2º lugar); Homebound (Índia) de Neeraj Ghaywan (3º lugar)

Documentário: The Road Between Us: The Ultimate Rescue (Canadá) de Barry Avrich

Seleção Midnight: Nirvanna the Band the Show the Movie (Canadá) de Matt Johnson

segunda-feira, outubro 20, 2025

Destaques nos Cinemas

CORAÇÃO DE LUTADOR
(The Smashing Machine, EUA, 2025) de Bennie Safdie
Drama. A biografia de um dos maiores esportistas de MMA que enfrentou altos e baixos na sua vida pessoal.




O BOM BANDIDO

(Roofman, EUA, 2025) de Derek Cianfrance
Comédia. Veterano de guerra se torna um assaltante especialista em realizar grandes fugas.







FRANKESTEIN
(EUA, 2025) de Guillermo del Toro
Terror. Cientista decide criar vida com cadáver o que resultara em tragédias a sua volta.

quarta-feira, outubro 15, 2025

Lançamentos nos Streamings

AMORES BRUTOS

(Amores Perros, México, 1999) de Alejandro Gonzalez Inarritu
Mubi
Drama. Numa Cidade do México turbulenta, um acidente de carro altera a vida de três habitantes.



ANIVERSÁRIO MACABRO
(The Last House on the Left, EUA, 1972) de Wes Craven
Mubi
Terror. No aniversario de sua filha, pais realizam vingança contra criminosos que a violentaram.



OS BONS COMPANHEIROS
(The Goodfellas, EUA, 1990) de Martin Scorsese
Netflix
Drama. A vida de um mafioso desde do inicio de sua trajetória no crime ate se tronar um protegido do governo por deletar os colegas.



CASA DE DINAMITE
(A House of Dynamite, EUA, 2025) de Kathryn Bigelow
Netflix
Suspense. Após serem atacados, governo dos EUA corre contra o tempo para descobrir o culpado e tomar ações de defesa.






EM CHAMAS
(Buh-ning, Coreia do Sul, 2018) de Lee Chang-Dong
Amazon Prime
Suspense. Jovem reencontra uma antiga amiga e esta pede para cuidar de seu gato enquanto passa um tempo fora de casa.



HALLOWEEN
(EUA, 1978) de John Carpenter
Netflix
Terror. No dia das bruxas uma jovem é atormentada por uma figura assassina e implacável.


LOUCA OBSESSÃO

(Misery, EUA, 1990) de Rob Reiner
Mubi
Suspense. Escritor é salvo por uma enfermeira sem imaginar que a sua vida esta em risco.




NOSFERATU, O VAMPIRO

(Alemanha, 1922) de F. W. Murnau
Mubi
Terror. Agente imobiliário visita um conde se suspeitar que este é um vampiro com sede de sangue.

sexta-feira, outubro 10, 2025

Os Imperdoáveis

(Unforgiven, EUA, 1992)
Direção: Clint Eastwood
Elenco: Clint Eastwood, Gene Hackman, Morgan Freeman, Richard Harris.

No centro-oeste dos Estados Unidos no fim do século XIX, um jovem desconfigura uma prostituta por puro ego. Como resposta, as outras prostitutas exige a morte do homem ao xerife. Subitamente, o xerife Little Bill não atende o pedido das prostitutas ocasionando estas em pagar um pistoleiro para encomendar a morte do violentador. E essa informação chega aos ouvidos de William, um famoso ex-pistoleiro que vê nessa missão uma chance de melhorar a vida de sua família.
Em 1992 simbolizou um novo capítulo na carreira de cineasta do ator Clint Eastwood, um mito calcado pelo western espaguete e no policial. Em Os Imperdoáveis o diretor usa a seu favor toda a mitologia do velho oeste e funde o melhor do faroeste americano com a visão subversiva dos clássicos de Sérgio Leoni. O ótimo roteiro de David Webb Peoples chama atenção ao dar voz para prostitutas em busca de justiça e uma ex-pistoleiro que deseja esquecer o passado violento. Se na época do lançamento a luta de poder do xerife em sua cidade apresenta uma imprevisibilidade entre o que é o mocinho e o bandido; hoje fica mais claro como autoritarismo, a misoginia são retratados com uma atualidade impressionante. E o filme apresenta uma ironia ao abordar o comportamento bélico do americano pois mesmo em uma cidade que proíbe armas, a violência é uma constante. Outro destaque do filme é a linda fotografia de Jack N. Green que registra belas imagens da natureza e do pôr do sol. A montagem de Joel Cox também é outro ponto positivo pois mesmo com ritmo mais pausado consegue atrair a atenção do público. Com um olhar melancólico, Os Imperdoáveis é um belo faroeste sobre o surgimento de uma nação em que o heroísmo é uma ilusão perante a brutalidade do Estado perante as melhorias. 1879, 2025. O tempo passa mais o sistema fica.

domingo, outubro 05, 2025

O Último Azul

(Brasil, 2025)
Direção: Gabriel Mascaro
Elenco: Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás, Adanilo Reis.

No futuro próximo, o governo brasileiro cria uma lei em que as pessoas que atingiram 75 anos de idade serão obrigadas a viver em uma colônia como presente pelos esforços ao país. No entanto, quando essa realidade bate na porta da senhora Teresa, uma funcionária de um frigorífico, está não aceita o destino estatal. Acaba fugindo para a floresta com o intuito de realizar um grande sonho: voar. E embarca numa aventura mágica imprevisível.

Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim 2025, O Último Azul do pernambucano Gabriel Mascaro dá continuidade ao futuro próximo do Brasil em que o cenário autoritário e a opressor é uma constante. Se em seu filme anterior, Divino Amor, reforça a mão pesada da religião no dia a dia; em O Último Azul explora o desejo de liberdade em um mundo que perdeu dignidade ao mais velhos. Um road-movie em que a estrada é substituída por rios. Em uma Amazônia dos sonhos, lindamente fotografado por Guillermo Garza, reforça a vontade de realizar antigas aspirações; como também um cenário de novas descobertas particulares. A mata selvagem também alimenta as realizações mais pessoais. E isso é bem explorado por uma atuação matadora de Denise Weinberg, que dá vida a uma personagem com uma garra impressionante. Tereza é uma mulher que cumpriu sua missão sobre os olhos do Estado. Mas no seu âmbito, a vontade de sentir coisas novas É inebriante. Assim, a direção de Mascaro chama atenção pelo seu carinho com a personagem, e também com poder de transformar a mítica floresta em um espaço aberto as áreas as realizações particulares. E mesmo com uma visão futura pessimista, o filme reforça um olhar a esperançoso. Isso fica latente com a linda trilha sonora de Memo Guerra que sai do marasmo e foca em um som orgânico, e ao mesmo tempo curioso, reflexo das inquietações da protagonista - e até brinca com Stranger Things. O Último Azul é um delírio de uma senhora que lutou pela sua sobrevivência por toda sua existência - mas que na finitude da vida ainda existe uma esperança de realizar antigas aspirações. Um belo filme sobre como o fim da vida é o oposto da visão da brevidade dos tempos. Sempre existe uma fé, um desejo de viver cada vez mais. E isso existirá até o nosso último azul (céu morte) chegar.

quarta-feira, outubro 01, 2025

A Pior Pessoa do Mundo

(Verdens Verste Menneske, Noruega, 2021)
Direção: Joachim Trier
Elenco: Renata Reinsve, Anders Danielsen Lie, Herbert Nordrum, Has Olav Brenner.

Julie é uma jovem extremamente inteligente e carismática mas que não sabe carreira a seguir. Medicina, psicologia, fotografia. A definição também reflete em seu lado afetivo em que a garota pula de relacionamento em relacionamento até conhecer um homem mais velho e consagrado no mundo das artes. 
Na primeira meia hora do filme A Pior Pessoa do Mundo, o enredo indica abordar um retrato da geração atual em que parece perdida no mundo em que tudo virou digital. Mas no decorrer da narrativa - para minha grata surpresa - a obra de Joachim Trier é uma linda crônica sobre a condição humana. Carreira, identidade, maternidade e morte são mote em que a protagonista encontra em seu destino. Mesmo desorientada e levada totalmente ao impulso, Julie é retratada com uma sensibilidade tocante em que o seu lado imperfeito - e totalmente compreensivo - a deixa extremamente humana. E a atuação impar de Renata Reinsve é um caso à parte em que a atriz usa um jeito travesso ao dar vida a uma garota ávida pela vida. Dividido em capítulos, o filme soa quase como uma mistura maluca do ritmo ágil (e pop) dos filmes de Guy Ritchie com as crônicas saudosas de Woody Allen. A Pior Pessoa do Mundo é um lindo drama, romance e comédia que aborda uma mulher querendo se entender e compreender um mundo tão intenso, variável, dinâmico, de tantas possibilidades. A obra de Trier é uma ode a vida em que o público sai de coração leve...como a última música do filme, Aguas de Março de Tom Jobim (aqui na versão de Arthur Garfunkel)