sexta-feira, novembro 02, 2012

A Pele que Habito

La Piel que Habito, Espanha, 2011
Direção: Pedro Almodovar
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet.

Antigo projeto de Almodovar, A Pele que Habito é um tenso conto de horror sobre a manipulação do corpo (e porque não da personalidade) mas carregado em muitas tintas típicas do cineasta espanhol: personagens passionais, reviravoltas no enredo, MPB na trilha sonora e muito sexo. No entanto, expõe uma crítica a ética da medicina ao exibir - uma novidade almodoviana - um homem dando uma de Deus para alimentar a sua ambição (ou loucura) como um Dr. Frankstein de Mary Shelley. Não quero entrar em maiores detalhes sobre o enredo para não estragar surpresas, mas o filme surpreende pelo domínio de cena do diretor ao fazer uma obra em que o visual é meticulosamente estudado: a estória se passa na mansão do médico cheio de aparato tecnológico; como também o protagonista desenha e modela o corpo da "paciente", transformando-a em uma aula de anatomia humana. Mas o DNA do diretor está lá, mesmo que as vezes o filme se torne um pouco frio (visualmente): dominio, submissão, brincadeiras freudianas (algo explorado nos seus clássicos O Matador, A Lei do Desejo e Má Educação). Ou seja, Almodovar não muda o estilo, mas é bem-vindo ele brincar com a sua linguagem, mostrando um artista com total dominio de sua arte.

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