(Brasil, 1955)
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Elenco: Modesto de Souza, Roberto Bataglin, Jece Valadão, Glauce Rocha.
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Elenco: Modesto de Souza, Roberto Bataglin, Jece Valadão, Glauce Rocha.
Em um dia no Rio de Janeiro de 40 graus de temperatura vários personagens de realidades distintas se cruzam: a população esquecida do Morro do Cabuçu; o casal no impasse após a gravidez da jovem solteira; um jogador de futebol apavorado em sua estréia em uma Maracanã lotado; a visita de um suplente do Governo Federal na antiga capital; e a vida fútil da burguesia na praia.
Em seu primeiro filme, o mestre brasileiro Nelson Pereira dos Santos faz uma obra muito ousada. A sua mira foi no neo-realismo italiano mas ele atingiu um estilo que consagraria anos mais tarde monstros do cinema como o clássico absoluto A Doce Vida de Fellini ao realizar um raio-x da sociedade carioca em que a câmera (ao invés de um personagem à la Mastroianni) se transforma num personagem em que se choca com várias pessoas e realidades. Mas o filme recorda demais a visão microscópica da sociedade estadunidense do mestre Robert Altman. Guerra (MASH), casamento (Cenas de um Casamento), Los Angeles (Short Cuts) nada passava despercebido na visão crítica e corrosiva dos arroubos da sociedade dos EUA. Santos mostrou maturidade e audácia ao focar na banalidade da miséria a alienação do proletariado. O ponto fraco são as atuações em que ficou evidente a falta de profissionalismo de alguns integrantes do elenco. No entanto, isso não tira o brilho do filme que mesmo mostrando um Rio quase bucólico mas que não disfarçava o enorme contraste social que expõe favelas paupérrimas e burgueses na orgia. Uma cidade que ainda hoje não conseguiu reverter a situação... Na verdade piorou com a chocante violência entre o confronto desses dois universos tão distintos. Um cenário que o nosso cinema tanto explorou em filmes recentes como Cidade de Deus a Tropa de Elite.
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