segunda-feira, setembro 01, 2025

Twin Peaks - Os Últimos Dias de Laura Palmer

(Twin Peaks: Fire Walk With Me, EUA, 1992)
Direção: David Lynch
Elenco: Sheryl Lee, Ray Wise, Kyle MacLachlan, Chris Isaac.

Em uma cidadezinha bucólica dos Estados Unidos, o FBI inicia uma investigação da morte de uma garota mas o caso parece não ser fácil. E abruptamente, o enredo pula um ano depois e registra a vida de uma bela adolescente, Laura Palmer, e como a sua vida parece ter conexão com a garota assassinada.
No auge da carreira após a consagração em Cannes por Coração Selvagem (1990), e principalmente na televisão por Twin Peaks, o mestre David Lynch volta ao programa que revolucionou a televisão dos EUA. E o diretor mostra sua fascinação por esse universo, e como ainda dá para extrair novas camadas nesse ambiente mítico. Se na série o foco são os personagens ambíguos e misteriosos que tem a sua rotina abalada pela morte de Laura Palmer. No filme o foco cai - obviamente como diz o título -  nos últimos dias da protagonista. E se na TV, Lynch tempera tudo com um humor particular; no cinema, ele pesa a mão ao impor um enigmático melodrama sobre uma jovem que está em um constante ataque de nervos. Por isso que o filme dividiu a opinião no seu lançamento. E confesso que para gostar do filme, o público tem que estar familiarizado com a série afinal Lynch mostrou uma outra faceta escondida do enredo. Aqui, Laura Palmer é uma garota perdida, deprimida, instável por sofrer abuso sexual de seu pai. Assim, o filme de 1992 não é uma obra de fácil digestão pois toca em assuntos delicados e cheio de gatinhos emocionais. Laura é o retrato de um lugar bucólico e seus segredos mais nefastos. E o horror psicológico é o retrato de uma garota pedindo por socorro mas a sua imaturidade (e a omissão das pessoas e sua volta) se transforma em combustão para uma tragédia enunciada. Assistir Os Últimos Dias de Laura Palmer não é uma tarefa fácil, é um mergulho de uma  garota querendo fugir de um inferno em contraste ao universo sedutor recheado de café preto e torta de cereja. E isso é Lynchiano na veia. Um filme que após a morte do mestre do surrealismo precisa ser redescoberto.

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