sábado, outubro 05, 2024

Motel Destino

(Brasil/Alemanha, 2024)
Direção: Karim Aïnouz
Elenco: Iago Xavier, Nataly Rocha, Fábio Assunção, Yuri Yamamoto.

Heraldo é um jovem que trabalha para uma quadrilha de criminosos mas que decide dar um basta nessa vida. No entanto para sair com dignidade ele precisa fazer o último serviço. e nisto ele falha miseravelmente e acaba se escondendo em um motel de beira de estrada na qual acaba se envolvendo com um casal de proprietários.
Os filmes de Karim Aïnouz sempre apresentam algo em comum: a voz do excluído, marginalizado. Desde o homossexual negro em Madame Satã, a mulher em A Vida Invisível, o expatriarca em A Praia do Futuro. No entanto o seu último filme, Motel Destino, reflete um pouco com o sensível O Céu de Sueli. Ambos lidam com pessoas pobres que sonham com a vida melhor saindo do interior do Ceará - mas o filme de 2006 retrata uma nordestina com sensibilidade; já o seu último filme envereda ao filme noir. A sua visão particular a um subgênero tão famoso é um diferencial mas também o seu maior problema. O ponto alto do filme é a boa ideia de inundar a tela com cores fortes e vibrantes causando uma atmosfera de sonho (ou pesadelo) em uma boa parceria do diretor com a fotografia de Helène Louvart. Mas o roteiro peca demais ao explorar de forma esquematizada a estrutura de um filme noir. Pensei que a obra surpreenderia diante de tantas possibilidades mas a história foi para o óbvio. E taxado como thriller erótico achei o filme até comportado em relação às outras obras no diretor que ousam mais, especialmente o meu preferido dele Madame Satã. Motel Destino me fez lembrar do Almodóvar pelas cores quentes e o calor dos corpos na tela, mas a turbulência narrativa do mestre espanhol foi substituída por um triângulo amoroso anacrônico e monótona. Uma pena.

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