domingo, outubro 05, 2025

O Último Azul

(Brasil, 2025)
Direção: Gabriel Mascaro
Elenco: Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás, Adanilo Reis.

No futuro próximo, o governo brasileiro cria uma lei em que as pessoas que atingiram 75 anos de idade serão obrigadas a viver em uma colônia como presente pelos esforços ao país. No entanto, quando essa realidade bate na porta da senhora Teresa, uma funcionária de um frigorífico, está não aceita o destino estatal. Acaba fugindo para a floresta com o intuito de realizar um grande sonho: voar. E embarca numa aventura mágica imprevisível.

Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim 2025, O Último Azul do pernambucano Gabriel Mascaro dá continuidade ao futuro próximo do Brasil em que o cenário autoritário e a opressor é uma constante. Se em seu filme anterior, Divino Amor, reforça a mão pesada da religião no dia a dia; em O Último Azul explora o desejo de liberdade em um mundo que perdeu dignidade ao mais velhos. Um road-movie em que a estrada é substituída por rios. Em uma Amazônia dos sonhos, lindamente fotografado por Guillermo Garza, reforça a vontade de realizar antigas aspirações; como também um cenário de novas descobertas particulares. A mata selvagem também alimenta as realizações mais pessoais. E isso é bem explorado por uma atuação matadora de Denise Weinberg, que dá vida a uma personagem com uma garra impressionante. Tereza é uma mulher que cumpriu sua missão sobre os olhos do Estado. Mas no seu âmbito, a vontade de sentir coisas novas É inebriante. Assim, a direção de Mascaro chama atenção pelo seu carinho com a personagem, e também com poder de transformar a mítica floresta em um espaço aberto as áreas as realizações particulares. E mesmo com uma visão futura pessimista, o filme reforça um olhar a esperançoso. Isso fica latente com a linda trilha sonora de Memo Guerra que sai do marasmo e foca em um som orgânico, e ao mesmo tempo curioso, reflexo das inquietações da protagonista - e até brinca com Stranger Things. O Último Azul é um delírio de uma senhora que lutou pela sua sobrevivência por toda sua existência - mas que na finitude da vida ainda existe uma esperança de realizar antigas aspirações. Um belo filme sobre como o fim da vida é o oposto da visão da brevidade dos tempos. Sempre existe uma fé, um desejo de viver cada vez mais. E isso existirá até o nosso último azul (céu morte) chegar.

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