sexta-feira, maio 10, 2024

Guerra Civil

(Civil War, EUA/Inglaterra, 2024)
Direção: Alex Garland
Elenco: Kirsten Dunst, Wagner Moura, Cailee Spaeny, Stephen McKinley Henderson.

O presidente dos EUA passa por cima da Constituição e realiza um golpe de estado com a sua terceira reeleição gerando caos e rachando o país. Diante dessa realidade caótica, um grupo de quatro jornalistas de personalidades distintas percorrem de Nova Iorque até Washington e testemunham um país cada vez mais afundado num cenário apocalíptico.
Após o fracasso de Men, o diretor Alex Garland (Ex-Machine) capta a bipolaridade política dos EUA atual (na verdade um cenário mundial) e tenta a volta por cima numa espécie de versão atual e moderno do clássico Apocalipse Now do Francis Ford Coppola. E o diretor foi feliz nesta nova "adaptação" ao inserir uma guerra agora sob o ponto de vista dos jornalistas. E o diretor demonstrou competência a realizar um filme que é pura tensão. Muitos reclamam da falta de clareza sobre os pontos da estória mas eu acho que isso fortalece o seu argumento pois a narrativa defende a neutralidade da imprensa. Como diria um dos personagens: o nosso papel é registrar; a opinião pública é quem vai estabelecer o certo e o errado. Mas é inevitável não associar o seu argumento com a invasão no Capitólio em 2021. Dessa forma, Garland faz uma obra direta e sem maniqueísmo em que o ponto alto é o ótimo som e a sensacional trilha sonora de Ben Salisbury e Geoff Barrow que cria tensão e imprevisibilidade.
Sobre o elenco, confesso que não gostei do papel do Wagner Moura - achei uma personalidade meio forçada e que não gera força na narrativa do filme. Em compensação Cailee Spaeny está ótima como a fotógrafa que amadurece ao testemunhar o show de horrores da guerra. Mas quem rouba a cena é Jesse Plemons na cena mais tensa do filme.
Guerra Civil é um retrato de um mundo que cada vez mais envereda para a diminuição da democracia, e sucumbe para soluções sem sentido da autocracia. Uma realidade tão pertinente aos países pobres que ganha força nos países mais poderosos. Um retrato real de que hoje nem os países civilizados podem não escapar das amarras da autocracia. Guerra Civil é um contundente grito de alerta.

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