quinta-feira, junho 20, 2024

Destaques nos Cinemas

ASSASSINO POR ACASO
(Hit Man, EUA, 2023) de Richard Linklater
Comédia. Policial que também é matador profissional se mete em enrascada ao se apaixonar por uma mulher.



TIPOS DE GENTILEZA

(Kinds of Kindness, EUA/Inglaterra, 2024) de Yorgos Lanthimos
Comédia. Uma coletânea de três estórias diferentes mas que abordam a ambiguidade humana.



DIVERTIDA MENTE 2

(Inside Out, EUA, 2024) de Kelsey Mann
Animação. Ao entrar na adolescência, a consciência de Riley ganha novos desafios incluindo a chegada do sentimento ansiedade.





HOMEMARANHA: ALÉM DO ARANHAVERSO
(Spider-Man: Beyond the Spider-Verse, EUA, 2024) de Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin Thompson
Animação. Miles se encontra em uma outra dimensão em busca de respostas as suas origens.

sábado, junho 15, 2024

Lançamentos nos Streamings

BYE BYE BRASIL

(Brasil, 1979) de Caca Diegues
Mubi
Drama. Uma trupe circense vaga pelo norte e nordeste do Brasil e testemunha a sua arte perder espaço para a televisão.


120 BATIMENTOS POR MINUTO

(120 Battements Par Minute, França, 2017) de Robin Campillo
Mubi
Drama. Nós anos 1980, uma organização luta para conscientizar a sociedade sobre a epidemia de AIDS.


CENTRAL DO BRASIL
(Brasil, 1998) de Walter Salles
Netflix
Drama. Uma senhora amargurada tem a sua vida alterar ao ajudar uma criança a voltar para a sua casa.



CINEMAS, ASPIRINAS E URUBUS
(Brasil, 2005) de Marcelo Gomes
Mubi
Drama. Em plena 2⁰ Guerra Mundial, desenrola uma amizade entre um alemão mercadante e um pernambucano.




FERRARI
(EUA, 2023) de Michael Mann
Amazon Prime
Drama. A biografia do fundador da mítica empresa de automobilística italiana.



PACARRETE
(Brasil, 2019) de Allan Deberton
Netflix
Drama. Uma peculiar professora de balé luta para mostrar sua arte em um evento mas as pessoas não parecem se importar.


A PRIMEIRA PROFECIA
(The First Omen, EUA, 2024) de Arkasha Stevenson
Star+
Terror. Freira se muda para Itália e percebe que coisas estranhas acontecem no convento na qual habita.


QUERELLE
(Alemanha, 1982) de Rainer Werner Fassbinder
Mubi
Drama. No porto, um marinheiro brinca com os desejos das pessoas que cruzam em seu caminho.



RIO 40 GRAUS
(Brasil, 1955) de Nelson Pereira dos Santos
Netflix
Drama. As aventuras de quatro meninos que descem o morro para vender amendoim no Rio de Janeiro.




SAO PAULO S/A
(Brasil, 1965) de Luis Sergio Person
Netflix
Drama. Na expansão econômica de São Paulo um jovem ambicioso vive altos e baixos em sua vida profissional e pessoal.


VIDAS SECAS
(Brasil, 1963) de Nelson Pereira dos Santos
Netflix
Drama. A luta da sobrevivência de uma família perante a uma forte seca no nordeste do Brasil.



O TELEFONE PRETO
(The Black Phone, EUA, 2021) de Scott Derrickson
Amazon Prime
Suspense. Um garoto é sequestrado e sua chance de sobrevivência e através de um telefone encontrado em seu cativeiro.

segunda-feira, junho 10, 2024

Hiroshima, Meu Amor

(Hiroshima, Mon Amour, França/Japãp, 1959)
Direção: Alain Resnais
Elenco: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Bernard Fresson, Stella Dassas.

Elle é uma atriz francesa casada que está em Hiroshima atuando em filme sobre a paz. Lui é um arquiteto japonês casado que sempre viveu em Hiroshima. O encontro dos dois resultam em um intenso relacionamento em que traumas do passado afloram, particularmente as memórias da Segunda Guerra Mundial.
Assistir a Hiroshima, Meu Amor tem um gosto especial para mim. Nas minhas memórias este foi o primeiro "filme de arte" (não gosto dessa definição mas para uma criança acostumada aos enlatados de Hollywood...entendeu o recado) que eu assisti na vida - por volta dos 13 ou 14 anos. E algumas imagens sempre ficaram na minha memória. E hoje revi o filme depois de tanto tempo e compreendo o poder imagético que a obra evoca ao público. A obra-prima de Alain Resnais não é apenas a definição sobre as lembranças mas faz questão que as suas imagens perpetuem em nossas mentes ao misturar ficção e documentário. Cenas de horror de Hiroshima pós bomba nuclear é um tapa na cara. E o fantástico roteiro de Maguerite Duras vai além e mescla a dor particular de Elle. E como poucas vezes, a dor de Elle também é palpável, magnética e extremamente sofrível. É quase um filme de guerra em que o casal não lida com batalhas mas com as suas terríveis sequelas mostrando que na guerra não existe vencedores. A violência passa com o fim dos combates mas as dores são eternas. E fora do convencional, Resnais explora oportunidades criada pelo roteiro para deixar tudo mais sensorial graças a fantástica montagem de Henri Colpi que cria uma incrível dinâmica entre Hiroshima no Japão e Nevers na França. Vale destacar a linda trilha sonora de Georges Delerue que usa uma música sensível e tocante (e que não sai da cabeça) mas sem apelar para o melodrama rasgado. E a grande dama Emmanuelle Riva comanda o filme ao imprimir uma melancolia de uma mulher que passou por cima de muita coisa para dar a volta por cima mas que as recordações sempre estão a espreita. Irônico Elle fazer um filme de paz justamente quando a sua vida não sabe o que é isso. 
Hiroshima, Meu Amor é uma aula de cinema em alto nível em que as imagens dizem tudo. Cenas que ficam na memória de Elle e Lui. E também sempre na memória de quem assiste. Mas não recomendo para pessoas mais sensíveis pois pode se transformar em gatilho emocional.

quarta-feira, junho 05, 2024

Tia Virgínia

(Brasil, 2023)
Direção: Fabio Meira
Elenco: Vera Holtz, Louise Cardoso, Arlete Salles, Daniela Fontan.

Nas vésperas do natal, Virginia uma senhora solteira que cuida do lar dos pais e da mãe deveras doente se prepara para a ceia e a visita das irmãs Vanda e Valquíria. Mas o encontro familiar aflora dores pessoais e cicatrizes de uma família que há muito tempo se desconectou.
Como uma peça de teatro, o enredo de Tia Virginia se passa na casa de Virginia (ou seria na casa dos seus pais?) - um lar parado no tempo o que reflete a personalidade da protagonista - que por ficou pra titia que ganhou a responsabilidade (ou o fardo) de cuidar dos pais na velhice anulando a sua existência.
Com essa personalidade singular, o filme de Fabio Meira é exclusivamente da Vera Holtz que se entrega de corpo e alma a uma mulher que por não ter vivido de verdade se perde no passado e encontra na loucura e instabilidade a forma de expressar suas mágoas. Ao contrário de suas irmãs que se casaram e constituíram famílias. Elas deram um passo para a frente...já a irmã solteirona não saiu do lugar.
Vale destacar a interessante trilha sonora de Cesar Camargo Mariano que se inspira nas datadas trilhas do cinema brasileiro da década de 1980 como um reflexo de uma vida que se estagnou como tempo. Chama a atenção o ótimo desenho de produção que preenche cada canto da casa com coisas antigas mas sem desleixo.
Tia Virginia é um bom drama psicológico sobre ressentimentos familiares e o peso do passado (mas se perde com subtramas que não acrescentam em nada como é o caso que envolve o sobrinha e a empregada). Um terror particular sobre feridas nunca cicatrizadas; mas vale a pena ver a performance de Vera Holtz que imprime com maestria melancolia e inconstância.

sábado, junho 01, 2024

Rivais

(Challengers, EUA, 2024)
Direção: Luca Guagagnino
Elenco: Zendaya, Mike Faist, Josh O´Connor, A. J. Lister.

Em um torneio de tênis ocorre um jogo entre Art e Patrick. E no decorrer da partida acontece flashbacks expondo que os dois jogadores - agora rivais - se conheciam e que foram grandes companheiros no passado. Mas a amizade foi testada com a chegada de uma tenista ambiciosa e um vulcão sexual chamado Tashi.
Nas mãos de um outro cineasta, Rivais seria um filme comum mas o grande diretor italiano Luca Guagagnino faz toda a diferença. Literalmente, ele pegou um limão e fez uma deliciosa caipirinha. Kill Bill do Tarantino não saiu da minha cabeça no final da sessão. Com um bom roteiro de Justin Kuritzkes, o cineasta explora toda a sua versatilidade e usa e abusa da câmera para fazer um show. Se existe um jogo de tênis, a câmera literalmente entre nesse jogo com ótimas tomadas. Geralmente filmes que exploram tênis tendem a chatice com ângulos sem sal; mas o diretor italiano usou vários recursos e efeitos visuais que cada cena é de tirar o fôlego. E se nas quadras ele arrasa, fora do quadrado ele mantém o padrão usando os olhares, gestos corporais pra demonstrar os sentimentos dos personagens. É notável ver que Guagagnino teve como referência no jogo de câmeras o mestre Martin Scorsese (Touro Indomável, A Cor do Dinheiro). E a ótima montagem de Marco Costa nunca deixa a peteca cair com o vai e vem da estória. Outro destaque que ajuda o ritmo incessante é a ótima e eletrizante trilha sonora dos sempre competentes Atticus Ross e Trent Reznor, associada a uma ótima seleção de músicas com destaque para Caetano Veloso. O elenco está ótimo com destaque para Josh O´Connor, que sabe imprimir um humor humano em um personagem que facilmente poderia se tornar um chato; ele está perfeito em um jovem que de bobo não tem nada - um cafajeste sedutor.
Em uma fase incrível em sua carreira em que cada filme somos pegos de surpresa em tramas tão distintas desde de um drama humano em Me Chame pelo seu Nome ao horror antropológico de Até os Ossos, Guagagnino aqui faz uma ótima metáfora do jogo de tênis como um jogo sexual entre os três personagens que sempre tiveram um forte laço e uma chama que parece nunca se apagar. Me desculpe a modéstia mas acho que Rivais seria a versão do Quentin Tarantino do clássico de Truffaut, Jules e Jim - Uma Mulher para Dois. Um dos melhores filmes do ano.