segunda-feira, junho 10, 2024

Hiroshima, Meu Amor

(Hiroshima, Mon Amour, França/Japãp, 1959)
Direção: Alain Resnais
Elenco: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Bernard Fresson, Stella Dassas.

Elle é uma atriz francesa casada que está em Hiroshima atuando em filme sobre a paz. Lui é um arquiteto japonês casado que sempre viveu em Hiroshima. O encontro dos dois resultam em um intenso relacionamento em que traumas do passado afloram, particularmente as memórias da Segunda Guerra Mundial.
Assistir a Hiroshima, Meu Amor tem um gosto especial para mim. Nas minhas memórias este foi o primeiro "filme de arte" (não gosto dessa definição mas para uma criança acostumada aos enlatados de Hollywood...entendeu o recado) que eu assisti na vida - por volta dos 13 ou 14 anos. E algumas imagens sempre ficaram na minha memória. E hoje revi o filme depois de tanto tempo e compreendo o poder imagético que a obra evoca ao público. A obra-prima de Alain Resnais não é apenas a definição sobre as lembranças mas faz questão que as suas imagens perpetuem em nossas mentes ao misturar ficção e documentário. Cenas de horror de Hiroshima pós bomba nuclear é um tapa na cara. E o fantástico roteiro de Maguerite Duras vai além e mescla a dor particular de Elle. E como poucas vezes, a dor de Elle também é palpável, magnética e extremamente sofrível. É quase um filme de guerra em que o casal não lida com batalhas mas com as suas terríveis sequelas mostrando que na guerra não existe vencedores. A violência passa com o fim dos combates mas as dores são eternas. E fora do convencional, Resnais explora oportunidades criada pelo roteiro para deixar tudo mais sensorial graças a fantástica montagem de Henri Colpi que cria uma incrível dinâmica entre Hiroshima no Japão e Nevers na França. Vale destacar a linda trilha sonora de Georges Delerue que usa uma música sensível e tocante (e que não sai da cabeça) mas sem apelar para o melodrama rasgado. E a grande dama Emmanuelle Riva comanda o filme ao imprimir uma melancolia de uma mulher que passou por cima de muita coisa para dar a volta por cima mas que as recordações sempre estão a espreita. Irônico Elle fazer um filme de paz justamente quando a sua vida não sabe o que é isso. 
Hiroshima, Meu Amor é uma aula de cinema em alto nível em que as imagens dizem tudo. Cenas que ficam na memória de Elle e Lui. E também sempre na memória de quem assiste. Mas não recomendo para pessoas mais sensíveis pois pode se transformar em gatilho emocional.

Nenhum comentário: