sábado, junho 01, 2024

Rivais

(Challengers, EUA, 2024)
Direção: Luca Guagagnino
Elenco: Zendaya, Mike Faist, Josh O´Connor, A. J. Lister.

Em um torneio de tênis ocorre um jogo entre Art e Patrick. E no decorrer da partida acontece flashbacks expondo que os dois jogadores - agora rivais - se conheciam e que foram grandes companheiros no passado. Mas a amizade foi testada com a chegada de uma tenista ambiciosa e um vulcão sexual chamado Tashi.
Nas mãos de um outro cineasta, Rivais seria um filme comum mas o grande diretor italiano Luca Guagagnino faz toda a diferença. Literalmente, ele pegou um limão e fez uma deliciosa caipirinha. Kill Bill do Tarantino não saiu da minha cabeça no final da sessão. Com um bom roteiro de Justin Kuritzkes, o cineasta explora toda a sua versatilidade e usa e abusa da câmera para fazer um show. Se existe um jogo de tênis, a câmera literalmente entre nesse jogo com ótimas tomadas. Geralmente filmes que exploram tênis tendem a chatice com ângulos sem sal; mas o diretor italiano usou vários recursos e efeitos visuais que cada cena é de tirar o fôlego. E se nas quadras ele arrasa, fora do quadrado ele mantém o padrão usando os olhares, gestos corporais pra demonstrar os sentimentos dos personagens. É notável ver que Guagagnino teve como referência no jogo de câmeras o mestre Martin Scorsese (Touro Indomável, A Cor do Dinheiro). E a ótima montagem de Marco Costa nunca deixa a peteca cair com o vai e vem da estória. Outro destaque que ajuda o ritmo incessante é a ótima e eletrizante trilha sonora dos sempre competentes Atticus Ross e Trent Reznor, associada a uma ótima seleção de músicas com destaque para Caetano Veloso. O elenco está ótimo com destaque para Josh O´Connor, que sabe imprimir um humor humano em um personagem que facilmente poderia se tornar um chato; ele está perfeito em um jovem que de bobo não tem nada - um cafajeste sedutor.
Em uma fase incrível em sua carreira em que cada filme somos pegos de surpresa em tramas tão distintas desde de um drama humano em Me Chame pelo seu Nome ao horror antropológico de Até os Ossos, Guagagnino aqui faz uma ótima metáfora do jogo de tênis como um jogo sexual entre os três personagens que sempre tiveram um forte laço e uma chama que parece nunca se apagar. Me desculpe a modéstia mas acho que Rivais seria a versão do Quentin Tarantino do clássico de Truffaut, Jules e Jim - Uma Mulher para Dois. Um dos melhores filmes do ano.

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