quarta-feira, março 20, 2019

Festival de Sundance 2019

O mês de janeiro é o pontapé para o primeiro grande festival do ano: Sundance.  Na competição americana os destaques foram The Report de de Scott Z. Burns, comprado pela Amazon, que mostra um funcionário do Senado envolvido com a Guerra do Iraque; Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile de Joe Berlinger biografia de um famoso psicopata; a comédia Late Night de Nisha Ganatra em que uma apresentadora de TV vê a sua carreira em risco com a chegada de uma nova roteirista; The Farewell de Lulu Wang mostra uma família armando uma cena só para agradar a sua matriarca mais antiga. Mas os premiados de 2019 nessa categoria foram: Brittany Runs a Marathon de Paul Downs Colaizzo, vencedor do Prêmio da Audiência, uma comédia na qual uma nova-iorquina decide dar uma mudança radical em sua vida; Clemency de Chinonye Chukwu, vencedor do Grande Prêmio do Júri, belo drama sobre uma carcereira que se envolve com um condenado a pena de morte; Honey Boy de Alma Har´el, vencedor do Prêmio Especial do Júri pela Visão Única e pelo Design, drama sobre uma celebridade obrigada a encarar o seu passado.
Na competição estrangeira os destaques foram a ficção cientifica brasileira Divino Amor de Gabriel Mascaro, que chamou atenção ao abordar a perigosa influência religiosa/conservadora sobre a sociedade (uma evidente crítica ao governo Bolsonaro). A Inglaterra causou frisson com dois ótimos filmes:  The Souvenir de Joanna Hogg, que ganhou o Grande Prêmio do Júri ao relatar um conflito pessoal de uma cineasta recém-formada; e Blinded by the Light de Gurinder Chadha que mostra a obsessão de um jornalista pelo cantor americano Bruce Springsteen.

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A lista dos vencedores do Festival de Sundance 2019:

FILME AMERICANO:
Prêmio da Audiência: Brittany Runs a Marathon de Paul Downs Colaizzo
Grande Prêmio do Júri: Clemency de Chinonye Chukwu
Prêmio de Diretor: Joe Talbot - The Last Black Man in San Francisco
Prêmio de Roteirista Waldo Salt: Pippa Bianco - Share
Prêmio Especial do Júri pela Visão Única e pelo Design: Alma Har´el - Honey Boy.
Prêmio Especial do Juri para Performance Individual: Rhianne Barreto - Share
Prêmio Especial do Júri por Colaboração Criativa: Joe Talbot - The Last Black Man in San Francisco

FILME ESTRANGEIRO:
Prêmio da Audiência: Queens of Hearts de May El-Toukhy (Dinamarca)
Grande Prêmio do Júri: The Souvenir de Joanna Hogg (Inglaterra)
Prêmio de Diretor: Lucia Garibaldi - The Sharks (Uruguai/Argentina/Espanha)
Premio Especial do Júri para Atuação: Krystyna Janda - Dolce Fine Giornata (Polônia)
Prêmio Especial do Júri: Monos de Alejandro Landes (Colômbia)
Prêmio Especial do Júri por Originalidade: We Are Little Zombies de Makoto Nagahisa (Japão)

sexta-feira, março 15, 2019

Destaques nos cinemas

NÓS
(Us, EUA, 2019) de Jordan Peele
Terror. Uma família pretende curtir uma casa de praia mas coisas inesperadas acontecem no local.




O RETORNO DE BEN
(Ben is Back, EUA, 2018) de Peter Hedge
Drama. Na véspera do natal, mãe recebe a visita inesperada de seu filho que está internado em uma clínica de reabilitação.



SUSPIRIA - A DANÇA DO MEDO
(Itália/EUA, 2018) de Luca Guadagnino
Terror. Americana vai estudar dança em uma escola alemã e mal imagina os segredos obscuros da instituição.

domingo, março 10, 2019

No Portal da Eternidade

(At Eternity´s Gate, EUA/França/Inglaterra, 2018)
Direção: Julian Schnabel
Elenco: Willem Dafoe, Rupert Friend, Oscar Isaac, Emmanuelle Seigner

Vincent van Gogh, um desconhecido pintor se muda para a ensolarada cidade de Arles, sul da França. Com o objetivo de aperfeiçoar a sua arte, o artista se depara com as dificuldades da vida; a falta de reconhecimento das suas obras e a pobreza o levam para uma dolorosa e desgastante crise psicológica.
A estória e a vida trágica de uma dos maiores pintores da história se transforma no material perfeito para o cineasta Julian Schnabel. a câmera realista, a montagem fragmentada e os efeitos ópticos caem como uma luva numa obra que foca nos obstáculos do artista de achar a sua voz no mundo. E a atuação de Willem Dafoe é linda numa entrega arrebatadora de um homem que tem convicção que o seu trabalho não é em vão, mesmo que a realidade mostre o oposto. Mais uma vez Schnabel mostra sensibilidade impar ao retratar a penosa realidade dos artistas. Belo filme.

terça-feira, março 05, 2019

A Favorita

(The Favorite, Inglaterra/EUA, 2018)
Direção: Yorgos Lanthimos
Elenco: Olivia Colman, Rachel Weisz, Emma Stone, Nicholas Hoult

No início do século 18, a Inglaterra se encontra em guerra na Europa. E na monarquia inglesa outro combate inicia: a chegada da plebeia Abigail no palácio real estremece a relação da rainha Anne, uma mulher lunática, e a duquesa Sarah que governa de verdade o país.
Com uma produção de cair o queixo, o ótimo Lanthimos explora o seu bom gosto em belos enquadramentos e movimentos de câmera para imergimos totalmente na História. Mas não se engane, o filme lembra demais o grande Lars von Trier: humor perverso, diálogos afiados, o final de cortar o coração e a narrativa contada em capítulos (com direito a titulo). E o trio principal de atrizes está soberbo com destaque para o show de Olivia Collman que dá vida a uma mulher que carrega tanta perdas nas costas. Também adorei a tensa trilha sonora e a ótima edição que não deixa a peteca cair. Um filmaço sobre poder, dominação...e a loucura da solidão.

sexta-feira, março 01, 2019

Green Book: O Guia

(EUA, 2018)
Direção: Peter Farrelly
Elenco: Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda Cardellini, Sebastian Maniscalco

O cineasta Peter Farrelly foi um mestre do politicamente incorreto nos anos 90 e 2000 com as comédias Debi e Lóide - Dois Idiotas em Apuros; Quem Vai Ficar com Mary?; Eu, Eu Mesmo e Irene. Por isso que quando eu recebi a notícia do seu debut em um drama fiquei bastante empolgado. Mas após conferir o filme o que senti foi decepção. Em pleno ano de 2018 em que o preconceito foi retratado de forma criativa em Corra! e A Forma da Água, ou um tapa na cara em Infiltrado na Klan; Green Book: O Guia volta no tempo e refilma Conduzindo Miss Daisy em que os papéis se invertem. Um branco italiano racista se torna motorista e assessor de um talentoso, e pedante, pianista negro. Se a estória tinha tudo para mostrar o desconforto, a solidão de Don Shirley, um negro que não consegue se encaixar entre os seus pares e muito menos na classe culta branca (que não deixa de ser racista), o filme muda de rota e foca na transformação do racista Tony Lip em um ser tolerante - algo tantas vezes visto no cinema americano. No frigir dos ovos, o filme não fede e não cheira, e vale mais pela ótima química da dupla Viggo Mortensen e Mahershala Ali que conseguem dar vida a uma sinopse batida.