sexta-feira, novembro 20, 2020

Festival de Gramado 2020

O Festival de Gramado 2020 iniciou com um mes de atraso em virtude da pandemia e nesta edição atípica dois filmes brasileiros se destacaram na competição e na premiação. O grande vencedor do festival foi o pernambucano King Kong em Asunción de Camilo Cavalcante que conta a estória da despedida de um matador de aluguel em sua última missão ganhou 04 Kikitos. Outro destaque foi o carioca Um Animal Amarelo de Felipe Bragança (sobre um cineasta falido que busca o passado de sua família) que também ganhou 04 Kikitos.
Já na seção de filmes latinos a Colômbia e o Uruguai fizeram bonito respectivamente com La Frontera de David David (conta a estória de uma índia que vive que assaltos na fronteira entre Colômbia e Venezuela) e El Gran Viaje al Pais Pequeño de Mariana Viñoles (relata a chegada de refugiados sírios no Uruguai).

***

A lista dos vencedores do Festival de Gramado 2020:

LONGAS BRASILEIROS:

Melhor Longa-Metragem Brasileiro: King Kong em Asunción de Camilo Cavalcante
Melhor Filme em Longa-Metragem Brasileiro– Prêmio da Critica: Um Animal Amarelo de Felipe Bragança
Melhor Filme do Júri Popular – Prêmio Especial do Júri: King Kong em Asunción de Camilo Cavalcante
Prêmio Especial do Júri: Por Que Você Não Chora? de Cibele Amaral
Melhor Direção:  Ruy Guerra - Aos Pedaços
Melhor Ator: Andrade Júnior - King Kong em Asunción
Melhor Atriz: Isabel Zuaa - Um Animal Amarelo
Melhor Ator Coadjuvante: Thomás Aquino - Todos os Mortos
Melhor Atriz Coadjuvante: Alaíde Costa - Todos os Mortos
Desenho de Som: Bernado Uzeda - Aos Pedaços
Melhor Trilha Musical: Salloma Salomão - Todos os Mortos; e Shaman Herrera - King Kon em Asunción
Melhor Direção de Arte: Dian Salem Levy - Um Animal Amarelo
Melhor Montagem: Eduardo Gripa - Me Chama Que Eu Vou
Melhor Fotografia: Pablo Baião - Aos Pedaços
Melhor Roteiro: Felipe Bragança - Um Animal Amarelo

LONGAS LATINOS:

Melhor Longa-Metragem Estrangeiro: La Frontera (Colômbia) de David David

Prêmio Especial do Júri: 
El Gran Viaje al Pais Pequeño (Uruguai) de Mariana Viñoles

Melhor Filme do Júri Popular:
El Gran Viaje al Pais Pequeño (Uruguai) de Mariana Viñoles

Melhor Direção: Mariana Viñoles - El Gran Viaje al Pais Pequeño (Uruguai)

Melhor Ator: Anibal Ortiz - Matar a un Muerto (Paraguai)

Melhor Atriz: Daylin Vega Moreno e Sheila Monterola - La Frontera (Colômbia)

Melhor Fotografia: Nicolas Trovato - El Silencio del Cazador (Argentina)

Melhor Roteiro: David David - La Frontera (Colômbia)

domingo, novembro 15, 2020

Destaques nos cinemas


TRANSTORNO EXPLOSIVO
(System Crasher, Alemanha, 2019) de Nora Fingscheidt.
Drama. Garota órfã de nove anos tem dificuldade de arranjar uma família para adotá-la em conta de sua personalidade rebelde.



CASA DE ANTIQUIDADES
(Brasil/França, 2020) de João Paulo Miranda Maria
Drama. Um senhor negro se muda para uma região preconceituosa em que o único conforto presente é a sua nova casa.

terça-feira, novembro 10, 2020

O Bebê de Rosemary


(Rosemary´s Baby, EUA, 1968)
Direção: Roman Polanski
Elenco: Mia Farrow, John Cassavetes, Sidney Blackmer, Ruth Gordon

Se tem um cineasta especialista no embate realidade e imaginação este é o mestre francês Roman Polanski. Uma prova disso é o genial O Bebê de Rosemary, o segundo filme da famosa trilogia do apartamento. Enquanto o primeiro filme da trilogia, Repulsa ao Sexo, aborda traumas sexuais e o último, O Inquilino, remete a crise de identidade e xenofobia; O Bebê de Rosemary faz um aterrorizante comentário sobre trauma cristã, maternidade e misoginia (o incômodo da presença masculina já explorado em Repulsa ao Sexo). Adaptação da obra de Ira Levin, o filme conta a estória de Rosemary, uma jovem recém-casada que se muda para um apartamento dos sonhos e finalmente consegue engravidar. Mas o que seria um momento maravilhoso se torna um pesadelo sem fim. Focado na personagem principal, Polanski brinca com o catolicismo ao criar uma mulher atormentada por uma rígida criação católica que por ironia do destino lhe impõe um destino cruel (não é coincidência que ela tenha um nome tão angelical, Rosa Maria). E a obra é marcada pela melhor atuação da carreira de Mia Farrow que sabe transmitir o terror de que algo ruim está acontecendo; mesmo assim a veterana Ruth Gordon rouba a cena como a vizinha "simpática". Outro destaque vai para a ótima trilha sonora de Krzysztof Komeda, uma canção de ninar diabólica. O Bebê de Rosemary é um clássico do terror sobre uma mulher que tem a sua maior experiência de vida sendo roubado: a maternidade.

quinta-feira, novembro 05, 2020

Lindinhas (Mignonnes)


(Mignonnes, França, 2020)
Direção: Maimouna Doucouré
Elenco: Fathia Youssouf, Medina El Aidi, Esther Gohourou, Ilanah

Mesmo premiado em vários festivais, o filme Lindinhas me chamou atenção quando o governo brasileiro e entidades conservadoras decidiram barrar a sua exibição alegando que o filme apresenta "má conduta" ao erotizar as crianças. E após assistir o filme percebi que a estréia da cineasta francesa Maimouna Doucouré também faz essa crítica. A dança erótica criada pela protagonista Amy de 11 anos é somente uma válvula de escape de um turbilhão de sentimentos que a criança está passando e não tem nenhum responsável por perto para dar suporte. E nesse momento, a diretora aborda pais ausente (a mãe de Amy está desolada com casamento de seu marido com outra mulher); a influência negativa da internet (Amy assiste conteúdo impróprio escondida); a protagonista não tem limites (rouba o celular do primo e um pingente de uma senhora, prejudica uma colega da escola). E a dança da garota realmente incomoda porque na cabeça dela o que ela faz é normal mas para um adulto é chocante. Ao enfatizar o erotismo, Doucouré acerta ao ser direta como uma espécie de um puxão de orelha que a diretora faz ao mundo de hoje especialmente aos pais que deixam os filhos soltos demais. Assim, Lindinhas é um bom filme - classificado para 16 anos - que tem o seu público-alvo os pais que devem ficar mais atentos, alertas aos filhos nessa era digital.

domingo, novembro 01, 2020

O Sétimo Selo


(Det Sjunde Inseglet, Suécia, 1957)
Direção: Ingmar Bergman
Elenco: Max von Sydom, Gunnar Björnstrand, Bengt Ekerot, Nils Poppe.

O clássico O Sétimo Selo entrou para história do cinema e da cultura pop ao dar forma a figura da morte, por isso que este filme é o mais famoso da carreira do mestre Bergman. Mas a obra tem outros atributos que surpreende até pra quem conhece a filmografia do cineasta sueco como o seu hilário senso de humor que contrasta com o tom místico e existencial que o filme propõe.
Na Idade Média, um cavaleiro das cruzadas retorna para sua terra natal e testemunha a barbárie da peste negra e encontra com a morte. Esta lhe dar uma trégua temporária ao aceitar uma partida de xadrez com o cavaleiro. O Sétimo Selo foi realizado após Morangos Silvestres, e os dois filmes tem uma breve conexão ao falar da brevidade da vida. No entanto, O Sétimo Selo apresenta um comentário poderoso sobre como vivemos em um mundo da encenação. Bergman expõe a via dupla da espetacularização: enquanto a arte (o teatro) entretém a vida com a alegria, o idílico e o mundano; a religião criar um show fúnebre, pesado até mesmo diabólico (uma mulher é levada a morte acusada de trazer a peste, uma óbvia alusão a Inquisição). Assim faz todo o sentido o filme criar um rosto a morte pois a humanidade faz de tudo um espetáculo. Dessa forma a obra expõe a imortalidade da arte, seja a usando para o bem ou para o mal.