sexta-feira, maio 15, 2020

Destaques nos cinemas

EM VIRTUDE DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS, INFELIZMENTE, AS EXIBIÇÕES DOS FILMES FORAM INTERROMPIDAS E AS SALAS DE CINEMA FECHADAS TEMPORARIAMENTE.

domingo, maio 10, 2020

O Homem que Virou Suco

(Brasil, 1981)
Direção: João Batista de Andrade
Elenco: José Dumont, Célia Maracujá, Denoy de Oliveira, Ruth Escobar

Um homem tem a sua vida transformado em um inferno ao ser confundido por um foragido da justiça é um tema muito explorado na literatura e cinema. E a sua representação máxima no cinema brasileiro é o ótimo O Homem que Virou Suco. A obra de João Batista de Andrade é uma pérola chapliana extremamente atual e em certos momentos um tapa na cara ao expor sem a menor cerimônia a xenofobia do sul do Brasil em relação aos imigrantes do norte. A triste saga de Deraldo, um poeta sonhador da Paraíba que se muda para São Paulo em busca de uma nova vida mas a pauliceia desvairada demonstra o seu poder destruidor. O filme mostra o contraste social em que os burgueses aparecem em festas, no topo de um edifício em construção; enquanto os pobres vivem na miséria e explorados no ambiente de trabalho. O Homem que Virou Suco é um filme frenético ao expor um homem lutando por sua identidade (ele não tem RG) em um mundo que faz questão de tirar toda a sua razão de existência. E a atuação de José Dumont é fantástica pois o ator demonstra uma incrível naturalidade ao dar vida a um homem avido pela vida e que não tem medo de briga. Uma pérola desconhecida que merece ser descoberta.




terça-feira, maio 05, 2020

O Poço

(El Hoyo, Espanha, 2019)
Direção: Galder Gaztelu-Urrutia
Elenco: Ivan Massagué, Zorion Eguileor, Antonia San Juan, Emilio Buale

Em tempos de quarentena da epidemia do coronavírus a Netflix foi oportunista - e sábia - ao inserir no seu catálogo a ficção científica/terror espanhola O Poço que fez burburinho em vários festivais em que participou. O filme de estréia de Galder Gaztelu-Urrutia relata um homem que aceita participar de uma secreta experiência: ficar preso em uma torre em que todo mês as cobaias são escaladas em se hospedar em diferentes andares. E todos se alimentam de um pomposo banquete através de uma mesa móvel que desce verticalmente dos primeiros andares até os últimos. Quem está nos primeiros andares se beneficia da comida farta mas quando a mesa desce mais a alimentação fica escassa gerando selvageria e caos aos presos. Fica óbvio a crítica social da obra mas a mesma é inteligente ao elaborar um tenebroso estudo sobre a humanidade e a falta de solidariedade no sistema em que vivemos. E Urrutia consegue inserir no texto elementos bíblicos e até mesmo brinca com o clássico da literatura Dom Quixote (o livro faz companhia ao protagonista). Com uma produção modesta mas muito bem feita, O Poço é um interessante raio-x da sociedade; um sistema que não se comove com o próximo, e que não percebe que todos estão no mesmo poço, no mesmo buraco. Um filme reflexivo e interessante.

sexta-feira, maio 01, 2020

Alien: Covenant

(EUA/Inglaterra, 2017)
Direção: Ridley Scott
Elenco: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride.

Alien é um ser extraterreno de natureza indestrutível que tem um grande potencial de se transformar em uma arma letal em mãos erradas. A premissa acima vale para a intenção de Ridley Scott em ganhar dinheiro de qualquer maneira com a saga Alien. Se a Fox tinha a inteligente estratégia de escalar cineastas de estilos diferentes para imprimir uma visão singular sobre o monstro; a partir de Prometheus, Scott volta ao comando e o negócio desanda de vez ao investir em dois pontos. Primeiro, a prepotência. Scott criou um ar filosófico a ficção científica mas perdeu a mão ao deixar pontos soltos em uma narrativa confusa. Segundo, a repetição. A fórmula dos aliens caçando humanos se desgastou diante de tantas sequências. Assim, Alien: Covenant representa um dos piores filmes da carreira - irregular diga de passagem - do cineasta britânico. Uma pena pois o design de produção e impecável e a fotografia soturna do Dariusz Wolski é belíssima; algo a esperar de um filme de um diretor que tem no currículo Blade Runner - O Caçador de Androides, Thelma & Louise e Alien - O 8º Passageiro. Mas o roteiro fraquíssimo transformou em pó a esperança de um reboot interessante. Uma lástima.