segunda-feira, junho 20, 2022

Destaque nos cinemas

MÁ SORTE NO SEXO OU NO PORNO ACIDENTAL

(Babardeala cu Buclucsau Porno Balamuc, Romênia, 2021) de Radu Jude
Comédia. Professora vê sua vida virada de ponta a cabeça por causa de uma vídeo de sexo seu que vazou na internet.




JESUS KID

(Brasil, 2021) de Aly Muritiba
Comédia. Escritor de faroeste em decadência aceita se isolar em um hotel de luxo para escrever um roteiro de cinema.





TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO

(Everything Everywhere All at Once, EUA, 2022) de Daniel Scheinert e Daniel Kwan
Ficção cientifica. Imigrante chinesa que vive nos EUA consegue atravessar várias dimensões da realidade mas não consegue retornar para casa.



O TELEFONE PRETO
(The Black Phone, EUA, 2022) de Scott Derrickson
Terror. Sequestrado por um diabólico psicopata, garoto de 13 anos consegue se comunicar com as outras vitimas do vilão através de um telefone preto.

quarta-feira, junho 15, 2022

Lançamentos nos Streamings

O ACONTECIMENTO
(L´Evénement, França, 2021) de Audrey Diwan
HBO Max
Drama. Na França da década de 1960, uma mulher encontra vários obstáculos para realizar um aborto.



BRAZIL - O FILME
(Inglaterra, 2015) de Terry Gilliam
Star+
Ficção cientifica. No futuro, um funcionário público decide se rebelar contra um governo autocrática e sociedade manipuladora.




DOUTOR ESTRANHO NO MULTIVERSO DA LOUCURA
(Doctor Strange in the Universe of Madness, EUA, 2022) de Sam Raimi
Disney+
Fantasia. doutor estranho continua sua pesquisa sobre o multiverso mas a chegada de um inimigo o levará em novas aventuras.


ENTRE FACAS E SEGREDOS
(Knives Out, EUA, 2019) de Rian Johnson
Telecine Play
Suspense. Detetive tenta desvendar a identidade de um assassino que matou um famoso escritor de crimes e mistérios.



ERA UMA VEZ EM...HOLLYWOOD
(Once Upon a Time in...Hollywood, EUA, 2019) de Quentin Tarantino
Netflix
Drama. Um astro em decadência, a ascendência de uma bela atriz e as confusões de dublê se interligam na Hollywood do fim da década de 1960.


GHOSTBUSTERS: MAIS ALEM
(Ghostbusters: Afterlife, EUA, 2021) de Jason Reitman
HBO Max
Fantasia. Ao se mudar para uma cidade, família descobre parentesco com um dos integrantes dos Caça fantasmas.



NUNCA, RARAMENTE, AS VEZES, SEMPRE
(Never Rarely Sometimes Always, EUA, 2020) de Eliza Hitman
Star+
Drama. Garota viaja junto com sua melhor amiga para realizar um aborto em Nova Iorque.


PALM SPRINGS
(EUA, 2020) de Max Barbakow
Star+
Comédia. Em uma festa de casamento em Palm Springs, dois jovens se conhecem e sentem uma conexão.




SEMPRE EM FRENTE

(C´mon C´mon, EUA, 2021) de Mike Mills
Amazon Prime
Drama. Jornalista recebe uma missão que mudará a sua visão de mundo: cuidar do sobrinho temporariamente.


O VINGADOR DO FUTURO
(Total Recall, EUA, 1990) de Paul Verhoeven
HBO Max
Ficção cientifica. No futuro distante, coisas saem do controle quando um comum operário decide provar uma novidade do entretenimento.

sexta-feira, junho 10, 2022

A Professora de Piano

(La Pianiste, França/Áustria/Alemanha, 2001)
Direção: Michael Haneke
Elenco: Isabelle Huppert, Annie Girardot, Benoît Magimel, Susanne Lothar.

Erika é uma professora de piano na casa dos 40 anos de idade mas mesmo assim mora com a mãe em uma relação nada saudável e apoiada na dominação e violência maternal. Na profissão, Erika descarrega a opressão familiar em seus pupilos ao tratá-los com uma absoluta indiferença. Mas a sua rotina entre o emprego monótono e a repressão da mãe, cria um limbo em que Erika se deixa levar por impulsos sexuais nada convencional até surgir Walter, um jovem sedutor, uma persona que não se encaixa em sua bolha pessoal o que lhe chama atenção.
O grande cineasta austríaco Michael Haneke fez fama com filmes controversos e polêmicos na linha Lars von Trier. Mas diferente do cineasta dinamarquês que usa câmara na mão, edição frenética e música; o realizador de Caché e Amor testa a paciência com longos plano-sequência e total ausência de trilha sonora. E se von Trier narra um psicopata surtado no ótimo A Casa que Jack Construiu; em A Professora de Piano, Haneke filma a jornada de uma mulher que canaliza toda a ira, raiva em si mesma. Se fosse outro diretor - provavelmente o caso de Trier - a protagonista se tornaria numa psicopata. Aqui a protagonista sofre de automutilação como resposta ao ambiente que vive, e que ainda apresenta um comportamento infantil como na cena no embate na cama entre Erika e sua mãe; na sua reação ao ver Walter junto com uma pupila sua; e até mesmo no seu penteado e modo de vestir.
E a Isabelle Huppert dá um show no papel de uma mulher aparentemente fria e distante mas que é fruto de um ambiente desprovido de amor em que a carência e perversão fazem parte da mesma moeda. As vezes a Erika recorda Michele de Elle outra atuação fantástica de Huppert - mas no filme de Paul Verhoeven - ela personifica uma mulher amarga por natureza e com total consciência dos seus atos; em A Professora de Piano, Erika é uma mulher que perdeu empatia as pessoas por ser vítima de uma bolha doentia e degradante. Haneke realiza um perturbador estudo sobre um ser preso a uma perversa realidade e que não consegue se desligar desse universo.

domingo, junho 05, 2022

Top Gun: Maverick

(EUA, 2022)
Direção: Joseph Konsinski
Elenco: Tom Cruise, Jennifer Connelly, Jon Hamm, Miles Teller.

Quando vi o trailer de Top Gun: Maverick, continuação do clássico da sessão da tarde Top Gun - Ases Indomáveis, não levei muito a sério. Mas quando vi que o filme seria exibido em Cannes (quase um atestado de qualidade), essa informação me fez mudar de ideia. E após conferir o filme, realmente fiquei surpreso - e pasmem - uma das melhores continuações que eu vi de Hollywood. Mas sejamos honestos, o filme de 1986 não é nenhuma obra-prima, e sim uma competente obra, fruto de seu tempo em que cineastas publicitários como Tony Scott, Adrian Lyne ganharam destaque com roteiros rasos mas uma estética de comercial de televisão que atraia o público com um show visual e sonoro. E um dos casos mais bem-sucedidos foi Top Gun. E acho que a melhoria de sua continuação vem do movimento atual do cinema que se inspira nos sucessos das séries americanas em que a fragilidade dos personagens é o fio condutor da narrativa.
Após seguir uma carreira imposta por atitude rebelde e pouca ambição, o apaixonado por aviões, Pete Mitchell, codinome Maverick, é considerado um peso e fracassado pela Marinha no momento em que a tecnologia substitui o homem. Mesmo assim, ele tem a última oportunidade na instituição ao aceitar treinar novos pilotos para uma missão suicida. Ao mesmo tempo, terá que lidar com os pontos soltos deixados no passado de sua vida pessoal.
Um dos elementos que faz a diferença dessa continuação com outros pares é que ele sabe aproveitar muito bem a nostalgia. A trilha sonora marcante continua presente e causa uma empatia imediata. O diretor Joseph Konsinski foi muito feliz em mostrar cenas do filme original (que eu já não lembrava mais) e copiar estas mas sem tornar gratuito, tem um próprio charme (como na cena da praia, a música de Jerry Lee Lewis no bar). E as cenas aéreas são um show a parte graças a ótima sonoplastia e a montagem de Eddie Hamilton que consegue dar harmonia nas cenas de ação como nas dramáticas. Outro ponto alto do filme é o elenco. É emocionante a homenagem ao Val Kilmer que aparece debilitado de verdade (câncer de garganta). Jennifer Connelly ilumina a cena pela beleza e espontaneidade; mas o filme é mesmo do Tom Cruise que soube aproveitar a meia-idade para impor um personagem com mais camadas e também um homem que busca um alívio ao peso de suas escolhas. Se o primeiro filme é lembrado como uma propaganda da marinha, e depois como uma estória de amor homossexual entre Tom Cruise e Val Kilmer no ponto de vista de Quentin Tarantino; Maverick elucida um homem que viveu com suas próprias regras mas que busca uma redenção para deixar as marcas do passado para trás. Uma bela surpresa esta continuação.

quarta-feira, junho 01, 2022

O Homem do Norte

(The Northman, EUA/Inglaterra, 2022)
Direção: Robert Eggers
Elenco: Alexander Skarsgard, Anya Taylor-Joy, Nicole Kidman, Claes Bang.

Na Islândia do século 10, o rei viking Aurvandil retorna para o seu reino e reencontra com a sua família. A sua atenção gira em torno do filho Amleth, um garoto que está se preparando para a sucessão. E em um encontro entre pai e filho, o rei é morto pelo irmão, e Amleth é considerado morto. Mas este sobrevive e ao ver o tio tomar o trono e apossar de sua mãe, decide fugir com o objetivo de futuramente buscar vingança. Anos se passam, o adulto Amleth se transforma em um guerreiro exemplar; e com habilidades impressionantes decide voltar a sua terra para cumprir a antiga promessa...no entanto, lidará com situações inesperadas. 
Se você acha esse enredo familiar, o novo filme de Robert Eggers se baseia na lenda que deu origem a um dos maiores colossos da cultura mundial: Hamlet de William Shakespeare. Aliás, no decorrer do filme, o diretor faz interessante analogia que se comunica com o clássico inglês como a caveira usada na célebre cena "ser ou não ser...". Com muita ousadia e um orçamento maior ainda - 90 milhões de dólares - o diretor realizou um monumento a cultura viking. Rituais primitivos, a ligação mística da natureza e dos deuses se mistura com a brutalidade bestial dos homens. Tudo aqui é cru, sujo, insano, bestial. E o diretor continua fidelíssimo com o seu estilo em que o realismo da produção de época é impressionante. Mas aqui ganha um plus com um caprichado trabalho sonoro. Mas não espere algo na linha do oscarizado Coração Valente do Mel Gibson. O filme de 1995 é Sessão da Tarde ao ir fundo sobre um homem que deseja justiça mas que de fato é vitima de um desejo descontrolado pelo poder. Aqui a violência é descomunal, e o mundo um caos. O elenco está ótimo com a presença animalesca de Alexander Skarsgard. Nicole Kidman dá um show em seu monólogo no reencontro como filho (para mim a melhor cena do filme). Bjork capricha na cena da bruxa com a sua voz inconfundível. Aliás, falando em voz, um dos defeitos do filme foi o resto do elenco ter copiado - sem sucesso - o sotaque da estrela islandesa o que ajuda a tirar o foco no filme, especialmente Anya Taylor-Joy com a sua singularíssima Ofélia, uma boa interpretação que se perde em um sotaque quase macarrônico. O filme também perde força em alguns momentos na sua narrativa mas mesmo assim se destaca não como um mero entretenimento, e sim uma experiência brutal e animalesca sobre um homem que sobreviveu para alimentar um desejo de sangue e justiça mas que a realidade dos fatos lhe corrói até deixá-lo em frangalhos.