domingo, junho 20, 2021

Destaques nos Cinemas

UM LUGAR SILENCIOSO - PARTE II
(A Quiet Place - Part II, EUA, 2020) de John Krasinski
Suspense. Obrigada a sair da fazenda, a família Abboutt se arrisca sobreviver em outros ambientes mas a realidade é mais sombria do que eles imaginavam.



FIRST COW - A PRIMEIRA VACA DA AMÉRICA

(EUA, 2020) de Kelly Reichardt
Drama. No velho oeste americano um hábil cozinheiro faz uma insólita amizade com um imigrante chinês pois ambos buscam dinheiro.




PREPARATIVOS PARA FICARMOS JUNTOS POR TEMPO INDEFINIDO

(Felkészülés Meghatározatlan Ideig Tartó Eqyüttlétre, 2020, Hungria) de Lili Horváth
Drama. Uma médica larga a carreira nos EUA e arrisca a viver na Bulgária por causa de uma atração irresistível por um homem que ela mal conhece.

terça-feira, junho 15, 2021

Lançamento nos Streaming

CAPITÃO PHILLIPS

(Captain Phillips, EUA, 2013) de Paul Greengrass
Netflix 
Drama. Capitão de um navio cargueiro ver a sua embarcação ser invadida por piratas da Somália que decidem tornar a tripulação em reféns.



O CONVIDADO
(The Wedding Guest, Inglaterra, 2018) de Michael Winterbotom
Amazon Prime
Suspense. Jovem britânico e mulçumano embarca numa perigosa missão na Ásia após sequestrar uma noiva durante um casamento.



DOR E GLÓRIA
(Dolor y Gloria, Espanha, 2019) de Pedro Almodóvar
Amazon Prime
Drama. Ao ser homenageado com a exibição de sua obra-prima, renomado cineasta lida com uma crise de meia-idade e as memórias de seu passado que sempre lhe persegue.


INFILTRADO NA KLAN
(BlacKkKlasman, EUA, 2018) de Spike Lee
Netflix
Drama. Na década de 1970, um policial negro consegue se infiltrar na Ku Klux Klan com a ajuda de seu parceiro branco.




MINHA MÃE É UMA PEÇA - O FILME
(Brasil, 2013) de André Pellenz
Netflix
Comédia. A ingrata rotina de uma mãe de dois filhos adolescentes somado as dores do seu recente divórcio.



O ORFANATO
(El Orfanato, Espanha/México, 2007) de Juan Antonio Bayona
Netflix
Terror. Mulher retorna a casa onde vive a sua infância junto com a sua família mas não imagina que o local pode ser perigoso.

quinta-feira, junho 10, 2021

True Lies


(EUA, 1994)
Direção: James Cameron
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Jamie Lee Curtis, Tom Arnold, Bill Paxton

Após realizar ficções cientificas com muita adrenalina e efeitos visuais até o início da década de 1990, James Cameron deu uma pequena guinada em sua filmografia nesse período mas continuou usando o seu estilo inconfundível...mas mudou de gênero: os filmes de espionagem. Tirando onda com o James Bond, aqui Cameron escancara de vez realizando uma comédia de ação com direito a momentos impagáveis e muita mentira além dos estereótipos do gênero: vilão do Oriente Médio com sede de destruição aos EUA junto com uma ambiciosa femme fatale. Mas aqui tem um outro elemento que torna o filme diferente: o núcleo familiar do protagonista.
True Lies conta a estória de Harry, um espião americano que não mede esforços quando está numa missão. No entanto, a dedicação ao trabalho o afasta de sua outra vida: de um marido exemplar e pai dedicado. No convívio familiar as coisas não estão tão às claras como o herói imagina. A filha adolescente adorável se torna rebelde, e a esposa Helen é uma mulher entediada com a sua rotina monótona.
De uma forma muito despretensiosa, Cameron brinca com a metalinguagem afinal aqui é um filme de ação e tanto a Helen como o público deseja "embarcar" numa missão arriscada para sair do marasmo do cotidiano. E se Arnold Schwazenegger e Jamie Lee Curtis formam uma dupla que a princípio não poderia dar certo; aqui apresentam uma boa química. Schwazenegger continua um canastrão sem expressão de sempre para a comédia, mas é Lee Curtis que acaba roubando a cena com uma presença de cena impagável. E o diretor mostra todo o seu talento como narrador de estória que propositalmente divide a narrativa em duas partes. Se na primeira hora de filme mostra Schwazenegger em ação; na outra metade é a vez de Lee Curtis dominar a cena com o seu jeito desengonçado.
No auge do cinema de ação com testosterona (Stallone, Van Damme, Seagal), quem diria que Cameron faria uma comédia sobre a fantasia que os mortais comuns imaginam sobre o mundo - cinematográfico para ficar bem registrado - da espionagem. Também é uma divertida homenagem aos filmes de pancadaria dos anos de 1980 com muita porrada, explosão, tiroteio...tudo exageradamente absurdo. E muito divertido.

sexta-feira, junho 04, 2021

Druk - Mais Uma Rodada

(Druk, Dinamarca/Suécia/Holanda, 2020)
Direção: Thomas Vinterberg
Elenco: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe

Na abertura de Druk - Mais Uma Rodada, um grupo de jovens se divertem bebendo e causando aquela baderna típica da idade, numa mistura de alegria e inconsequência. Abruptamente, a cena seguinte mostra quatro professores na faixa dos 40 anos compartilhando algo além da forte amizade entre eles: a rotina sem graça e a monotonia na docência. Para sair do marasmo, eles decidem experimentar uma inusitada tese: beber 0,05% de álcool todo dia até as 08 horas da noite. O resultado: aquela velha chama apagada reacende como a muito tempo não se via. A melhoria na vida pessoal e profissional é tamanha que eles decidem aumentar a dose, o que previsivelmente as coisas não saem como planejado.
Brincando com o politicamente incorreto, Druk - Mais Uma Rodada poderia facilmente cair no estereótipo do alcoolismo mas o diretor aproveita o tema e retrata o álcool como um mero combustível para gerar consciência aos seus protagonistas de que suas vidas não estão bem, e o "liquido embriagante" é um motor que pode tornar a sua rotina mais leve; mas é importante frisar que o filme faz questão de denunciar o seu uso excessivo o que destrói o argumento de fazer apologia ao álcool (mas este filme não é indicado para quem é alcoólatra). Outro ponto interessante da obra é retratar a rotina dos professores. Da preocupação não somente de ser um bom profissional que é obrigado a melhorar as notas dos discentes, aqui o roteiro reforça o vínculo com os seus alunos, enrijecendo o seu papel na sociedade. Gostei muito da montagem de Janus Billeskoy e Jansen Anne Østerud que apresenta uma narrativa rápida e fluida alternando drama e um inesperado senso de humor que torna tudo mais humano; a edição de imagens de famosos políticos sob efeito de álcool publicamente é muito engraçado. O ótimo diretor Vinterberg demonstra sensibilidade e várias camadas para sair do óbvio (o que poderia tornar pesado, aqui a vontade de dar um novo rumo a vida prevalece). E curiosamente, o uso de câmera na mão recorda o movimento Dogma 95 na qual o diretor fez parte e também reforça o sentindo de urgência de seus personagens. Pena que o filme apresenta quatro carismáticos protagonistas mas a atenção é toda voltada para Martin, numa atuação esplêndida de Mads Mikkelsen que usa um olhar triste e distante escondendo um passado revigorante (um professor promissor, amorosamente galante e um dançarino nato). Assim, Druk - Mais Uma Rodada é um filme rico ao explorar uma gama de temas: a importância da educação; a força da amizade; o poder de encarar novas experiências na vida...tudo isso de uma forma contundente.

terça-feira, junho 01, 2021

O Beijo da Mulher Aranha

(Kiss of the Spider Woman, Brasil/EUA, 1985)
Direção: Hector Babenco
Elenco: William Hurt, Raul Julia, Sônia Braga, Nuno Leal Maia

O filme O Beijo da Mulher Aranha faz uma boa discussão sobre o uso da arte como fuga em um momento difícil. No período da pandemia, muitas pessoas se isolaram da realidade e buscaram o escapismo que o cinema é capaz de proporcionar. Mas fugir das tristes notícias é tão doloroso quando encaramos o que de fato acontece em nossa volta.
Adaptação da obra do argentino Manoel Puig, o filme de Hector Babenco tem duas linhas narrativas: primeiro, dois homens totalmente distintos vivem numa mesma cela; o homossexual sensível Molina que cumpre pena por "sedução de menor", e o jornalista enfático Valentin, um preso político. A segunda narrativa são as memórias e o amor que Molina tem por um filme antigo que lhe dá forças para sobreviver a prisão, mas ao mesmo tempo é fonte de atritos com o politizado Valentin.
O jogo de metalinguagem é bem-conduzido pelo grande Babenco, aqui no auge da carreira através da boa edição de Mauro Alice. A bonita fotografia de Rodolfo Sanchéz reforça a distinção de ilusão e realidade. Em homenagem ao cinema clássico, a ficção tem cor saturada e séptica e atuações falsas e caricatas; já a realidade é mais colorida mas com um aspecto sujo, e as interpretações mais realistas. A bela trilha sonora de John Neschling e Nando Carneiro mistura melancolia e sentimento latino. Mas se o elenco do filme da Segunda Guerra Mundial sofre com as limitações em atuar em um filme de época; a dupla principal dá um show, especialmente William Hurt que sabe expressar as mudanças que Molina ganha com a improvável amizade ou "amor" com o Valentin. Dessa relação, surge um homem que se cansa de fugir da futilidade (a busca de uma relação amorosa e da ilusão do cinema) e aos poucos vê um novo sentido lutando por algo mais concreto: o ativismo político que o seu colega de prisão semeou.
E mesmo em tempos diferentes, narrativas opostas, que é o caso da ditadura real e o nazismo cinematográfico, estes elementos representam o assombro do totalitarismo. Assim, O Beijo da Mulher Aranha é um hino contra os abusos do fascismo, e ao mesmo tempo um alerta quando usamos a arte como um mero pretexto para fugirmos de uma dor pessoal desconcertante a uma realidade que sufoca a liberdade.