quarta-feira, julho 20, 2022

Destaque nos cinemas

O ACONTECIMENTO
(L´Evénement, França, 2021) de Audrey Diwan
Drama. Universitária ver o seu futuro em risco quando engravida e decide realizar um aborto.





ELVIS
(Austrália/EUA, 2022) de Baz Luhrmann
Drama. Biografia do rei do rock sob o ponto de vista do seu empresário e carrasco, coronel Tom Parker.




CRIMES DO FUTURO
(Crimes of the Future, EUA/Canadá, 2022) de David Cronenberg
Ficção cientifica. No futuro em um ambiente totalmente sintético, humanos poderão alterar os seus órgãos.




X: A MARCA DA MORTE
(EUA, 2022) de Ti West
Terror. Na década de 1970, uma equipe fará um filme pornô em uma fazenda em que os moradores apresentam um comportamento bizarro.

sexta-feira, julho 15, 2022

Lançamentos nos Streamings

O BOM PATRÃO
(El Bueno Patrón, Espanha, 2021) de Fernando León de Aranoa
Star +
Drama. Dono de uma fábrica tem a mania de se meter na vida dos seus funcionários.




GILBERT GRAPE: APRENDIZ DE SONHADOR
(What´s Eating Gilbert Grape, EUA, 1993) de Lasse Hallström
HBO Max
Drama. Jovem sem perspectiva vive para ajudar a sua problemática família até conhecer uma garota nômade.





HOMEM-ARANHA: SEM VOLTA PARA CASA
(Spider-Man: No Way Home, EUA, 2021) de Jon Watts
HBO Max
Ação. O herói aracnídeo passa por um novo problema ao ter sua identidade revelada.



MEDIDA PROVISÓRIA
(Brasil, 2022) de Lázaro Ramos
Globoplay
Drama. No futuro próximo, governo brasileiro lança uma medida provisória em que despacha os brasileiros afrodescendentes para a África.



NOITE PASSADA EM SOHO
(Last Night in Soho, Inglaterra, 2021) de Edgar Wright
Telecine Play
Terror. Garota se sente deslocada na universidade e ao mesmo tempo vivência a experiência de estar na Londres da década de 1960.



SPENCER
(Inglaterra/Chile, 2021) de Pablo Larrain
Amazon Prime
Drama. Na comemoração do natal com a família real a princesa Diana decide se divorciar do príncipe Charles.



SUPERNOVA
(Inglaterra, 2020) de Harry Macqueen
Amazon Prime
Drama. Casal de um longo relacionamento caem na estrada pois um deles está iniciando sinais de demência.

domingo, julho 10, 2022

Um Herói

(Ghahreman, Irã/França, 2021)
Direção: Asghar Farhadi
Elenco: Amir Jadidi, Mohsen Tanabandeh, Fereshteh Sadre Orafaiy, Sarina Farhadi.

Preso por dívida financeira, Rahim ganha dois dias de liberdade. E nesse tempo, ele se reencontra com a família e decide procurar o responsável pela sua prisão para uma reconciliação com o objetivo de sair da penitenciária. Como o acusado é categórico ao exigir o pagamento da dívida, Rahim vê como solução uma bolsa contendo uma quantidade considerável de ouro que a sua namorada encontrou na rua. Mas ao invés de usar o ouro para se livrar da dívida; ele decide devolver essa carga para as autoridades públicas. Com este ato, ele se torna uma celebridade, um "herói" local. Mas as pontas soltas desse nobre gesto desencadeará em consequências nefastas para Rahim e de todos ao seu redor.
O diretor Asghar Farhadi é realmente um mestre em pegar um argumento aparentemente simples mas que o complementa com várias camadas que caminha para estradas imprevisíveis. Mesmo não sendo tão poderoso como A Separação (2011), Um Herói é um primor de filme, um suspense cruel e drama desconcertante para o seu protagonista. Aqui o conceito de "herói" é revisto em um mundo em que ações nobres é tão enaltecidos como gera um poço de suspeitas. Em cada ação humana existe uma desconfiança. Mas aqui o diretor foi cruel no destino do protagonista. Vítima de um golpe de um sócio, e preso pelo ex-sogro, Rahim é um jovem que ainda guarda um certo otimismo a vida. No entanto se torna vítima fácil de todos ao redor: da namorada que lhe botou em uma emboscada; ao diretor da penitenciária que lhe trata de acordo com as conveniências; o rancor do ex-sogro; e lida com a desconfiança de sua família. Aqui, o mundo é cruel e não lhe dar trégua. E o filme sabe traduzir essa crueza com muita firmeza. Sentimos junto com o protagonista que cada decisão tomada tornará uma onda destruidora no destino de Rahim. E aqui, o diretor critica as redes sociais por destruir vidas; das organizações sociais e do Estado que se preocupam mais com a busca da boa imagem do que a assistência de verdade.
Um Herói inicia com o protagonista subindo uma extensa escada em um local arqueológico até perder o fôlego. Ironicamente o público sentirá essa sensação no decorrer de toda a projeção do filme com as reviravoltas que só o diretor sabe executar.

terça-feira, julho 05, 2022

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

(Evereything Everywhere All at Once, EUA, 2022)
Direção: Daniel Scheinert e Daniel Kwan
Elenco: Michelle Yeoh, Ke Huy Quan, Stephanie Hsu, Jamie Lee Curtis.

Não sei se contar o início da história de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo estragará as surpresas que o filme proporciona, mas a obra é tão alucinante que tentarei dar uma palhinha dos seus primeiros minutos.
Evelyn é uma imigrante chinesa de meia idade proprietária de uma decadente lavanderia nos EUA que leva uma vida conturbada particularmente em relação a sua família: o pedido de divórcio do marido; os ressentimentos escondidos com o pai severo; e a complicada convivência com a filha que assumiu ser homossexual. Mas as coisas só pioram quando ela e a família são auditadas pela Receita Federal. No órgão público, o marido subitamente apresenta um comportamento estranho ao informar que ela tem uma bizarra missão de salvar o mundo explorando vários universos que tem ligação com as suas decisões pessoais.
Sim, o filme é mais um que explora o conceito de multiverso. O tema pode ser batido mas a dupla de diretores Daniel Scheinert e Daniel Kwan fazem a total diferença e usam e abusam da criatividade ao misturar os conceitos de Matrix (1999) como as cenas de luta e ação incessante ao abordar sobre as várias realidades; e o estilo surreal de Charlie Kaufman que não tem medo de pisar no acelerador e deixar o enredo tão maluco, absurdo e ao mesmo tempo humano. E como plus, Scheinert e Kwan adicionam elementos da cultura pop homenageando vários filmes famosos o que criará total empatia aos cinéfilos. Realmente o trabalho dos cineastas na direção e roteiro é impecável, mas o filme apresenta outros elementos que fazem a diferença. A começar pela melhor montagem do ano; o trabalho de Paul Rogers foi de um carpinteiro ao organizar de forma magistral a insanidade do enredo; a trilha sonora de Son Lux torna tudo divertido. E o elenco arrasa. Mais uma vez - desculpe se estou puxando o saco dos realizadores - a ousadia aparece de novo ao escalar uma atriz na casa dos 60 anos como Michelle Yeoh e ela não vacila e entrega uma atuação cheia de camadas sobre uma mulher amargurada pelo destino e que entra no processo de humanização nada convencional nas várias personalidades que ela vivenciou. E esse é o tema do filme, a de que as experiências de vida são importantes mas esta nunca mudará os sentimentos que temos dentro de si mesmos. Evelyn teve múltiplos trabalhos, saboreou o sucesso exorbitante ao fracasso retumbante mas no fundo o que lhe faltava era o conforto do amor. O que escrevi agora é um tremendo clichê barato mas Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo faz isso com uma originalidade e propriedade tamanha que esquecemos de verdadeiro tema. Um dos melhores filmes do ano.

sexta-feira, julho 01, 2022

Titane

(França, 2021)
Direção: Julia Ducournau
Elenco: Agathe Rousselle, Vincent Lindon, Bertrand Bonello, Garance Marillier.

Pai e filha estão em um carro que se locomove em uma estrada. Ele está dirigindo e ela está no banco traseiro. De cara, a relação dos dois não é boa; ela faz um barulho irritante e ele se altera com o comportamento da filha o que sucede em um acidente automobilístico. O pai não sofre sequelas mas a filha chamada Alexia sobrevive graças a uma placa de titânio instalado na sua cabeça. Ao sair do hospital totalmente recuperada, Alexia não demonstra aversão a veículos - pelo contrário - abraça e beija o carro com muito afeto em uma ligação sem precedentes a tudo que remete a metal.
Com um argumento bizarro, Titane é dividido em duas partes: enquanto a primeira é violenta, agressiva e alucinante; a segunda é mais contemplativa mas sem sem deixar de ser imprevisível e surreal. Mas quanto menos souber sobre o enredo de Titane melhor pois o filme é tão instável e insano que cada pessoa terá uma opinião particular mas o que é universal é o tapa, o incômodo que a diretora dá ao público. O domínio narrativo da Ducournau é fantástico e esta não tem medo da opinião e vai fundo na ligação bizarra da protagonista com veículos ou algo que se assemelhe ao metal.
A produção francesa é de primeira como a climática trilha sonora de Jim Williams, a montagem montanha russa de Jean-Christophe Bouzy, e a linda fotografia que brinca com cores saturadas e sombras de Ruben Impers. E o elenco arrasa particularmente a dupla Agathe Rousselle e Vincent Lindon. Se a atriz principal é uma força da natureza descontrolada e imprevisível; Vincent consegue imprimir com o olhar - mesmo com um corpo de brutamontes - o peso e uma dor pessoal que não cessa.
A diretora bebe muito do terror corporal do mestre David Cronemberg especialmente em Crash - Estranhos Prazeres (1996), mas Ducournau consegue se distanciar do canadense pelo ritmo frenético, belas imagens e até um humor involuntário. Aqui a diretora comanda corpos que se batem, pegam fogo, se matam, mudam de sexo...e se conecta com o metal. Titane é uma alegoria viciante e absurdamente original e selvagem sobre a busca da redenção, da humanidade e ao amor.