sexta-feira, novembro 25, 2022

Mostra de Cinema de São Paulo 2022

 


Nos dias 20 de outubro a 02 de novembro realizou a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2022. O júri composto por André Novais, Lina Chamie e Rodrigo Areias premiaram uma das sensações do ano: o britânico Aftersun de Charlotte Wells sobre as recordações de uma mulher que visita junto com o pai um local marcante de sua infância. E como de praxe, os destaques da programação vieram dos principais festivais do mundo: o espanhol Alcarràs de Carla Simón que relata uma família que sobrevive da agricultura mas é obrigada a ceder o local para instalação de energia solar; o japonês Plano 75 de Chie Hayakawa sobre um projeto público sobre a implementação da eutanásia aos moradores idosos; o sueco Triangulo da Tristeza de Ruben Öustlund sobre um cruzeiro com passageiros bilionários da Europa que sofre um naufrágio; e o sul-coreano O Filme da Escritora de Hong Sang-soo um road-movie em que uma escritora parte em uma viagem para encontrar uma antiga colega.



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A lista dos vencedores da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2022:


Prêmio do Júri - Melhor Filme: Aftersun (Reino Unido, EUA) de Charlotte Wells

Prêmio do Público - Melhor Filme Internacional: Nayola (Portugal, Bélgica, França, Holanda) de José Miguel Ribeiro

Prêmio do Público - Melhor Documentário Internacional: Marcha Sobre Roma (Itália) de Mark Cousins

Prêmio do Público - Melhor Filme Brasileiro: O Mestre da Fumaça de André Sigwlt e Augusto Soares

Prêmio do Público - Melhor Documentário Brasileiro: Exu e o Universo de Thiago Zanato

Prêmio da Crítica - Melhor Filme Internacional: Noite Exterior (Itália) de Marco Bellocchio

Prêmio da Crítica - Melhor Filme Brasileiro: Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você de Robert de Oliveira

domingo, novembro 20, 2022

Destaques nos Cinemas

ARMAGEDDON TIMES
(EUA, 2022) de James Gray
Drama. A visão de um garoto sobre os EUA do início da era Reagan e sobre o racismo.





A MÃE
(Brasil, 2022) de Cristiano Burlan
Drama. Ao retornar do trabalho, uma mãe busca desesperadamente pelo filho que desapareceu misteriosamente.

terça-feira, novembro 15, 2022

Lançamentos nos Streamings

COPYCAT - A VIDA IMITA A MORTE
(EUA, 1995) de Jon Amiel
Star+
Suspense. Policial busca a ajuda de uma renomada e fragilizada psicóloga para descobrir a identidade de um psicopata.



DARLING - A QUE AMOU DEMAIS
(Inglaterra, 1965) de John Schlesinger
MUBI
Drama. Modelo reflete sobre sua vida após perceber que mede esforços para chegar no topo da carreira.




DOUTOR SONO
(Doctor Sleep, EUA, 2019) de Mike Flanagan
HBO Max
Terror. Homem sensitivo é assombrado pelo passado ao descobrir que uma garota com poderes é caçada por uma estranha maligna.


O ENFERMEIRO DA NOITE
(The Good Nurse, EUA, 2022) de Tobias Lindholm
Netflix
Suspense. Experiente enfermeira suspeita que um colega seu seja o responsável por mortes misteriosas no hospital.



O EXORCISMO DE EMILY ROSE
(The Exorcism of Emily Rose, EUA, 2005) de Scott Derrickson
HBO Max
Terror. Padre é levado a julgamento após realizar um exorcismo em que a vítima não sobrevive ao ritual.



GREASE - NOS TEMPOS DA BRILHANTINA
(EUA, 1978) de Randal Kleiser
Paramount+
Musical. Dois adolescentes que tiveram um caso de verão descobrem que estudarão na mesma escola.





MY POLICEMAN
(EUA/Inglaterra, 2022) de Michael Grandage
Amazon Prime
Drama. Na Inglaterra de 1950, um policial casado tem um caso homossexual e esse fato o seu casamento hetero.

quinta-feira, novembro 10, 2022

Nada de Novo no Front

(Im Westen Nichts Neues, Alemanha, 2022)
Direção: Edward Berger
Elenco: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Daniel Brühl.

Na Alemanha da Primeira Guerra Mundial, Paul, um jovem que mal saiu da adolescência decide se alistar para lutar na guerra por pressão dos amigos e a contragosto dos pais. E na empolgação inicial pelo dever cívico vai se transformando em morte, dor desespero em virtude da brutalidade e selvageria das trincheiras. E enquanto soldados lutam e morrem, as autoridades alemãs demonstram falta de humanidade ao prolongar uma guerra que já não faz muito sentido.
Baseado no romance alemão de Erich Maria Remarque e que Hollywood adaptou em 1930 (e que ganhou o Oscar de melhor filme). Esta nova adaptação chama atenção por ser falado na língua nativa do livro e usa o realismo nas cenas das trincheiras para expor o horror da guerra e os seus traumas que geram aos combatentes. Nessa linha o filme recorda o sucesso inglês 1917. Mas se a obra de Sam Mendes transforma um filme de guerra em um empolgante jogo de videogame - e também anula o horror das batalhas o que eu considero um desrespeito pois a guerra não deve ser banalizada ou romantizada, e sim ser retratada como ela é para que não se repita. O filme de Edward Berger vai fundo na experiencia nas trincheiras e não polpa o espectador do terror e dos traumas. E o ponto alto do filme vai para a ótima produção que vai da reconstituição de época precisa. Destaca-se a sensorial trilha sonora de Volker Bertelmann que substitui uma música melancólica por sons diferentes e que brinca com o que está acontecendo na tela. A linda fotografia de James Friend que usa as sombras e o jogo de luzes para elucidar a barbárie e o caos e acentua a tristeza dos fatos. Outro plus é o trabalho de câmera de Berger que filma longas tomadas sempre enaltecendo a loucura e também a melancolia. Nada de Novo no Front é um bom filme de guerra que não tenta reinventar o gênero como Apocalypse Now, ou o uso da criatividade como 1917 ou Dunkirk, mas vai direto ao ponto ao registrar o que o homem pode fazer de pior para a humanidade.

sábado, novembro 05, 2022

Blonde

(EUA, 2022)
Direção: Andrew Dominik
Elenco: Ana de Armas, Adrien Brody, Bobby Cannavale, Julianne Nicholson.

Biografia de um dos maiores mitos de Hollywood: Marilyn Monroe. Nascida Norma Jean, sem pai (uma figura que ela persegue a vida toda) e a mãe com sérios problemas psicológicos, a loira platinada entraria para a história da cultura, mas sempre cercada de polêmicas e abusos por parte da sociedade e principalmente no sistema de Hollywood.
Baseado na polêmica obra de Joyce Carol Oates na qual a autora aprovou a adaptação de Dominik, Blonde gera um grande debate onde quer que passe. Na minha visão, o filme apresenta poucos pontos  positivos...mas muitos aspectos negativos.
Nos pontos positivos fica por conta da ótima atuação da Ana de Armas que mostra com naturalidade a sensualidade singular da estrela e a atormentação imposta. A linda fotografia de Chaysi Irvin que usa as cores e principalmente o preto e branco para realçar a beleza e o pesadelo e a desorientação da protagonista. Outro bom aspecto é a narrativa que foge do formato tradicional.
Já os pontos negativos são muitos. A começar pela infantilização de Marilyn chamando todos os seus companheiros de papai que causa irritação. A obsessão em ter um filho a ponto de expor conversas dela com o feto que soou forçado. Foca demais nas desgraças da Monroe, e esquece os momentos de empoderamento da atriz e pouco elucida uma profissional que buscava o seu melhor artisticamente como na bonita cena da conversa entre ela e Arhur Miller.
O filme não é tão pesado assim - quem acompanha a cinebiografia de Lars von Trier entenderá - mas causa um tremendo incômodo a respeito da visão do diretor em explorar a imagem da loira platinada como um objeto sexual.
O filme só foca na desgraça e sexualização da estrela - uma impressionante misógina do diretor que ficou mais gritante ao recordar a sua cinebiografia. Se nos filmes anteriores os personagens masculinos são a predominância e eram figuras marcantes; em Blonde, o diretor diminui a figura histórica da estrela para materializar uma vida difícil somada a uma Hollywood que com o seu star sytem executou e estrangulou tantas vidas...mas de uma forma pejorativa. Pelo menos o filme serve como discussão sobre a misoginia: infelizmente um tema atual tanto dentro como fora das telas.

terça-feira, novembro 01, 2022

Fome de Viver

(The Hunger, Inglaterra, 1983)
Direção: Tony Scott
Elenco: Catherine Deneuve, David Bowie, Susan Saradon, Cliff De Young.

Um casal de vampiros que se adaptou aos tempos atuais caçando vítimas com discrição tem a sua rotina abalada quando John apresenta um quadro de envelhecimento que expande em uma velocidade impressionante. Com a aproximação de seu fim, a companheira Miriam se aproxima da médica Sarah que realiza estudos sobre como prolongar a vida do ser humano.
Primeiro filme de Tony Scott (Top Gun - Ases Indomáveis e Amor à Queima-Roupa) é um de seus melhores trabalhos. Fome de Viver é um exemplo máximo do cinema em voga nos anos de 1980: um misto de estética de propaganda de sabonete com videoclipe da MTV. E aqui essa abordagem combina perfeitamente com a adaptação do livro de Whitley Strieber criando um singular filme de terror chique, glamouroso, ou melhor ainda, uma obra gótica vamp graças a soturna trilha sonora de Howard Blake, Denny Jaeger e Michel Rubini que mescla com a música clássica criando belas cenas ao lado da fotografia de cores frias em ambientes escuros e fechados de Stephen Goldblatt expondo o "calabouço" físico e mental do casal de protagonistas. Mas é o elenco incrível que tona o filme um achado. David Bowie expõe com dignidade um vampiro em uma situação incomum: o fim da existência. Já Catherine Deneuve - mais bela do que nunca - em figurinos chiques da veterana Milena Canonero, é um iceberg em erupção vulcânico. Uma dama que não perde o sex appeal em um momento doloroso, e até mesmo em um dos temas chaves do filme que é a brevidade da vida. Este tema se soma a dominação e o instinto de caçador. Fome de Viver tem um roteiro raso, mas o seu forte vem do apurado senso estético, um ritmo de videoclipe que fascina. Um cult instantâneo; um cinema aos olhos de hoje que deixa uma certa saudade.