sábado, novembro 05, 2022

Blonde

(EUA, 2022)
Direção: Andrew Dominik
Elenco: Ana de Armas, Adrien Brody, Bobby Cannavale, Julianne Nicholson.

Biografia de um dos maiores mitos de Hollywood: Marilyn Monroe. Nascida Norma Jean, sem pai (uma figura que ela persegue a vida toda) e a mãe com sérios problemas psicológicos, a loira platinada entraria para a história da cultura, mas sempre cercada de polêmicas e abusos por parte da sociedade e principalmente no sistema de Hollywood.
Baseado na polêmica obra de Joyce Carol Oates na qual a autora aprovou a adaptação de Dominik, Blonde gera um grande debate onde quer que passe. Na minha visão, o filme apresenta poucos pontos  positivos...mas muitos aspectos negativos.
Nos pontos positivos fica por conta da ótima atuação da Ana de Armas que mostra com naturalidade a sensualidade singular da estrela e a atormentação imposta. A linda fotografia de Chaysi Irvin que usa as cores e principalmente o preto e branco para realçar a beleza e o pesadelo e a desorientação da protagonista. Outro bom aspecto é a narrativa que foge do formato tradicional.
Já os pontos negativos são muitos. A começar pela infantilização de Marilyn chamando todos os seus companheiros de papai que causa irritação. A obsessão em ter um filho a ponto de expor conversas dela com o feto que soou forçado. Foca demais nas desgraças da Monroe, e esquece os momentos de empoderamento da atriz e pouco elucida uma profissional que buscava o seu melhor artisticamente como na bonita cena da conversa entre ela e Arhur Miller.
O filme não é tão pesado assim - quem acompanha a cinebiografia de Lars von Trier entenderá - mas causa um tremendo incômodo a respeito da visão do diretor em explorar a imagem da loira platinada como um objeto sexual.
O filme só foca na desgraça e sexualização da estrela - uma impressionante misógina do diretor que ficou mais gritante ao recordar a sua cinebiografia. Se nos filmes anteriores os personagens masculinos são a predominância e eram figuras marcantes; em Blonde, o diretor diminui a figura histórica da estrela para materializar uma vida difícil somada a uma Hollywood que com o seu star sytem executou e estrangulou tantas vidas...mas de uma forma pejorativa. Pelo menos o filme serve como discussão sobre a misoginia: infelizmente um tema atual tanto dentro como fora das telas.

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