Destaques nos cinemas

MISSÃO IMPOSSIVEL 7: ACERTO DE CONTAS PARTE I
(Mission: Impossible - Dead Reckoning Part One, EUA, 2023) de Christopher McQuarrie 

Ação. O famoso agente Ethan Hunt e sua equipe buscam uma arma que em mãos perigosas pode ser prejudicial a humanidade.

OPPENHEIMER
(EUA, 2023) de Christopher Nolan

Drama. Biografia do polêmico físico J. Robert Oppenheimer, considerado o pai da bomba atômica.

BARBIE

(EUA, 2023) de Greta Gerwig

Comédia. Na terra encantada da Barbie, uma de suas bonecas percebe que não se encaixa neste ambiente e é jogada para o mundo dos humanos.

Lançamentos nos streamings

BABILÔNIA

(Babylon, EUA, 2022) de Damien Chazelle

Paramount+

Drama. No surgimento de Hollywood vários artistas se aventuram em festas e excentricidades inimagináveis.

O CASO DOS IRMÃOS NAVES

(Brasil, 1967) de Luís Sérgio Person

Mubi

Drama. Na ditadura de Getúlio Vargas, dois irmãos são acusados (e abusados) de um crime que não cometeram.

CLUBE DA LUTA

(Fight Club, EUA, 1999) de David Fincher

Mubi

Suspense. Executivo desiludido com a vida ver um novo sentido ao entrar em um clube da luta.

ERASERHEAD

(EUA, 1977) de David Lynch

Mubi

Terror. Ao engravidar uma mulher, tímido operário se casa com ela e esta gera uma criatura insólita.

OS GUARDAS-CHUVAS DO AMOR

(Les Parapluies de Cherbourg, França, 1964) de Jacque Demy

Mubi

Musical. Quando o namorado parte para o exército, garota se descobre grávida e passa por dilemas para não ficar mal falada na cidade.

INFILTRADO NA KLAN

(BlacKkKlansman, EUA, 2018) de Spike Lee

Amazon Prime

Policial. Policial decide se infiltrar na Ku Klux Klan, mas tem um detalhe: ele é negro.

LÚCIO FLÁVIO - O PASSAGEIRO DA AGONIA

(Brasil, 1977) de Hector Babenco

Mubi

Policial. Biografia do famoso ladrão de bancos dos anos de 1960 que usava a ousadia para fugir da polícia.

PÂNICO

(Scream, EUA, 2022) de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett

Netflix

Terror. Vinte e cinco anos após os crimes em Woodsboro, novos assassinatos acontecem tirando o sossego de Sidney.

PARASITA

(Gisaengchung, Coréia do Sul, 2019) de Joon-ho Bong

HBO Max

Drama. Família pobre - e trambiqueira - percebe que se pode dar bem ao se tornar íntima de uma família rica.

 

SPENCER

(Inglaterra/EUA/Chile, 2021) de  Pablo Larrain

HBO Max

Drama. Nas vésperas do natal, a Princesa Diana decide dar uma guinada ousada ao pedir divórcio do Príncipe Charles.

VIOLÊNCIA E PAIXÃO

(Gruppo di Famiglia in un Interno, Itália/França, 1974) de Luchino Visconti

Mubi

Drama. Um solitário professor aposentada ver sua rotina ser sacudida com a chegada de estranhos vizinhos.

Elementos

(Elemental, EUA, 2023)
Direção: Peter Sohn

Na Cidade Elemento vive uma sociedade composta pelos quatros elementos da natureza: terra, fogo, ar e água. E nesse ambiente somos apresentados a família da garota Faísca. Em virtude de sua natureza (fogo), eles não são bem vistos na cidade mas conseguem sobreviver ao morar e trabalhar em uma comunidade só de fogo. E a família da Faísca tem um comércio pujante em que a protagonista futuramente se tornará proprietária. O problema é que a Faísca tem um pavio curto - melhor dizer - qualquer estresse ela literalmente explode o que piora ainda mais com a chegada do funcionário público Gota (da natureza água).

Com críticas mistas no Festival de Cannes 2023 e uma recepção decepcionante por parte do público, Elementos se transformou numa derrocada no caminho da Pixar. Mas ao assistir o filme confesso que o filme me agradou e me fez rir em bons momentos e me encantou em outros até em virtude do visual sensacional padrão da Pixar.

A animação fala do preconceito, xenofobia, baixa autoestima (o fato da Faísca ser explosiva para agradar a família), o amor impossível (uma versão interessante do clássico Romeu e Julieta). Mas justamente pelos muitos temas abordados se torna o ponto negativo do irregular roteiro que não sabe lidar com tantos tópicos. É uma pena que também não explora outros elementos no enredo (os elementos ar e terra são quase descartáveis em relação ao protagonismo absoluto do fogo e água).

E se a Pixar queria atingir ao seu público amplo (das crianças pequenas aos adultos) - o alvo foi certamente os adolescentes ao expor o primeiro amor dos jovens protagonistas. Assim, Elementos é uma comédia romântica inofensiva que tem seus bons momentos (como a Faísca na casa do Gota).

Dois Dias, Uma Noite

(Deux Jour, Une Noit, França/Bélgica, 2014)
Direção: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Elenco: Marion Coutillard, Fabrizio Rongione, Pili Groyne, Olivier Gourmet.

Saindo de uma profunda depressão, Sandra passa por uma nova provação: risco de perder o emprego. Para garantir a sua moradia e de sua família, Sandra junta todas as suas forças para convencer os seus colegas a permanecer no trabalho mas os encontros com o seus parceiros em um único fim de semana é um teste de coragem, força e resistência.

A França é conhecida pela defesa dos diretos trabalhistas (e que muitos alegam que isso torna o país não competitivo). Esse impasse é representado brilhantemente em Dois Dias, Uma Noite. E como o seu colega britânico Ken Loach, os irmãos Dardenne acertam em cheio na via crucis da protagonista (e na escolha de Sofia de seus colegas) em que todos saem perdendo pois é evidente a via dupla cruel do emprego escasso com o alto custo de vida. E nesse ciclo triste testemunhamos o desespero de várias pessoas que vai de perder a casa, dar uma nova guinada em sua vida e até mesmo um desejo autoritário de cônjuges.

O ponto alto do filme é a ótima atuação de Marion Coutillard (merecidamente indicada ao Oscar) especialmente na cena da conversa no carro com o seu marido em que este blinda qualquer sentimento depressivo por causa de uma música que toca na rádio.

Com o estilo realista, sem trilha sonora e fotografia naturalista, os irmãos belga Dardenne fazem uma pujante crítica a um mundo capitalista em que os empregos se tornam mais voláteis enquanto a qualidade de vida dos trabalhadores retrocedem. Uma realidade comum (e triste) em todo mundo.

Os Idiotas

(Idioterne, Dinamarca/Suécia, 1998)
Direção: Lars von Trier
Elenco: Bodil Jorgensen, Jens Albinus, Anne Louise Hassing, Nikolaj Lie Kaas.

Karen é uma mulher com ar meio desorientada que entra em um restaurante. No estabelecimento ela testemunha dois jovens deficientes mentais que apresentam um comportamento atípico mexendo com os clientes até que um segura na mão dela e não larga mais. Karen conduz o jovem até o carro mas é obrigada a acompanhar este e seus amigos e responsáveis. Para a sua surpresa, Karen descobre que os jovens de deficientes não tem nada: eles fazem de "especiais" para provocar a sociedade - e ao mesmo tempo fugir da pressão e das convenções sociais. Karen descobre esse grupo intitulado de "idiotas" e acaba se tornando um dos membros.

Os Idiotas é o filme mais anárquico e provocativo do sempre polêmico Lars von Trier (Anticristo está na beirada neste ranking). Aqui ele mistura documentário, drama e muito humor para causar o maior desconforto possível ao público. Assistir a este filme não é fácil pois o diretor faz questão de testar a paciência do espectador com a linguagem crua, real de um grupo que usa a língua da anarquia para criticar o capitalismo socialista da Escandinávia; o de cutucar os bons modos e expor o desconforto de uma sociedade em relação as pessoas com alguma síndrome ou deficiência.

O filme também aborda a importância do experimentalismo - algo visto de outro conterrâneo seu no recente Druk - Mais Uma Rodada (2020). Mas se no filme de Thomas Vinterberg o tom é mais comedido e otimista; Trier cai de cabeça em sua zona de conforto ao expor as neuras, e o seu olhar pessimista do mundo.

Mas o principal mérito do filme é a fascinação do diretor de quase torturar o público para no fim dar uma porrada e desnortear o espectador mais desavisado. Sem dúvida nenhuma um dos melhores filmes do diretor mas que não é o melhor pois senti falta dos diálogos mais instigantes. Mas é um ótimo filme - se você deixar se permitir até o seu fim.