quinta-feira, abril 25, 2024

Festival de Berlim 2024

 



Nos dias 15 a 25 de fevereiro aconteceu o primeiro grande festival do ano, o Festival de Berlim. Nesta edição o festival foi presidido pela atriz queniana Lupita Nyong´o. Os demais membros são: o cineasta americano Brady Corbett a cineasta de Hong Kong Ann Hui, a cineasta alemão Christian Petzold, o diretor espanhol Albert Serra, a atriz e cineasta italiana Jasmine Trinca, e a escritora ucraniana Oksana Zabuzhko. E este eclético júri cedeu o Urso de Ouro encontrou uma seleção morna de filmes na competição oficial e no fim entregou o prêmio máximo - mais uma vez - para um documentário francês. A obra de Mati Diop, Dahomey, levou o Urso de Ouro com ao relatar a França devolvendo tesouros históricos de Benin que foram saqueados no século 19. Outros destaques da mostra foram: o iraniano My Favorite Cake de Maryam Moghaddam, um drama de uma senhora viúva que descobre a verdade sobre o marido; o alemão The Devil´s Bath de Veronika Franz e Severin Fiala, um terror singular sobre um casal que perdeu a conexão; o alemão Langue Étrangère de Claire Burger que relata a paixão de uma jovem francesa por um alemão; o alemão In Liebe, Eure Hilde de Andreas Dresen sobre um grupo de resistência alemã contra o nazismo; e o grego Arcadia de Yorgos Zois que expõe um casal de médicos que viajam para o deserto. Já o Brasil fez bonito no festival como não se via nos últimos anos e saiu da Berlinare com prêmios como o caso de Cidade; Campo de Juliana Rojas que aborda o êxodo rural e urbana do Brasil atual - vencedor do prêmio de direção na mostra Encontros; Dormir de Olhos Abertos de Nele Wohlatz que mostra Recife sob o olhar de dois asiáticos - vencedor do prêmio FIPRESCI; e Betânia de Marcelo Botta que aborda a natureza idílica dos Lenções Maranhenses na rotina das pessoas.

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A lista dos vencedores do Festival de Berlim 2024:

Urso de Ouro de Melhor Filme: Dahomey (França) de Mati Diopi

Urso de Prata (Grande Prêmio do Júri): A Traveler´s Needs (Coreia do Sul) de Hong Sang-soo

Urso de Prata de Melhor Diretor: Nelson Carlos de Los Santos Arias - Pepe (Republica Dominicana)

Urso de Prata de Melhor Interpretação: Sebastian Stan - A Diferrent Man (EUA)

Urso de Prata de Melhor Interpretação Coadjuvante: Emily Watson - Small Things Like These (Irlanda)

Urso de Prata de Melhor Roteiro: Sterben (Alemanha) de Matthias Glasner

Urso de Prata - Prêmio do Júri: The Empire (França) de Bruno Dumont

sábado, abril 20, 2024

Destaques nos cinemas

GUERRA CIVIL
(Civil War, EUA/Inglaterra, 2024) de Alex Garland
Ficção cientifica. Uma equipe de jornalistas cobrem uma nova guerra civil dos EUA.



RIVAIS
(Challengers, EUA, 2024) de Luca Guadagnino
Comédia. A relação de um tenista em ascensão e sua treinadora ganha um combustível inesperado com a aparição de um outro tenista.

segunda-feira, abril 15, 2024

Lançamentos nos streamings

A COMILANÇA
(La Grande Bouffe, França, 1973) de Marco Ferreri
Mubi
Drama. Quatro amigos se reúnem em uma mansão com um único propósito: comer até morrer.


CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ
(The Naked Gun: From The Files of Police Squad!, EUA, 1988) de Jim Abrahams, Jerry Zucker e David Zucker
Paramount+
Comédia. Policial abobalhado é encarregado de descobrir quem está tramando o assassinato da rainha da Inglaterra.

DIAS PERFEITOS
(Perfect Days, Japão, 2023) de Win Wenders
Mubi
Drama. Servente japonês surpreende a todos pela visão ativa e positiva sobre a vida.


GLÓRIA
(eua, 1980) de john cassavetes
Mubi
Policial. Um garoto e sua vizinha são caçados por mafiosos em Nova Iorque por saberem demais sobre a máfia.


KISS-ASS QUEBRANDO TUDO
(Kiss-Ass, Inglaterra/EUA, 2010) de Matthew Vaughn
Globoplay
Comédia. Estudante decide personificar um herói mascarado para lutar pela justiça - mas as coisas não saem como esperado.



OPPENHEIMER
(EUA, 2023) de Christopher Nolan
Amazon Prime
Drama. Biografia do polêmico físico Robert Oppenheimer, mais conhecido como o pai da bomba atômica.


O PACIENTE INGLÊS
(The English Patient, EUA/Inglaterra, 1996) de Anthony Minguella
Netflix
Drama. Na Segunda Guerra Mundial, enfermeira cuida e escuta as lembranças de um paciente inglês vítima de um grave acidente.




O PODEROSO CHEFÃO
(The Godfather, EUA, 1973) de Francis Ford Coppola
Netflix
Drama. Os dramas familiares e a vida perigosa da família de mafiosos, Corleone.



PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN
(We Need to Talk About Kevin, Inglaterra/EUA, 2011) de Lynne Ramsay
Mubi
Drama. Mãe reflete sobre a criação de seu filho após este cometer um atentado que matou várias pessoas numa escola.


SEGREDOS DE UM ESCÂNDALO
(December May, EUA, 2023) de Todd Haynes
Amazon Prime
Drama. Para interpretar uma mulher real e polêmica, uma atriz ambiciosa entra em contato com a própria biógrafa gerando consequências inesperadas.

TODOS NÓS DESCONHECIDOS
(All of Us Strangers, Inglaterra/EUA, 2023 ) de Andrew Haigh
Star+
Drama. Solitário roteirista busca inspiração no seu doloroso passado enquanto se relaciona com um vizinho.

quarta-feira, abril 10, 2024

Todos Nós Desconhecidos

(All of Us Strangers, Inglaterra/EUA, 2023)
Direção: Andrew Haigh
Elenco: Andrew Scott, Paul Mescal, Claire Foy, Jamie Bell.

Adam é um roteirista a beira dos 40 anos de idade que vive em prédio novo e tecnológico ao redor de Londres. Lá, chama atenção do único inquilino, Harry. De início Harry tenta uma aproximação com o Adam que não é correspondido. Mas o que atrai a atenção do protagonista é o seu passado. Ao achar uma foto velha ele encontra a antiga casa de sua família e lá - como um passe de mágica - reencontra os pais que morreram quando ele tinha 12 anos. O encontro é marcado por alegrias e traumas do passado.
Todos Nós Desconhecidos é uma livre adaptação do romance de Taichi Yamada e aqui o diretor Andrew Haigh acertou no alvo. Aqui a melancolia se junta ao surreal na medida certa ao mostrar os passos de um ser que perdeu a conexão ao mundo (longe da cidade, longa das pessoas) mas que sente uma tremenda necessidade de se encaixar (ficar com o Harry). Aqui os sentimentos são dúbios e o diretor filma com um vigor impressionante.
Responsável pela série da HBO, Looking, Haigh aborda pessoas desconectas ao mundo; seres a procura do conforto perante a solidão. Por isso que a fotografia escura de Jamie Ramsay pode incomodar no início mas no decorrer da narrativa faz todo sentido ao expor um mundo tanto exterior como o próprio interior do protagonista (um ser fragilizado pela vida) que busca por uma redenção que parece nunca vir.
O filme apresenta uma ótima seleção de músicas que mostra o melhor do pop britânico dos anos de 1980 a 1990. Destaque para a ótima dupla Andrew Scott, Paul Mescal que apresenta uma ótima química - em especial Andrew Scott que dá um show ao expor todo o peso do personagem Adam na tela.
Aberto a interpretações, Todos Nós Desconhecidos é um drama doloroso que faz refletir como é difícil e nos encaixamos a sociedade (e a pressão que a sociedade impõe aos "excluídos"). E essa exigência abre dores, lacunas irreversíveis. E o final é de cortar o coração...ou não. Um filmaço sobre a falta de conexão e a busca desenfreada ao pertencimento. Andrew Haigh faz uma espécie de A Vida Invisível sob a ótica gay. Assim, Todos Nós Desconhecidos é um símbolo para a geração gay que viveu nos anos 1980 e 1990, e os personagens Adam e Harry refletem a terrível sensação de uma época em que a falta de visibilidade e o forte preconceito marcaram emocionalmente a comunidade gay.

sexta-feira, abril 05, 2024

Ficção Americana

(American Fiction, EUA, 2023)
Direção: Cord Jefferson
Elenco: Jeffrey Wright, Sterling K. Brown, Erika Alexander, Issa Rae.

Monk é um professor de literatura de gênio difícil e um escritor de uma carreira que ainda não decolou. Diante de uma rotina nada interessante, os seus dias de sossego (se é que ele tem um!) terminam em virtude de uma cadeia de acontecimentos. Após o luto da morte repentina de sua irmã, ele se vê como o único responsável pela sua mãe que sofre de mal de Alzheimer já que o irmão caçula não demonstra interesse em dar suporte. E na carreira, ele escreve um livro cheio de estereótipos sobre o negro que inesperadamente se torna um sucesso literário.
Com uma longa carreira de sucesso na televisão, o cineasta e roteirista Cord Jefferson estreia com o pé direito no cinema com o ótimo e corrosivo Ficção Americana, adaptação do livro de Percival Everett. Pela falta de experiência, Jefferson reproduz alguns cacoetes da televisão mas isso não diminui a força do seu corajoso argumento. Aqui ele joga na tela todo o racismo velado na sociedade e em especial no mundo das artes. O intelectual Monk expõe que uma parcela do mundo ainda trata e retrata a minoria com pena e compaixão (violência, pobreza, a visão do gueto) - ao invés de incentivar e publicar uma população pulsante e que não pertence ao estereótipo comum (mesmo que o racismo seja uma realidade). E o diretor sabe dosar isso com a exposição do protagonista em uma família desestruturada (algo humanamente comum) e que ainda vive a sombra de um pai que já morreu mas que parece mais vivo do que nunca.
Além do roteiro afiado e sem medo de tocar o dedo na ferida (com muito humor), a trilha sonora de Laura Karpman é uma delícia. Mas o seu ponto forte é o ótimo elenco. Jeffrey Wright dá um show no papel de um homem decepcionado pela carreira e completamente distante da família disfuncional. Sterling K. Brown rouba a cena como o irmão que busca a sua identidade tardiamente e joga na tela o sentimento de dubiedade quer existe na família. 
Ficção Americana é uma comédia dramática corrosiva sobre uma outra vertente do preconceito. Em que o preconceito escancarado é substituído por uma intolerância velada em que a sociedade acha que basta dar vozes a minorias e não buscar uma forma de igualar todos. o filme de Cord Jerffeson é uma inusitada combinação do humor de Billy Wilder e a provocação do Spike Lee.

segunda-feira, abril 01, 2024

Zona de Interesse

(The Zone of Interest, Inglaterra/EUA, 2023)
Direção: Jonathan Glazer
Elenco: Christian Friedel, Sandra Hüller, Lili Falk, Imogen Kogge.

Na Alemanha da Segunda Guerra Mundial, o comandante Rudolf Höss e sua esposa Hedwig apresentam a vida perfeita, moram em uma casa grande e o seu quintal verde cheio de plantas. Com uma rotina banal e frívola, a família Höss vive de forma plena, sem preocupações mas existe um detalhe importante e altamente mórbido. Ao lado da casa se encontra o local de trabalho de Rudolf, o terrível Campo de Concentração de Auschwitz.
Não é fácil sair do cinema após assistir ao filme Zona de Interesse. O desconforto misturado a desorientação me atingiu em cheio pois a obra parece se dividir em dois. Primeiro, uma parte visual que mescla a bela natureza em contraponto a casa do protagonista que soa como um lugar assombrado - uma redoma da rotina perfeita de uma família mas o comportamento antissemita é um show de humor mórbido e deprimente. Segundo, o som que escutamos - tanto para os personagens como o público - são os ecos tenebrosos do campo de concentração. O som horripilante casado com a trilha sonora de Mica Levi é um detalhe que não passa por despercebido. 
Zona de Interesse traduz com força a banalidade do mal; o de entender como uma boa parte da população como a alemã (uma sociedade "avançada") aceitou realizar massacres. Aqui, o casal de protagonistas se preocupa com o bem estar da família, com o futuro dos filhos; algo humano. No entanto, focando mais na vida do casal percebemos que ele é um comandante que só pensa na logística para aperfeiçoar a indústria da morte que virou os campos. Já a esposa, a coisa não é diferente. Ela só pensa na casa, como colocar as plantas para esconder o campo ao lado (esteticamente nada bonito); além de torturar os empregados (judeus escravos). Na medida que o horror ao lado se intensifica, a loucura de Rudolf e Hedwig cresce na mesma medida. O mal é uma energia que se auto alimenta. Por isso que o diretor Jonathan Glazer teve a liberdade de inserir um pouco de humanidade no meio do filme ao introduzir uma garota que esconde alimentos para os judeus - usando imagens em preto e branco em contraponto ao horror colorido da rotina dos protagonistas. Esse é o único ponto de respiro que o público sentirá em toda metragem do filme. Fora isso, Glazer realiza um dos melhores filmes de guerra de todos os tempos ao usar o sensorial como elemento narrativo para sentimos a natureza fria e cruel da natureza humana. Já um dos melhores filmes do século - uma força cinematográfica como poucas.

segunda-feira, março 25, 2024

Oscar 2024



Se teve uma edição que foi totalmente previsível foi a de 2004. Mesmo com uma ótima safra de filmes em 2023, a inacreditável bilheteria de Oppenheimer - uma obra totalmente fora da caixa para os padrões blockbuster - foi a definição para o filme de Christopher Nolan ter se tornado o favorito ao prêmio principal da Academia desde sua estréia em julho. Já a ousadia de Barbie não foi o suficiente para atrair votos e saiu da festa com o minguado prêmio de canção. Mas os sete prêmios para Oppenheimer foi tímido para quem desejava fazer uma rapa na premiação (até a obra-prima Zona de Interesse levou na categoria de som em que o filme de Nolan era um prêmio certo). E mais uma vez Scorsese sai de mãos vazias com o maravilhoso Assassino da Lua das Flores e Lanthimos mostra toda a força criativa em Pobres Criaturas vencendo em 4 merecidas categorias incluindo uma assombrosa Emma Stone como atriz. E como eu cometei em dezembro de 2023, este ano foi de glória para o cinema japonês - e o Oscar refletiu isso ao dar aos japoneses o prêmio de animação (O Menino e a Garça) e efeitos visuais (Godzilla Minus One).


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A lista dos vencedores do Oscar 2024:


MELHOR FILME: Oppenheimer
MELHOR FILME INTERNACIONAL: Zona de Interesse (Inglaterra)
MELHOR FILME EM ANIMAÇÃO: O Menino e a Garça
MELHOR DOCUMENTÁRIO: 20 Dias em Mariupoli
MELHOR CURTA-METRAGEM: A Incrível História de Henry Sugar
MELHOR DIREÇÃO: Christopher Nolan (Oppenheimer)
MELHOR ATOR: Cillian Murphy (Oppenheimer)
MELHOR ATRIZ: Emma Stone (Pobres Criaturas)
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Robert Downey Jr. (Oppenheimer)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:  Da´Vine Joy Randolph (Os Rejeitados)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: Ficção Americana
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Anatomia de uma Queda
MELHOR FOTOGRAFIA: Oppenheimer
MELHOR MONTAGEM: Oppenheimer
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO: Pobres Criaturas
MELHOR FIGURINO: Pobres Criaturas
MELHOR TRILHA SONORA: Oppenheimer
MELHOR CANÇÃO: Barbie
MELHOR SOM: Zona de Interesse
MELHOR EFEITOS VISUAIS: Godzilla Minus One
MELHOR MAQUIAGEM: Pobres Criaturas
MELHOR CURTA-METRAGEM EM DOCUMENTÁRIO: The Last Repair Shop
MELHOR CURTA-METRAGEM EM ANIMAÇÃO: War is Over!

quarta-feira, março 20, 2024

Destaques nos Cinemas

TODOS NÓS DESCONHECIDOS
(All of Us Strangers, Inglaterra/EUA, 2023) de Andrew Haigh
Suspense. Ao mesmo tempo que se envolve com o seu vizinho, roteirista consegue contatar com os pais mortos.

GARRA DE FERRO
(The Iron Claw, EUA, 2023) de Sean Durkin
Drama. Biografia dos irmãos Von Erich que tornaram a luta livre popular nos EUA na década de 1980.







UMA VIDA - A HISTÓRIA DE NICHOLAS WINTON
(One Life, Inglaterra, 2023) de James Hawes
Drama. Retrata a coragem do jovem Winton que salvou milhares de crianças judias da morte na Alemanha.




O HOMEM DOS SONHOS
(Dream Scenario, EUA, 2023) de Kristoffer Borgli
Fantasia. Um pai de família amargurado vê sua vida se tornar pesadelo quando sua imagem aparece nos sonhos de todo o mundo.

sexta-feira, março 15, 2024

Lançamentos nos Streamings

ALPHAVILLE

(Alphaville, Une Étrange Aventure de Lemmy Caution, França, 1965) de Jean-Luc Godard
Mubi
Suspense. No futuro, um detetive é encarregado de encontrar o inventor de uma máquina que esta dominando uma população da cidade de Alphaville

ASTEROID CITY
(EUA, 2023) de Wes Anderson
Amazon Prime
Drama. Nos anos de 1950, uma cidade do interior dos EUA entra em polvorosa em virtude de vários acontecimentos.


OS COLONOS
(Los Colonos, Chile, 2023) de Felipe Gálvez Haberle
Mubi
Drama. Em 1901, um fazendeiro contrata três homens para civilizar índios que habitam o sul do Chile.



FIM DE CASO

(The End of the Affair, Inglaterra/EUA, 1999) de Neil Jordan
Max
Drama. Um escritor esbarra em um homem que é casado com uma grande paixão do passado.



O FRANCO ATIRADOR
(The Deer Hunter, EUA, 1978) de Michael Cimino
Mubi
Dram. Três amigos tem a amizade abalada após retornarem aos EUA depois de lutar no Vietnã.


PRISCILLA
(EUA, 2023) de Sofia Coppola
Mubi
Drama. Biografia turbulenta do casal Elvis e Priscilla Presley.



REENCARNAÇÃO

(Birth, EUA, 2004) de Jonathan Glazer
Max
Drama. Garoto aparece na vida de uma viúva informando que é a reencarnação de seu marido.


WONKA
(Inglaterra/EUA, 2023) de Paul King
Max
Fantasia. O jovem Willy Wonka e o surgimento da fábrica de chocolates.

domingo, março 10, 2024

Vidas Passadas

(Past Lives, EUA/Coréia do Sul, 2023)
Direção: Celine Song
Elenco: Greta Lee, Tee Voo, John Magaro, Jojo T. Gibbs.

Há 24 anos atrás os pré-adolescentes Hae e Na se conhecem na escola e sentem uma conexão. No entanto, Na se mudará da Coréia do Sul para o Canadá e esse laço parece se perder. 12 anos se passaram - e graças à internet - eles voltam a conversar e a ligação continua acessa mesmo que Na - que agora se chama Nora - mora em Nova Iorque, e Hae continue em Seul. A atração é tão imediata que deixa Nora confusa com os seus sentimentos (e ambições) a ponto de pedir "um tempo" entre eles. E nos dias atuais, Hae decide ir a Nova Iorque para reencontrá-la mesmo sabendo que ela casou com um escritor americano.
Seul, Nova Iorque. 24 anos atrás. 12 anos atrás. Hoje. Calmamente, o tempo e o espaço mudam, passam. Mas o sentimento continua acesso. Assim, o primeiro filme de Celine Song surpreende ao imprimir uma carga intimista e uma segurança linda e devastadora sobre o poder do amor, a força do tempo usando a filosofia oriental como ponto de partida para uma obra de teor biográfico. É inevitável comparar Vidas Passadas a grande obra da Sofia Copolla - Encontros e Desencontros - pela visão feminina, sensível sobre os desdobramentos do destino. Cada escolha, cada ação gera uma sequência e o casal Hae e Noras ficam a mercê das circunstâncias mas a conexão nunca cede.
Totalmente focado nos três atores - e falado quase inteiramente em coreano - o trio esbanja sensibilidade com destaque para Greta Lee que ilumina a tela ao expor a força e a vulnerabilidade de Nora em suas decisões um pouco questionáveis mas humanas. Tee Voo mostra sensibilidade e sabe mostrar desapontamento que leva ao não desistir dessa paixão não consumada. Quando finalmente os dois dividem a tela juntos é nítido a conexão. E o ótimo John Magaro não cai na armadilha de virar vilão e bota pra fora todas as suas inseguranças (com civilidade) da ameaça que Hae possa representar em seu casamento.
Como diria Nora: quando casamos nos conectamos com alguém especial que sempre reencontraremos em várias reencarnações. Vidas Passadas simboliza como o destino e as nossas ações dão uma rasteira e ampliam o leque da tal cara metade (nesta vida não deu certo com o Hae; a escolha caiu para o Arthur). E tudo de uma forma delicada, sensível e humana. Uma grata e linda surpresa.

terça-feira, março 05, 2024

Pobres Criaturas

(Poor Things, Inglaterra/EUA, 2023)
Direção: Yorgos Lanthimos
Elenco: Emma Stone, Mark Ruffalo, Willem Dafoe, Ramy Youssef.

Um brilhante cientista ressuscita uma jovem grávida que acabara de cometer suicídio. Dr. Godwin é bem sucedido na experiência de deslocar o cérebro do feto para a cabeça da mãe. E assim nasce Bella, uma mulher atraente mas com um comportamento travesso de uma criança. E com um espírito contestador, ela ganha carta branca de seu "pai" - o Dr. Godwin - para viajar e conhecer o mundo antes de casar com o correto Dr. Max. E nessa jornada ela descobre os prazeres da carne com o advogado pilantra Duncan e as dificuldades da vida em cada canto do mundo.
O cineasta grego Yorgos Lanthimos descobriu um filão em Hollywood. Após fazer filmes indigestos e estranhos em que o ótimo Dente Canino é o ponto alto desta fase, o diretor grego apostou neste estilo em suas produções em língua inglesa. E esse casamento rendeu ótimos frutos. A ficção bizarra de O Lagosta; a deliciosa luta de poder e suas intrigas palacianas em A Favorita; e o intrigante terror simbólico de O Segredo do Cervo Sagrado. Em Pobres Criaturas, o diretor dobrou a aposta em uma produção de cair o queixo e descobriu uma musa para si: Emma Stone. Aqui o diretor brinca ao misturar os filmes de terror da Universal dos anos de 1930 com a visão distorcida do Expressionismo Alemão que caiu com uma luva nos enquadramentos inusitados do diretor.
A direção de arte e figurino são um deleite para os olhos ao imprimir um Século 19 futurista. A fotografia linda de Robin Ryan que explora bem a prisão de Bella em um preto e branco opressor, e em seguida a explosão de cores pastéis em sua jornada libertária. A trilha sonora totalmente singular de Jerskin Fendrix casa perfeitamente na proposta do filme que é de mostrar o desenvolvimento deste ser.
O elenco está fantástico em que Willem Dafoe e Emma Stone duelam na tela. Sob uma forte maquiagem, Dafoe evoca humanidade em um personagem carismático. Mas o filme é da Emma Stone que aqui sai da sua zona de conforto total e fica nua - literalmente - em uma personagem dificílima em que em mãos erradas seria um desastre completo. Uma atuação meticulosa e detalhista.
Pobres Criatiras é uma fabula adulta sobre liberdade ao brincar com os preceitos do clássico de Mary Shelley. Se em Frankenstein, a luta entre o criador e criatura é uma constante; na adaptação do livro de Alasdair Gray, o ceticismo científico fala mais alto o que prevalece o senso de experimentação. Ao ressuscitar, Bella ressurge com gosto de viver, provar um mundo de sensações (o sexo) e a dor da falta de humanidade dos homens. E nesse universo que mistura as novidades tecnológicas e o rigor social opressor, Lanthimos entrega uma inventiva e provocativa obra sobre a entrega ao prazer e liberdade. É um Mágico de Oz para adultos...mas sem o Totó.

sexta-feira, março 01, 2024

Segredos de um Escândalo

(May December, EUA, 2023)
Direção: Todd Haynes
Elenco: Natalie Portman, Julianne Moore, Charles Melton, Cory Michael Smith.

Elizabeth Berry é uma famosa atriz da televisão que a ser escalada para dar vida a uma personagem real - e polêmica - ela procura a própria pessoa a ser interpretada, a misteriosa Gracie como fonte de pesquisa. Assim, a  atriz vai se aproximando da vida dela, uma mulher que chocou a nação ao ter um caso com um adolescente de 13 anos. Ela tinha 36 anos na época. E vai fundo no estudo de personagem e fica fascinada com a dubiedade de Gracie mas também encontra pontas soltas na relação de Grace com Joe (agora na idade de 36 anos).
Confesso que ao sair da sessão de Segredos de um Escândalo fiquei pensativo. Admito que não estava preparado para as surpresas da narrativa do filme de Todd Haynes. Haynes é um cineasta conhecido pela competência em vagar em obras com cara de Hollywood dos anos de 1950 como Carol e Longe do Paraíso, e habilidade em dirigir filmes mais experimentais como Não Estou Lá e Veneno. Em Segredos de um Escândalo, ele dá uma nova guinada e posso dizer que aqui ele seria o clássico Persona de Ingmar Bergman dirigido pelo mestre Brian De Palma. Um dos pontos altos do filme é a deliciosa, dramática trilha sonora do brasileiro Marcelo Zarvos que executa um som de novela mexicana rasgada mas de forma sombria - lembrando saudosamente o ótimo parceiro do De Palma, Pino Donaggio. Na verdade a pedido do diretor, Zarvos usa a composição de Michel Legrand do clássico O Mensageiro de Joseph Losey.
Mas o filme não seria o mesmo sem o duelo de titãs entre Natalie Portman e Julianne Moore. Se Moore deita e rola em um papel zona de conforto, é Portman que surpreende ao dar vida a uma atriz que vai fundo ou até mesmo não mede esforços para atingir os seus objetivos. A atriz (a personagem) aos poucos vai absorvendo a natureza enigmática e confusa de Gracie. E no meio do tiroteio tem a revelação Charles Melton, que expõe um homem que aos poucos vai criando consciência sobre a sua relação com a esposa, uma mulher instável e muito manipuladora. 
Segredos de um Escândalo é um trabalho maduro sobre a arte, a dubiedade da realidade, e a consciência dos fatos. Não é um trabalho convencional mas se o público for apto a embarcar na jornada pode se surpreender pela visão humana de duas mulheres tão diferentes mas que se completam, que apresenta uma certa conexão que pode desestabilizar o que está em volta.

domingo, fevereiro 25, 2024

Festival de Sundance 2024


De volta a calmaria, o Festival de Sundance 2024 iniciou nos dias 18 a 28 de janeiro de 2024. E o grande vencedor desta edição foi In The Summers de Alessandra Lacorazza que conta a relação de duas irmãs com o seu pai nas férias de verão no México. Outros destaques do festival foram: A Real Pain de Jesse Eisenberg que conta a estória de dois primos que viajam para a Polônia e descobrem o passado sombrio da família; A Diferent Man de Aaron Schimberg que aborda um homem que se encontra em uma situação inusitada após uma cirurgia plástica; Presence de Steve Soderbergh que mostra uma família desfuncional morando em uma casa assombrada; Love Lies Bleeding de Rose Glass que conta a relação de duas mulheres que bate de frente com uma família perigosa.

O Brasil foi representado pelo filme Malu de Pedro Freire mostra três mulheres que lidam com os seus próprios fantasmas do passado. O filme recebeu boas criticas do festival.


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A lista dos vencedores do Festival de Sundance 2024:

FILME AMERICANO:
Grande Prêmio do Júri: In The Summers de Alessandra Lacorazza
Prêmio de Diretor: Alessandra Lacorazza - In The Summers
Prêmio de Roteirista Waldo Salt: Jese Eisenberg - A Real Pain
Prêmio Especial do Júri para Visão Artística: Izaac Wang, Joan Chen, Shirley Chen, Chang Li Hua de Didi
Prêmio Especial do Júri para Elenco: Suncoast de Nico Parker

FILME ESTRANGEIRO:
Grande Prêmio do Júri: Sujo (México) de Astrid Ronder e Fernanda Valadez 
Prêmio de Diretor: Raha Amirfazli e Alireza Ghasemi - In The Land of Brothers (Irã)
Premio Especial do Júri para Atuação: Preeti Panigrahi - Girls Will Be Girls (Índia)
Prêmio Especial do Júri pelo Espírito Inovador: Handling The Undead (Noruega) de Peter Raeburn

terça-feira, fevereiro 20, 2024

Destaques nos cinemas

O MAL QUE NOS HABITA
(Cuando Acecha La Maldad, Argentina, 2023) de Demiàn Rugna
Terror. No interior isolado da Argentina uma pandemia sobrenatural desespera seus habitantes.



POBRES CRIATURAS
(Poor Things, Inglaterra, 2023) de Yorgos Lanthimos
Drama. Após ser ressuscitada por um excêntrico cientista, jovem percorre o mundo em busca de experiências de vida.



ZONA DE INTERESSE
(The Zone of the Interest, Inglaterra, 2023) de Jonathan Glazer
Drama. Na Alemanha da Segunda Guerra Mundial, uma família vive uma rotina comum e banal.



GARRA DE FERRO
(The Iron Claw, EUA, 2023) de Sean Durkin
Drama. Biografia da família Von Erich que impulsionaram a luta livre na década de 1980.



TODOS NÓS DESCONHECIDOS
(All of Us Strangers, Inglaterra, 2023) de Andrew Haigh
Suspense. Ao embarcar em uma relação casual com o seu vizinho, roteirista enfrenta o seu próprio passado.



DUNA - PARTE 2
(Dune - Part 2, EUA, 2024) de Dennis Villeneuve
Ficção cientifica. Continuando a jornada de Paul Atreides que busca vingança pela destruição de sua família.



O SABOR DA VIDA
(La Passion de Dodin Bouffant, França/Bélgica, 2023) de Anh Hung Tran
Drama. A culinária mistura a relação amorosa de mais de 20 anos entre uma cozinheira e o seu patrão.

quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Lançamentos nos Streamings

BELFAST
(Irlanda, 2021) de Kenneth Branaght
Amazon Prime
Drama. Um garoto testemunha os conflitos políticos e sociais da Irlanda no fim da década de 1960.




DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS
(Brasil, 1976) de Bruno Barreto
Mubi
Comédia dramática. Jovem viúva casa novamente e o espírito do seu falecido marido volta para atormenta-lá.


DR. FANTÁSTICO
(Dr. Strangelove Or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, Inglaterra, 1964) de Stanley Kubrick
HBO Max
Comédia. No auge da guerra fria, um general perde a cabeça a ponto de insuflar uma nova guerra mundial.


IRREVERSÍVEL

(Irréversible, França, 2002) de Gaspar Noé
Mubi
Suspense. Dois amigos saem na noite de Paris em busca de vingança após a namorada de um deles ter sido violentada e estuprada.


MARTE UM
(Brasil, 2022) de Gabriel Martins
Globopaly
Drama. Uma família pobre de Belo Horizonte tenta sobreviver cada dia e atingir os seus sonhos em um momento de incerteza política no Brasil.


MISSÃO IMPOSSIVEL -ACERTO DE CONTAS - PARTE 1
(Mission: Impossible - Dead Reckoning Part One, EUA, 2023) de Christopher McQuarrie
Paramount+
Suspense. Uma arma mortal esta sendo construída e o espião Ethan Hunt e equipe buscam o equipamento o mais rápido possível.

O SEGREDO DE VERA DRAKE
(Vera Drake, Inglaterra, 2004) de Mike Leigh
Mubi
Drama. Na Inglaterra dos anos de 1950, uma boa senhora é flagrada realizando abortos o que causará um caos em sua vida e de sua família.


O SEQUESTRO DO VOO 375
(Brasil, 2023) de Marcus Baldini
Star+
Suspense. Em 1988, um desempregado sequestro um avião com a intenção de atingir o Palácio do Planalto para matar o presidente do Brasil.

sábado, fevereiro 10, 2024

Priscilla

(EUA,2023)
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Cailee Spaeney, Jacob Elordi, Ari Cohen, Dagmara Dominczyk.

Na Berlim em 1960, a filha de um militar americano Priscilla Beaulieu é convidada a uma festa que terá a presença do astro do rock Elvis Presley. E na festa os dois se conhecem e a atração é imediata. O problema é que ele tem 24 anos e ela 14 anos. A diferença de idade incomoda os pais de Priscilla mas esta já está completamente apaixonada. E aos poucos Elvis vai ganhando confiança da família dela para consumar a relação - no entanto o mundo do entretenimento e o comportamento do amado não é bem o que Priscilla esperava.
Hollywood adora explorar a vida de Elvis Presley. Após o retumbante sucesso do filme de Baz Luhrmann em 2022 com Elvis, a sempre competente Sofia Coppola conseguiu carta branca para explorar o filão e adaptar a autobiografia da ex-esposa do rei do rock, Priscilla Presley. Aqui, o ponto de vista sobre o rei do rock muda e foca em um lado nunca explorado antes - para a ira dos fãs mais raiz do astro que sempre o veneram. Em Priscilla, aborda a relação problemática dos dois a começar pela atração dele por garotas bem mais novas (14 anos). E quando os dois vivem uma relação, ele introduz o mundo das drogas a garota além de manipulá-la como um mero objeto (ele que define a roupa, a maquiagem que ela tem que usar; ela é proibida de ligar para ele por telefone; e ate o sexo tem que ser do jeito dele o que é raro).
Aqui, Coppola surpreende e faz um dos seus filmes mais acessíveis em virtude de uma edição ágil de Sarah Fleck recheada de uma deliciosa seleção de músicas mas que se torna uma pequena falha pois as vezes ficamos perdidos com a dinâmica dos fatos (foca em um momento e depois dá um salto para um outro momento de forma abrupta). A fotografia soturna de Philippe Le Sourd é um destaque ao transformar a famosa mansão Graceland em uma prisão com muitas sombras em que parece não querer revelar o rosto da protagonista. Mas o tiro certeiro da cineasta foi na escalação do elenco. Jacob Elordi seduz e sabe humanizar a estranha persona de Elvis (realmente o ator australiano está em um momento muito bom da carreira). Mas o filme é da linda e delicada Cailee Spaeney. A atriz novata tem uma performance de veterana ao explorar as facetas de Priscilla; de uma jovem inocente completamente apaixonada a uma adulta desiludida com uma relação que de fato nunca consumiu.
Priscilla é um registro de uma paixão platônica, verdadeira de uma jovem mas que mesmo correspondida nunca foi consumada de verdade. Aqui, o casamento foi assinalado através da distância e da manipulação ao gosto do marido - para a tristeza e decepção de qualquer cônjuge.