quinta-feira, fevereiro 25, 2021

Sundance 2021


Como de praxe, o Festival de Sundance inaugura o início de premiações com filmes inéditos. E num ano ainda atípico, o festival aderiu ao formato online e não perdeu a característica de revelar obras que chamarão atenção no decorrer do ano. E nesta edição, o grande destaque foi o estadunidense CODA de Siân Heder, um bonito drama sobre uma jovem buscando um sentido em sua vida. Além de ganhar vários prêmios no festival, o filme de Heder chamou a atenção pelo canal de streaming da Apple ter comprado o filme com o incrível valor de 25 milhões de dólares. Outros filmes estadunidenses que chamaram atenção foram: Passing de Rebecca Hall que aborda a hipocrisia racial da década de 1920; John and the Hole de Pascual Sisto, um perturbador estudo sobre os sentimentos conflitantes de um adolescente; On the Count of Three de Jerrod Carmichael, uma comédia que conta a estória de um pacto suicida entre dois amigos; e a animação Cryptozoo de Dash Shaw que mostra um zoológico de feras fantásticas.
Na competição internacional, o filme de Kosovo, Hive de Blerta Basholli que conta a estoria de uma esposa em busca do seu marido desaparecido foi o grande vencedor. Outros filmes que se destacaram foram o brasileiro A Nuvem Rosa de Iuli Gerbase em uma original e atualíssima alusão da pandemia; e o tailandês One for the Road de Baz Poonpiriva, um road movie em que um homem tenta realizar o ultimo desejo de um amigo que está prestes a morrer .

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A lista dos vencedores do Festival de Sundance 2021:

FILME AMERICANO:
Grande Prêmio do Júri: CODA de Siân Heder
Prêmio de Diretor: Siân Heder - CODA
Prêmio de Roteirista Waldo Salt: Ari Katcher e Ryan Welch - On the Count of Three
Prêmio do Público: CODA - Siân Heder
Prêmio Especial do Juri para Melhor Ator: Clifton Collins Jr. - Jockey
Prêmio Especial do Júri para Elenco: CODA de Siân Heder

FILME ESTRANGEIRO:
Grande Prêmio do Júri: Hive (Kosovo/Suíça/Macedônia/Albânia) de Blerta Basholli
Prêmio de Diretor: Blerta Basholli - Hive (Kosovo/Suíça/Macedônia/Albânia)
Premio Especial do Júri para Atuação: Jesmark Scicluna - Luzzu (Malta)
Prêmio Especial do Júri por Cineasta Visionário: One for the Road de Baz Poonpiriya (China/Hong Kong/Tailândia)

sexta-feira, fevereiro 19, 2021

Destaques nos cinemas

JUDAS E O MESSIAS NEGRO

(Judas and the Black Messiah, EUA, 2021) de Shaka King
Drama. Agente do FBI consegue se infiltrar no grupo Panteras Negras e causa desestabilidade ao famoso movimento político.

segunda-feira, fevereiro 15, 2021

Lançamentos nos Streamings

UMA NOITE EM MIAMI
(One Night in Miami, EUA, 2020) de Regina King
Amazon Prime Vídeo
Drama. Quatro personalidades famosas da década de 1960 se reúnem para passar uma noite em um hotel em Miami para debater sobre direitos civis e o racismo.



MALCOLM & MARIE

(EUA, 2021) de Sam Levison
Netflix
Drama. Após participar de um evento bem-sucedido, casal discutem a sua relação e a sua ligação com o show business.



RELATOS DO MUNDO
(News of the World, EUA, 2020) de Paul Greengrass
Netflix
Drama. No século 19, um veterano de guerra cruza os EUA para devolver uma garota a sua família.

quarta-feira, fevereiro 10, 2021

Não Amarás

(Krokti Film o Milosci, Polônia, 1988)
Direção: Krzysztof Kieslowski
Elenco: Olaf Lubaszenko, Grazyna Szapolowska, Stefania Lwinska, Artur Barcis

Krzysztof Kieslowski é um mestre do cinema mais conhecido pelo grande público com a famosa trilogia das cores (A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca, A Fraternidade é Vermelha). Mas o seu trabalho mais importante é o Decálogo, uma coleção de dez filmes que adapta de forma personalíssima os Dez Mandamentos da Bíblia. E o último filme dessa coletânea é Não Amarás. 
Na Polônia da década de 1980 (e fim da Guerra Fria), um jovem, Tomek, vive espiando de sua janela a fogosa vizinha, e esse voyeurismo se transforma numa paixão platônica. Não Amarás não é um drama de amor com os seus eventuais clichês; és uma obra que expõe como poucos a dor da solidão. A solidão de um rapaz inexperiente que não compreende os seus sentimentos em relação a uma mulher. A solidão de uma mulher madura que há muito tempo se desencantou pelo amor. E pra aumentar a sensação de isolamento, o conjunto residencial onde vivem os protagonistas representa um microcosmo de suas vidas vazias, ao mesmo tempo, uma prisão em que pessoas especiais vão embora como o amigo de Tomek na Síria e um antigo caso da vizinha que vive na Austrália. Com uma bela e emotiva trilha sonora de Zbigniew Preisner e a classe da direção do mestre polonês, este consegue imprimir um retrato dos últimos dias da Polônia ocupada pelos soviéticos - um momento da história em que o isolamento imposto pela polaridade politica mundial estava desgastada. Lindo filme.

sexta-feira, fevereiro 05, 2021

O Som do Silêncio


(Sound of Metal, Bélgica/EUA, 2020)
Direção: Darius Marder
Elenco: Riz Ahmed, Olivia Cookie, Paul Raci, Mathieu Amalric

Pode parecer loucura mas se existe um filme que poderia resumir um pouco o espírito de 2020 esse seria o caso da surpresa O Som do Silêncio. Aqui o protagonista Ruben, um baterista de uma banda de rock com um histórico pesado se encontra numa condição inusitada: de uma hora para outra perde a audição. Se o enredo poderia facilmente trilhar para um tom pesado e depressivo, a estréia de Darius Marder explora novas camadas e vai na contramão: o poder humano da adaptação. Aqui começa um novo capitulo de superação de tantos tópicos da vida dolorida de Ruben, o de seguir a vida na condição de deficiente auditivo. A direção de Darius Marder é excelente por nunca cair no dramalhão e sempre buscar novas nuances de Ruben que ganha um plus com a atuação carismática de Riz Ahmed ao interpretar um homem que vê o destino lhe exigir por uma nova aprovação quando sua vida parecia tomar um rumo certo. Chama atenção também a atuação de Paul Raci no papel do mentor, um homem pragmático mas sem perder a sensibilidade. Mas o grande destaque do filme é o seu trabalho sonoro incrível que dá a oportunidade do público de estar na pele do personagem o que gera um desconforto imediato...ao mesmo tempo o cineasta teve a sacada genial de usar os efeitos sonoros como trilha sonora instrumental. O Som do Silêncio é um ótimo filme sobre adaptação e superação sobre as adversidades da vida...algo que a humanidade foi forçada a fazer no ano de 2020.

segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Mank


(EUA, 2020)
Direção: David Fincher
Elenco: Gary Oldman, Lily Collins, Amanda Seyfried, Arliss Howard.

Considerado um dos melhores cineastas dos EUA da atualidade, David Fincher tem em sua ótima filmografia deliciosos suspenses (Seven, Clube da Luta, Garota Exemplar) e intrigantes dramas (Rede Social, Zodíaco). E Mank faz parte do último grupo. Baseado no roteiro escrito pelo seu próprio pai, Jack Fincher, o diretor não vacila e faz um dos seus melhores e mais maduros trabalhos.
Focado no processo criativo do roteiro de um dos maiores filmes de todos os tempos, Cidadão Kane (1941), Mank vai além e expõe a vida do grande roteirista Herman Mankiewicz, e aproveita o gancho para elaborar um panorama político dos EUA da década de 1930 (que infelizmente não mudou nos tempos atuais) e testemunha o desenvolvimento dos grandes estúdios de Hollywood e seu atroz sistema. Com uma produção perfeita explorando o estilo cinematográfico da época desde do som mono a bela fotografia em preto e branco de Erik Messersschimidt ao design de produção suntuoso, o destaque fica com a inteligente montagem de Kirk Baxter que intercala o trabalho de Mank na década de 1940 com a sua visão sobre o poder na Califórnia na década anterior. O elenco está em estado de graça a começar com um contido mas carismático Gary Oldman no papel principal mas é Arliss Howard que rouba a cena como a figura histórica Louis B. Mayer. Em Mank, Fincher faz um belo trabalho sobre um homem que testemunha e luta contra um sistema que faz questão de esmagar projetos, alienar pessoas para se manter no poder, algo que se perpetua até hoje infelizmente.