sexta-feira, outubro 25, 2019

Festival de Toronto 2019

O Festival de Toronto 2019 chegou com uma ótima seleção de filmes inéditos; e também de filmes que fizeram sucesso no Festivais de Veneza/Cannes/Berlin/Sundance, reforçando o seu poder nas premiações de final de ano. Por isso que foi surpreendente o festival ter premiado uma obra acusada pela imprensa estadunidense de apologia ao nazismo, a comédia-dramática Jojo Rabbit (EUA/Alemanha) de Taiki Waititi que conta a estória de um garoto alemão que tem como melhor amigo imaginário Adolf Hitler. O Brasil marcou presença com a estréia de Três Verões de Sandra Kogut que não chamou muito atenção da imprensa canadense ao relatar a busca da ascensão de uma caseira.. Outros destaques do festival foram: A Beautiful Day in the Neighborhood de Marielle Heller (EUA) que fala da amizade entre um jornalista e um ícone da TV estadunidense; Our Lady of the Nile de Atiq Rahimi (Ruanda) em que numa Ruanda dividida, garotas estudam num conceituado internato católico; Waves de Trey Edwards Shuits (EUA) que exibi o relacionamento amoroso de dois casais; The Barefoot Emperor de Jessica Woodworth e Peter Brosens (Bélgica) que relata o rei da Bélgica sendo internado em um sanatório da Croácia; The Friend de Gabriela Coperthwaile (EUA) no qual um rapaz ajuda um amigo que está cuidando da esposa com câncer terminal; e Entre Facas e Segredos de Rian Johnson (EUA) que conta a estória de um detetive investiga a misteriosa morte de um escritor mestre em suspense.

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A lista dos vencedores do Festival de Toronto 2019:

Prêmio da Audiência: Jojo Rabbit (EUA/Alemanha) de Taiki Waititi (1º lugar); História de um Casamento (EUA) de Noah Baumbach (2º lugar); Parasite (Coréia do Sul) de Boog Joon-ho (3º lugar)

Documentário: The Cave (Síria/Dinamarca/Alemanha/EUA/Qatar) de Feras Fayyad

Seleção Midnight: El Hoyo (Uruguai) de Galder Gaztelu-Urrutia

Filme Canadense: Antigone de Siphie Deraspe

Plataforma do TIFF 2019: Martin Eden (Itália/França/Alemanha) de Pietro Marcello

terça-feira, outubro 15, 2019

Destaque nos cinemas

CORINGA
(Joker, EUA, 2019) de Todd Phillips
Drama. A trajetória da transformação do comediante fracassado Arthur Fleck para o representante do caos Coringa.



GRETA
(Brasil, 2019) de Armando Praça
Drama. Um solitário e carente enfermeiro gay se envolve sentimentalmente com um criminoso, e ao mesmo tempo cuida de uma amiga transexual adoentada.




LUNA
(Brasil, 2019) de Cris Azzi
Drama. Duas colegas do colégio tem o seu namoro em cheque quando uma foto íntima de uma delas é publicada na internet.

quinta-feira, outubro 10, 2019

Midsommar: O Mal Não Espera a Noite

(EUA/Suécia, 2019)
Direção: Ari Aster
Elenco: Florence Pugh, Jack Reynor, Vilheim Blomgren, Will Poulter

Dani é uma garota emocionalmente instável que passa por uma tragédia familiar somado a uma crise com o seu namorado. Diante de tanta desgraça, Dani e o seu namorado (e os seus amigos) vão ao interior da Suécia para participar de uma estranha festividade local.
O segundo longa de Ari Aster é uma grata surpresa pois bebe do seu primeiro filme, Hereditário, ao usar um drama familiar como um estopim para um terror dolorido filmado em locações internas, mas depois segue um caminho próprio quando foca na Suécia em que a luz solar, a natureza rupestre torna tudo belo...e pesado, visceral e chocante. E não se engane pela linda fotografia de Pawel Pogorzelsgi, o filme não mede esforços para torturar o público com a sua violência extremamente gráfica e cenas repugnantes. Para quem gosta de gore, vai se deliciar. E a obra ainda ganha um plus da ótima atuação de Florence Pugh que está estupenda numa personagem delicada. E se em Hereditário, Aster mostra competência num terror "tradicional" sobre doenças genéticas; em Midsommar, o mesmo é hábil em um horror mais fora da caixa sobre os malefícios de um relacionamento amoroso tóxico.

sábado, outubro 05, 2019

Chicuarotes

(México, 2019)
Direção: Gael Garcia Bernal
Elenco: Benny Emmanuel, Gabriel Carbajal, Daniel Giménez Cacho, Dolores Heredia

Cagalera é um jovem delinquente que vive num bairro carente da Cidade do México sem qualquer perspectiva de um futuro melhor. Não estuda, é homofóbico, sofre abuso do pais alcoólatra, e por fim tem uma ideia besta para mudar de rumo: sequestrar o filho de um homem influente da região.
O ator Gael Garcia Bernal estréia na direção em um realístico melodrama nos moldes do excelente Cafarnaum. Mas se o contundente drama de Nadine Labaki é um relato emocionante de um garoto em busca de sua humanidade e identidade; Chicuarotes força a barra ao expor um rapaz tolo que só faz bobagem. Dessa forma, Cagalera é um infeliz que a gente sabe que vai se dar mal a qualquer hora. Mesmo que Chicuarotes fuja do melodrama, infelizmente cai numa abordagem simples porém sem cativar muito o público em alguns momentos (amizade entre Cagalera e Moloteco), e em outros pesa a mão (o final). Enfim uma estréia regular mas que pode surpreender com um bom roteiro em mãos.

terça-feira, outubro 01, 2019

Bacurau

(Brasil/França, 2019)
Direção: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Elenco: Barbara Colen, Sonia Braga, Silvero Pereira, Udo Kier

O cinema brasileiro nunca brilhou tanto como em 2019; que ironia do destino. Divino Amor, Deslembro, No Coração do Mundo, Pacarrete, A Vida Invisível faria a felicidade em qualquer pais. E eis que surge um exótico Bacurau, uma consistente salada de gêneros (ficção cientifica/suspense/western) que aborda com fervor resistência e a falta de humanidade. No futuro não muito distante, Bacurau, vilarejo do oeste de Pernambuco, luta para não sumir do mapa. Saber mais do enredo estragaria as surpresas que o filme reserva mas a dupla Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles são extremamente felizes ao realizar um filme raivoso e atual ao incluir a cultura nordestina como um elemento de oposição a um mundo que caminha cada vez mais ao ódio e a indiferença. Como em Divino Amor, o Brasil do futuro é um cenário perturbador de um governo autoritário que enfia goela abaixo da população uma ideologia ou ações nada contingentes aos termos democráticos ou liberdade individual. Bacurau é um ótimo simbolo político de luta e esperança contra um mundo que beira a um retrocesso humano/social.