terça-feira, outubro 20, 2020

Festival de Toronto 2020

Após pegar o embalo do tradicional Festival de Veneza, chega a vez do celebrado Festival de Toronto 2020 que teve que se adaptar a nova realidade com a pandemia. Com exibições presenciais e online de filmes, o festival canadense consagrou de vez obras que receberam ótimas críticas em Veneza como Pieces of a Woman de Kornél Mundruczo e One Night in Miami de Regina King. E assim, o grande vencedor do festival italiano, Nomadland de Chloé Zhao saiu com o prêmio máximo em Toronto se tornando o franco favorito na temporada de premiações. Outro fato curioso: o festival premiou obras dirigidas por mulheres (Nomadland; One Night in Miami; e Beans) mostrando que em 2021 o ano será delas. Outros destaques do festival: a animação irlandesa Wolfwalkers de Tomm Moore e Ross Stewart que relata a aventura de pai e filha que vão a floresta caçar lobos; e o drama húngaro Preparations to Be Together for an Unknown Period of Time de Lili Horváth que conta a estória de uma médica que retorna a Hungria para viver uma paixão.


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A lista dos vencedores do Festival de Toronto 2020:

Prêmio da Audiência: Nomadland (EUA) de Chloé Zhao (1º lugar); One Night in Miami (EUA) de Regina King (2º lugar); Beans (Canadá) de Tracey Deer (3º lugar)

Documentário: Inconvenient Indian (Canadá) de Michelle Latimer

Seleção Midnight: Shadow In The Cloud (EUA/Nova Zelândia) de Roseanne Liang

quinta-feira, outubro 15, 2020

Destaques nos cinemas


TENET
(EUA/Inglaterra, 2020) de Christopher Nolan
Ficção cientifica. Homem trabalha no campo da espionagem que tem como principal arma o uso do tempo real.

sábado, outubro 10, 2020

Morangos Silvestres


(Smultronstället, Suécia, 1957)
Direção: Ingmar Bergman
Elenco: Victor Sjöstrom, Ingrid Thulin, Bibi Andersson, Gunnar Björnstrand.

Um professor de medicina aposentado tem um dia atípico: irá receber uma condecoração sobre os seu serviços prestados. Mas horas antes de receber a homenagem ele reflete sobre a sua vida enquanto cruza com várias pessoas.
Morangos Silvestres é a primeira obra-prima do mestre Bergman que faz um antológico trabalho sobre a brevidade da vida e memória. Mas a obra é tão contundente que me arrisco a dizer que o tema principal do filme seja o estudo da consciência e as relações familiares. Aqui, o professor Isak reflete sobre os atos e escolhas que fez na vida e que isso se materializou em um homem frio e egoísta (algo que ele não acreditava) e o pior, a sua austereza foi transmitida para o seu filho da mesma forma que o protagonista apresenta perfil próximo da sua mãe, mostrando um comportamento que passa de geração em geração. Surpreendentemente, este road-movie reflexivo não perde a atualidade e o vigor graças ao ritmo ágil e o seu tom leve e cômico comprovando que para ser profundo não é necessário ser extremamente lento e contemplativo.

segunda-feira, outubro 05, 2020

Crepúsculo dos Deuses

(Sunset Boulevard, EUA, 1950)
Direção: Billy Wilder
Elenco: William Holden, Gloria Swanson, Erich Von Strohein, Nancy Olson

Billy Wilder é um gênio espirituoso consagrado em deliciosas comédias como Quanto Mais Quente Melhor e Se Meu Apartamento Falasse e também no drama como Farrapo Humano. Inusitadamente a sua obra máxima é o drama noir Crepúsculo dos Deuses, uma crítica ferrenha ao sistema dos estúdios de Hollywood. Aqui o diretor austríaco escancara o tratamento descartável de antigas estrelas que caíram no esquecimento em virtude da traumática transição do cinema mudo com falado. Narrado por um roteirista morto - antes do fim trágico - este é contratado para escrever uma nova versão de Salomé que servirá como retorno triunfal da estrela do cinema mudo Norma Desmond. Loucura, obsessão, dominação são alguns temas que Wilder explora na luta para se manter vivo no ecossistema de Hollywood. O diferencial é um incrível roteiro recheado de frases que entraram para a história do cinema. Até a introdução serviu de inspiração para a abertura de Beleza Americana. Mas o filme não é o mesmo sem atuação da vida de Gloria Swanson, antiga estrela do cinema mudo, que aqui deve ter lavado a alma uma interpretação over mais perfeita de uma artista que perdeu o senso de realidade e que busca uma glória a muito tempo esquecida e distante. Uma obra-prima sobre a decadência artística e o jogo cruel que Hollywood impõe aos trabalhadores que ajudaram a consagrar a terra do cinema.

quinta-feira, outubro 01, 2020

Instinto Selvagem

(Basic Instint, EUA, 1992)
Direção: Paul Verhoeven
Elenco: Michael Douglas, Sharon Stone, George Dzundza, Jeanne Tripplehorn.

Em 1992, Instinto Selvagem fez muito barulho (e ótima bilheteria) em virtude das cenas de perseguição de carros, das tórridas cenas de sexo, e principalmente por apresentar uma personagem abertamente bissexual (acredite, era novidade na época). Passados quase 30 anos (como tempo passa voando), o filme de Paul Verhoeven envelheceu mal graças ao roteiro apelativo e previsível, o sexo é risível, a apagada atuação de Michael Douglas, e como explicar o ridículo final (evidente a mão dos produtores na conclusão). Os poucos pontos positivos a respeito da apuração da morte de um famoso que envolve um investigador e uma suspeita predadora sexual é a boa trilha sonora de Jerry Goldsmith e a atuação de Sharon Stone (que virou estrela com a famosa cena do interrogatório). Copiando descaradamente o clássico Um Corpo Que Cai - a estória se passa em São Francisco, Sharon Stone está a cara de Kim Novak, o jogo de gato e rato entre os dois protagonistas - definitivamente Verhoeven não teve a habilidade de um Brian DePalma ao homenagem Alfred Hitchcock nesta produção. Anos depois o diretor de Robocop corrigiria essa falha com o ótimo e provocativo suspense Elle.