quarta-feira, setembro 25, 2019

Festival de Veneza 2019

No fim de agosto começou um dos festivais mais tradicionais de cinema: O Festival de Veneza 2019. E a edição atual demonstrou uma programação fraca em que as polêmicas foram mais comentadas que os filmes. Assim, o júri presidido pela cineasta argentina Lucrecia Martel surpreendeu e premiou a obra mais comentada do festival: Coringa. É a primeira vez que uma adaptação de uma HQ ganha tamanho reconhecimento. Outra polêmica: Roman Polanski. O celebrado cineasta francês lança um dos seus melhores filmes, J´Acusse, que retrata o caso real de um militar judeu acusado injustamente de traição a pátria (uma alusão sobre o próprio Polanski). Já o cinema nacional surpreendeu ao ganhar o Prêmio da Crítica Independente com o documentário da viúva de Hector Babenco, Barbara Paz, Babenco: Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: ParouOutros destaques do festival: o tcheco The Painted Bird de Vaclav Marhoul que chocou o festival com a sua violência gráfica sobre um garoto que testemunha os horrores da Segunda Guerra Mundial; o estadunidense Historia de um Casamento de Noah Baumbach, um retrato agridoce sobre um casamento; A Lavanderia (EUA) de Steven Soderbergh que mostra os EUA como um paraíso fiscal; e a ficção cientifica Ad Astra (EUA) de James Gray que mostra Brad Pitt em busca de seu pai que desapareceu numa missão espacial.

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A lista dos vencedores do Festival de Veneza 2019:


Leão de Ouro: Coringa (EUA) de Todd Phillips

Grande Prêmio do Júri: J´Acusse (França/Inglaterra/Polônia) de Roman Polanski

Melhor Direção: Roy Andersson - About Endlessness (Suécia/Noruega/Alemanha)


Melhor Ator: Luca Marinelli - Martin Eden (Itália/França)

Melhor Atriz: Ariane Ascaride - Gloria Mundi (França)

Melhor Roteiro: Yonfan - Nº 07 Cherry Lane (Hong Kong)

Prêmio Especial do Júri: La Mafia Non è Piú Quella di una Volta (Itália) de Franco Maresco

Prêmio Marcello Mastroianni de Revelação: Toby Wallace - Babyteeth (Austrália)

domingo, setembro 15, 2019

Destaque nos cinemas

PETERLOO
(Inglaterra, 2018) de Mike Leigh
Drama. História real dos soldados ingleses que atacaram uma manifestação popular pacífica pró-democracia.




A VIDA INVISÍVEL
(Brasil, 2019) de Karim Ainouz
Drama. Duas irmãs estão sempre conectadas mesmo que geograficamente estejam distantes.




AD ASTRA - RUMO ÀS ESTRELAS
(EUA, 2019) de James Gray
Ficção Cientifica. Engenheiro busca o paradeiro de seu pai que desapareceu em uma missão espacial.




SÓCRATES
(Brasil, 2018) de alex moratto
Drama. Um jovem negro gay tenta sobreviver a periferia barra-pesada do litoral paulista.

terça-feira, setembro 10, 2019

Era uma Vez em...Hollywood

(Once Upon a Time in...Hollywood, EUA, 2019)
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Al Pacino

Incrível coincidência assistir Sem Destino antes de Era uma Vez em...Hollywood pois ambos retratam os EUA no ano de 1969 com um olhar melancólico. Se no clássico de Dennis Hooper é uma crônica sobre a utópica busca da liberdade; o filme de Tarantino é uma brincadeira divertida sobre a indústria de Hollywood, e um suspense inquietante sobre os últimos momentos da atriz Sharon Tate, o que recorda também Crepúsculos dos Deuses de Billy Wilder. E como todo filme de Tarantino, o roteiro é sensacional com diálogos afiados que segura o ritmo em uma edição mais calma. O ponto negativo é ausência de uma trilha sonora instrumental (uma marca do diretor); Tarantino usa e abusa de canções da época. O elenco está soberbo com destaque para a incrível química de um neurótico Leonardo DiCaprio e o controlador de passado nebuloso Brad Pitt. Mas o grande destaque é o seu inacreditável design de produção que é uma verdadeira viagem do túnel do tempo. E se a presença etérea de Sharon Tate dividiu opiniões, eu achei válido a proposta do Tarantino de transformar a atriz em um símbolo do fim da geração paz e amor. Não é o melhor filme do diretor mas aqui o mesmo demonstra amadurecimento e controle absoluto sobre o seu estilo inconfundível. Pena que este seja o penúltimo obra do mestre.

quinta-feira, setembro 05, 2019

Sem Destino

(Easy Rider, EUA, 1969)
Direção: Dennis Hopper
Elenco: Peter Fonda, Dennis Hopper, Jack Nicholson, Luke Askew

Sem Destino é um clássico estadunidense que foi lançado no momento em que o cinema dos EUA se distanciava da ilusão escapista hollywoodiana e buscava o realismo mainstream em virtude das mudanças sociais e politicas dos anos 60.
Wyatt e Billy recebem um dinheirão do tráfico de drogas e decidem gastar a grana andando em suas motos sem destino pelas estradas dos EUA.
Com uma linda fotografia do mestre László Kovaács que explora tanto a grande diversidade natural dos EUA como o experimentalismo nas cenas alucinógenas. Não tem como não se empolgar com a ótima seleção de músicas daquela época; uma inteligente escolha pois a obra não tem trilha sonora instrumental. E lógico que a estréia do ator Dennis Hopper na direção realça o trabalho do seu elenco com destaque absoluto para Jack Nicholson à vontade no papel de uma advogado nada convencional. Sem Destino vai além de um bom roadie movie; é uma crônica de um EUA diverso (dos hippies liberais a caipiras raivosos); da busca da liberdade, e por fim um melancólico retrato do fim da contracultura.

domingo, setembro 01, 2019

Vermelho Sol

(Rojo, Argentina/Brasil/França/Alemanha, 2018)
Direção: Benjamim Naishtat
Elenco: Dario Grandinetti, Andrea Frigerio, Alfredo Castro, Diego Cremonesi.

Em uma pacata província da Argentina, fatos obscuros acontecem: um renomado advogado, Cláudio, se envolve em um crime; pessoas importantes fogem do lugar; um colega da filha de Cláudio desaparece; e por fim a presença de um policial de Buenos Aires deixa tudo mais tenso. Estamos em 1975.
O diretor Benjamim Naishtat usa e abusa da estética do cinema da década de 70 como zooms, câmeras estáticas, a fotografia amarelada (do brasileiro Pedro Sotero) e a perturbadora trilha sonora de Vincent van Warmerman. Vale destacar também que Vermelho Sol recorda A Fita Branca de Michael Haneke ao analisar o ovo da serpente da política fascista. Se o governo se torna autoritário, parece que essa mudança influencia o comportamento dos civis. Assim, o filme critica a ditadura com outros olhos por isso que a obra não é tão fácil de digerir ao expor a fragilidade política como motor para o medo e atitudes impensáveis as pessoas que a principio são exemplo de postura na sociedade. Um filmaço argentino, e um tapa na cara para quem brinca com o fascismo.