sábado, junho 20, 2020

Destaques nos cinemas

EM VIRTUDE DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS, INFELIZMENTE, AS EXIBIÇÕES DOS FILMES FORAM INTERROMPIDAS E AS SALAS DE CINEMA FECHADAS TEMPORARIAMENTE.

quarta-feira, junho 10, 2020

Fora de Série

(Booksmart, EUA, 2019)
Direção: Olivia Wilde
Elenco: Beanie Feldstein, Kaitlyn Dever, Skyler Gisondo, Billie Lourd

Raro assistir a uma comédia nesses últimos anos - e mais ainda quando é uma boa comédia. Fora de Série pertence a última afirmação acima. Estranhamente o filme passou despercebido nos cinemas mas a estreia da atriz Olívia Wilde na direção é uma grata surpresa recordando o cinema adolescente de John Hughes mas com uma pegada atual e um discurso feminista sobre empoderamento e amizade bastante válido. Mas o ponto forte do filme é o carisma impressionante das personagens principais que cativam o público ao dar vida a duas garotas nerds que decidem se entregar a diversão (festa) antes de ingressar a universidade. Divertido e com cenas hilárias, Wilde manteve a segurança em não cair no grotesco e assim entrega um filme que deixaria John Hughes orgulhoso.

sexta-feira, junho 05, 2020

Nascido em Quatro de Julho

(Born on the Fourth in July, EUA, 1989)
Direção: Oliver Stone
Elenco: Tom Cruise, Willem Dafoe, Kyra Sedgwick, Frank Whaley

Nascido em Quatro de Julho faz parte da trilogia do Vietnã que fez a fama do diretor Oliver Stone (veterano de guerra) na década de 1980. Se no seu primeiro filme, Platoon, o cineasta relata de forma crua e dramática os horrores do combate; em Nascido em Quatro de Julho, Stone adiciona no caldo o desencanto patriótico. Adaptação da biografia de Ron Kovic, um jovem nacionalista que decide lutar pelo seu país e retoma da guerra marcado por traumas e feridas eternas (virou paraplégico).
O diretor faz um bonito trabalho mas poderia ter ido mais fundo na desilusão do mítico american way of life. E a ótima produção às vezes atrapalha no que Stone quer focar: a fotografia de Robert Richardson é linda mais plástica demais; e a atuação de Tom Cruise convence mais a terrível maquiagem desvia a atenção. Contendo ótimas cenas dramáticas aqui e acolá, e uma ágil edição e uma trilha sonora tocante, Nascido em Quatro de Julho é um bom exemplo sobre o despertar da consciência política. Pena que Stone forçou a mão em alguns momentos.

segunda-feira, junho 01, 2020

A Hora da Estrela

(Brasil, 1985)
Direção: Suzana Amaral
Elenco: Marcelia Cartaxo, José Dumont, Tamara Taxman, Fernanda Montenegro

Macabéa é uma solitária mulher de 19 anos mas com a mentalidade de menina de 10 anos: ingênua, doce, virgem. Mas nem tanto. Não tem higiene, mentalmente lerda, feia e doida pra namorar. Uma das obras mais famosas de Clarice Lispector, A Hora da Estrela, quem diria, recorda Forrest Gump. Mas se o filme gringo usava o protagonista para fazer uma insólita revisão da história dos EUA; a obra brazuca tem menos ambição e abraça um humor peculiar e perverso sobre um ser que não tem vez em uma grande metrópole. Como um peixe fora d'água, a narrativa foca o esforço de Macabéa (nome vem de uma promessa dos pais falecidos) por um lugar ao sol mas a  chance é mínima por ser rodeada de urubus. Com um bom roteiro, este é até o momento a melhor adaptação de Lispector no cinema graças a carismática atuação de Marcelia Cartaxo (tocante o seu jeito abobalhado). Pena que a trilha sonora de Marcus Vinicius seja bem datada (recorda os filmes exibidos no extinto Cine Trash) mas fora isso A Hora da Estrela é um bom filme sobre a busca por mudanças - e suas consequências.