domingo, setembro 25, 2022

Festival de Veneza 2022

 


Nos dias 31 de agosto a 10 de setembro aconteceu o Festival de Veneza, um dos mais badalados do mundo e que ultimamente serve como forte termômetro as premiações do fim do ano e ao Oscar. Na edição 79, a atriz estadunidense Julianne Moore foi a presidente do júri e diante de bons filmes, a grande estrela de Hollywood ousou ao dar o Leão de Ouro de melhor filme a um documentário estadunidense que chamou a atenção no festival (e um dos favoritos ao Oscar 2023 de melhor documentário): All the Beauty and the Bloodshed de Laura Poitras que relata a batalha jurídica entre uma fotografa e uma família rica do ramo farmacêutico. Infelizmente nesta edição o cinema brasileiro passou em branco em Veneza. Outros destaques do festival foram: The Whale de Darren Aronofsky (EUA) que conta a estória de um homem que tem compulsão por comida em virtude de perdas e escolhas que ele fez na vida; Argentina, 1985, de Santiago Mitre (Argentina/EUA) na retomada a democracia, um grupo de advogados entra na justiça contra vários militares; Bones and All, de Luca Guadagnino (EUA) drama de terror em que uma jovem está em uma jornada em busca do pai e também do seu gosto por canibalismo; Tár, de Todd Field (EUA) conta a estória de uma grande maestra e compositora: a alemã Lydia Tár; The Banshees of Inisherin, de Martin McDonagh (Irlanda/Reino Unido/EUA) a amizade de dois homens abalada pela guerra civil irlandesa na década de 1920.




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A lista dos vencedores do Festival de Veneza 2022:


Leão de Ouro: All the Beauty and the Bloodshed (EUA) de Laura Poitras

Grande Prêmio do Júri: Saint-Omer (França) de Alice Diop

Melhor Direção: Luca Guadagnino - Bones and All (EUA/Itália)

Melhor Ator: Colin Farrell - The Banshees of Inisherin (Irlanda)

Melhor Atriz: Cate Blanchett - Tàr (EUA)

Melhor Roteiro: Martin McDonagh - The Banshees of Inisherin (Irlanda)

Prêmio Especial do Júri: No Bears (Irã) de Jafar Panahi

Prêmio Marcello Mastroianni de Revelação: Taylor Russell - Bones and All (EUA/Itália)

terça-feira, setembro 20, 2022

Destaque nos cinemas

NÃO SE PREOCUPE, QUERIDA
(Don´t Worry Darling, EUA, 2022) de Olivia Wilde
Suspense. Na década de 1950, uma dona de casa desconfia das pretensões da empresa que o seu marido trabalha.




A MULHER REI
(The Woman King, EUA, 2022) de Gina Price-Bythewood
Drama. No reino do África do século 17, uma rainha comanda um exército de mulheres para combater intrusos europeus.



MARTE UM
(Brasil, 2022) de Gabriel Martins
Drama. Nas vésperas das eleições brasileiras de 2018, uma família pobre tenta lidar com as alegrias e frustrações do cotidiano.

quinta-feira, setembro 15, 2022

Lançamentos nos Streamings

BLONDE

(EUA, 2022) de Andrew Dominik
Netflix
Drama. A dubiedade do vulcão sexual Marilyn Monroe com a sensível e traumatizada Norma Jeane.



CIÚME -O INFERNO DO AMOR POSSESSIVO
(L´Enfer, França, 1994) de Claude Chabrol
MUBI
Drama. Casado com uma bela mulher, dono de pousada tem graves crises de ciúmes prejudicando toda a sua família.



O CONFORMISTA
(Il Conformista, Itália/França, 1970) de Bernardo Bertolucci
MUBI
Drama. Homem é contratado pelo governo de Mussolini a espiar um professor que fugiu do regime fascista italiano.




CORRA!
(Get Out!, EUA, 2017) de Jordan Peele
Star+
Suspense. Jovem negro passa por bizarras situações ao conhecer a família de sua namorada branca.




ELVIS
(Australia/EUA, 2022) de Baz Luhrmann
HBO Max
Drama. Biografa do rei do rock sob o ponto de vista do seu empresário e carrasco Tom Parker.


O HOMEM INVISIVEL
(The Invisible Man, EUA, 2020) de Leigh Whannell
Netflix
Suspense. Fugindo de um marido violento, jovem sente uma ameaça invisível em sua nova vida.




PECADOS ÍNTIMOS
(Litlle Children, EUA, 2006) de Todd Field
HBO Max
Drama. Em um subúrbio tradicional americano, a chegada de um pedófilo mexe com a vida de todos.


PSICOSE
(Psycho, EUA, 1960) de Alfred Hitchcock
Star+
Suspense. Jovem foge com dinheiro roubado do seu trabalho e no meio do caminho se hospeda no sinistro Bates Motel.





PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN
(We Need to Talk About Kevin, EUA/Inglaterra, 2011) de Lynne Ramsay
MUBI
Drama. Mãe recorda a criação de seu filho, um adolescente pertubado responsável por uma chacina em sua escola.


VORTEX
(França, 2021) de Gaspar Noé
MUBI
Drama. O doloroso cotidiano de um casal idoso que lidam com as limitações da idade e frágil saúde.

sábado, setembro 10, 2022

Não! Não Olhe!

(Nope, EUA, 2022)
Direção: Jordan Peele
Elenco: Daniel Kaluuya, Keke Palmer, Brandon Perea, Steven Yeun.

Após a misteriosa morte de seu pai, um criador de cavalos para uso no cinema, televisão e publicidade, OJ se encarrega de dar continuidade a empresa familiar ao lado da impulsiva irmã Emerald. Na convivência do sítio da família, o casal de irmãos testemunham fatos bizarros no local a ponto de desconfiar de que não estão sozinhos no lugar.
Mais uma vez Jordan Peele carimba o status de rei da fantasia e demonstra uma mão impressionante para criar cenas de alta tensão capaz de deixar o mestre do suspense Alfred Hitchcock orgulho; aliás, o filme faz uma linda homenagem ao clássico Intriga Internacional. Não! Não Olhe! é o tipo de filme para ser visto no cinema graças a linda fotografia de Hoyte van Hotema que sabe explorar o horror nas tomadas noturnas como expor belas imagens externas do interior da Califórnia. Ótimo uso do som para elevar o suspense e a interessante montagem de Nicholas Monsour que se aproveita bem dos maneirismos do diretor. Aqui o cineasta faz uma mistura maluca de Sinais (no início) a Tubarão (no final) e no recheio elabora enredos que parecem sem conexão mas a competência do criador no suspense supera as expectativas.
E se o comentário racista foi suavizado (este é representado diretamente pelo título em que há alguns anos atrás os negros não poderiam olhar diretamente aos brancos); o diretor escancara uma crítica ao mundo do entretenimento, e ao voyeurismo da captura de imagens de câmera que exerce o homem. Alguns pontos do enredo parecem soltos mas admiro que o filme é tão bom que isso é de menos. Se o objetivo é deixar todo mundo apreensivo, Peele conseguiu.
Não! Não Olhe! (titulo infeliz) não é o melhor trabalho do diretor mas está longe de ser uma bomba - pelo contrário - é uma delícia de se ver no cinema. Com Nope (título original), o diretor parece trilhar o mesmo caminho de M. Night Shyamalan mas com muito mais propriedade e competência pois ao ser um cineasta negro, ele usa a sua visão sob a ótica racial em suas fantasias. Diferente do diretor descendente de indianos que raramente explora uma visão de um estrangeiro a respeito dos EUA.

segunda-feira, setembro 05, 2022

Mate-me Por Favor

(Brasil, 2015)
Direção: Anita Rocha da Silveira
Elenco: Valentina Herszage, Dora Freind, Mariana Oliveira, Julia Roliz.

No bairro Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, quatro amigas de escola, em especial a Bia, tem a sua rotina alterada com os assassinatos que ocorrem na região. Em cada ataque do psicopata mexe com o comportamento de Bia, uma adolescente dócil e amável que vai se tornando distante, fria e até hostil com todos ao seu redor.
No início de Mate-me Por Favor, eu pensei que o filme de Anita Rocha de Silveira beberia na fonte da Sofia Copolla ao relatar um grupo de adolescentes que inicia o ritual de entrada no mundo dos adultos através de uma ótica violenta. Tem até o relato sobre o caso do assassinato da atriz Daniela Perez que ocorreu nesta região. Mas a obra relata uma garota que vai se desconectando de todos a cada novo ataque a ponto de se distanciar das vitimas, apresentar atitudes conflitantes e até mesmo se aproximar da violência do sociopata. Esse acaba se tornando o ponto forte do filme, além do senso de humor com a pastora evangélica que canta funk. Porém, algumas situações forçam a barra em conta da falta de verossimilhança. Tem muitas cenas em que as garotas andam tranquilamente em lugares desertos, isolados o que torna incompatível com a realidade de uma grande cidade brasileira, especialmente o Rio de Janeiro. Totalmente anticlimático e singular, Anita faz um filme difícil sobre a fascinação da violência em particular aos jovens e também falha de comunicação entre gerações diferentes.

quinta-feira, setembro 01, 2022

Boa Sorte, Leo Grande

(Good Lucky to You, Leo Grande, Inglaterra, 2022)
Direção: Sophie Hyde
Elenco: Emma Thompson, Daryl McCormack, Isabella Laughland, Les Mabaleka.

Nancy é uma professora de religião aposentada que sempre teve uma vida estável e monótona. Casou com o primeiro namorado que lhe apresentou uma vida sexual sem graça. E do casamento gerou dois filhos e problemas de comunicação familiar. Sozinha no mundo (os filhos já são adultos), Nancy busca uma experiência peculiar e que ela sempre rechaçou: contratar um garoto de programa para sentir um inédito e curioso orgasmo. E essa missão fica sob a responsabilidade do sedutor e experiente Leo Grande.
Claramente baseado em uma peça teatral (filmado em um único ambiente e com a presença exclusiva dos dois únicos personagens do filme), Boa Sorte, Leo Grande é um bom filme sobre a busca de novas descobertas, a da mudança de paradigmas, e também expõe o peso de uma vida careta e retrógrada, e principalmente a de uma mulher a beira dos 60 anos em busca de uma autoaceitação em relação ao seu corpo. Não é de estranhar que o filme foi dirigido e roteirizado por mulheres (Sophie Hyde e Katy Brand). Aqui a visão feminina é o norte de uma produção simples mas eficiente em que a ótima Emma Thompson brilha e surpreende com a entrega absoluta de uma mulher madura mas que sentiu que não viveu a vida de forma plena. Daryl McCormack também faz um ótimo par com a veterana atriz inglesa ao dar vida a um personagem que trabalha numa profissão em que o intimo é velado, mas os encontros com a Nancy tornam as revelações inevitáveis. Mas o centro da estória é mesmo a Nancy. O foco é o seu desabrochar para uma nova realidade, e um mundo de infinitas possibilidades. Afinal a vida é para ser vivida de forma plena e não para preencher lacunas que a sociedade estabelece.