sábado, setembro 10, 2022

Não! Não Olhe!

(Nope, EUA, 2022)
Direção: Jordan Peele
Elenco: Daniel Kaluuya, Keke Palmer, Brandon Perea, Steven Yeun.

Após a misteriosa morte de seu pai, um criador de cavalos para uso no cinema, televisão e publicidade, OJ se encarrega de dar continuidade a empresa familiar ao lado da impulsiva irmã Emerald. Na convivência do sítio da família, o casal de irmãos testemunham fatos bizarros no local a ponto de desconfiar de que não estão sozinhos no lugar.
Mais uma vez Jordan Peele carimba o status de rei da fantasia e demonstra uma mão impressionante para criar cenas de alta tensão capaz de deixar o mestre do suspense Alfred Hitchcock orgulho; aliás, o filme faz uma linda homenagem ao clássico Intriga Internacional. Não! Não Olhe! é o tipo de filme para ser visto no cinema graças a linda fotografia de Hoyte van Hotema que sabe explorar o horror nas tomadas noturnas como expor belas imagens externas do interior da Califórnia. Ótimo uso do som para elevar o suspense e a interessante montagem de Nicholas Monsour que se aproveita bem dos maneirismos do diretor. Aqui o cineasta faz uma mistura maluca de Sinais (no início) a Tubarão (no final) e no recheio elabora enredos que parecem sem conexão mas a competência do criador no suspense supera as expectativas.
E se o comentário racista foi suavizado (este é representado diretamente pelo título em que há alguns anos atrás os negros não poderiam olhar diretamente aos brancos); o diretor escancara uma crítica ao mundo do entretenimento, e ao voyeurismo da captura de imagens de câmera que exerce o homem. Alguns pontos do enredo parecem soltos mas admiro que o filme é tão bom que isso é de menos. Se o objetivo é deixar todo mundo apreensivo, Peele conseguiu.
Não! Não Olhe! (titulo infeliz) não é o melhor trabalho do diretor mas está longe de ser uma bomba - pelo contrário - é uma delícia de se ver no cinema. Com Nope (título original), o diretor parece trilhar o mesmo caminho de M. Night Shyamalan mas com muito mais propriedade e competência pois ao ser um cineasta negro, ele usa a sua visão sob a ótica racial em suas fantasias. Diferente do diretor descendente de indianos que raramente explora uma visão de um estrangeiro a respeito dos EUA.

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