sábado, novembro 25, 2023

Mostra de Cinema de São Paulo 2023



Nos dias 19 de outubro a 01 de novembro realizou a 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2023. O júri composto por Bárbara Raquel Paz, Enrica Fico Antonioni, Lenny Abrahamson, Mariëtte Rissenbeek e Welket Bungué premiaram a co-produção belga-holandesa Quando Derreter de Veerce Baetens sobre uma jovem que decidi ir a sua cidade natal para para confrontar o seu passado. E como de praxe, os destaques da programação vieram dos principais festivais do mundo: o alemão Afire de Christian Petzold que relata um grupo de amigos que passam férias em um lugar prestes a ser tomado por um grande incêndio; o britânico Zona de Interesse de Jonathan Glazer sobre uma família alemã que vive em harmonia mesmo morando ao lado de um campo de concentração; o francês Anatomia de Uma Queda de Justine Triet sobre uma mulher acusada de matar o seu marido; o japonês O Mal Não Existe de Ryusuke Hamaguchi  que aborda a relação entre pai e filha com a construção de um acampamento perto de sua casa; e o estadunidense O Maestro de Bradley Cooper que lança a biografia do grande compositor e maestro dos EUA, Leonard Bernstein .




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A lista dos vencedores da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2023:


Prêmio do Júri - Melhor Filme: Quando Derreter (Bélgica/Holanda) de Veerce Baetens

Prêmio do Público - Melhor Filme Internacional: La Chimera (Itália) de Alice Rohrwacher

Prêmio do Público - Melhor Documentário Internacional: Da Cor e da Tinta (China) de Weimin Zhang

Prêmio do Público - Melhor Filme Brasileiro: A Metade de Nós de Flávio Botelho

Prêmio do Público - Melhor Documentário Brasileiro: Somos Guardiões de Edivan Guajajara

Prêmio da Crítica - Melhor Filme Internacional: Afire (Alemanha) de Christian Petzold

Prêmio da Crítica - Melhor Filme Brasileiro: O Dia Que Eu Te Conheci de André Novais

segunda-feira, novembro 20, 2023

Destaques nos cinemas

MUSSUM - O FILMIS
(Brasil, 2023)  de Silvio Guindane
Comédia dramática. A biografia de uma importante figura da televisão - o Mussum - e que hoje ganha mais relevância em virtude de sua trajetória.





DINHEIRO FÁCIL!

(Dumb Money, EUA, 2023) de Craig Gillespie
Comédia. Pessoas comuns e sem patrimônio arriscam na bolsa de valores e causam um impacto sobre o sistema financeiro.




AFIRE
(Roter Himmel, Alemanha, 2023) de Christian Petzoald
Drama. De férias, a vida de quatro jovens se transformam quando incêndios se aproxima em uma casa de verão.


TIA VIRGINIA

(Brasil, 2023) de Fábio Meira
Drama. Uma senhora se prepara para receber as irmãs no natal...mas também o peso de mudar a sua vida para cuidar dos pais idosos.



NAPOLEÃO

(Napoleon, EUA/Inglaterra, 2023) de Ridley Scott
Drama. Biografia do imperador da França e sua relação com a esposa Josephine.



PEDÁGIO

(Brasil, 2023) de Carolina Markowicz
Drama. Uma cobradora de pedágio faz sacrifício financeiro para uma dúbia missão: pagar o tratamento da cura gay ao seu filho.



FOLHAS DE OUTONO
(Kuolleet Lhdet, Finlândia, 2023) de Aki Kaurismäki
Comedia dramática. Casal se encontra por acaso e inicia uma relação que demonstra que ambos tem muito mais em comum do que parece.

quarta-feira, novembro 15, 2023

Lançamentos nos Streamings

O ASSASSINO
(The Killer, EUA, 2023) de David Fincher
Netflix
Suspense. Um assassino profissional comete uma grande falha em uma missão e tem a sua vida em risco.



CÓPIA FIEL
(copie conforme, França/Irã, 2010) de Abbas Kiarostami
Mubi
Drama. No interior da Itália, um escritor inglês e uma senhora francesa se conhecem e estabelecem uma imediata conexão.




ERA UMA VEZ...EM HOLLYWOOD
(Once Upon a Time in...Hollywood, EUA, 2019) de Quentin Tarantino
Paramount Plus
Drama. Na Hollywood da esfervescência dos anos de 1960, acompanhamos a ascensão de uma atriz, a rotina de um dublê e a decadência de um ator promissor.

O HOMEM SEM PASSADO
(Mies Vailla Menneisyyttã, Finlândia, 2022) de Aki Kaurismäki
Mubi
Drama. Sem memória e sem moradia, homem consegue sobreviver no submundo da capital da Finlândia, Helsinque.



JOHN WICK 4: BABA YAGA
(John Wick: Chapter 4, EUA, 2023) de Chad Stahelski
Amazon Prime
Ação. O famoso personagem de ação sofre novas perseguições com o surgimento de inesperados inimigos.

sexta-feira, novembro 10, 2023

O Homem de Palha

(The Wicker Men, Inglaterra, 1973)
Direção: Robin Hardy
Elenco: Edward Woodward, Christopher Lee, Diane Cilento, Britt Ekland.

Em uma vila localizada no litoral da Inglaterra, o policial Howie é designado a descobrir o paradeiro de uma garota chamada Rowan que desapareceu faz alguns meses. Para o seu espanto, Howie percebe que a população local desconhece a garota ou simplesmente ignora o seu sumiço mesmo a conhecendo. Mas o pior mesmo vem da observação dos hábitos locais em que o exacerbado cristão Howie testemunha o culto local ao paganismo liderado pela figura mais importante do lugar: Lord Summerisle.
No ano em que estreava o marco do terror O Exorcista, a Inglaterra lançava uma outra novidade: o terror rural. Mas aqui a diferença não vem dos sustos e medos. Pelo contrário, o filme vai fundo no seu clima solar e idílico. No meu ponto de vista é um inesperado e estranhíssimo musical pois sempre li que essa obra é de terror. O Homem de Palha soa mais como um parente próximo do clássico Rock Horror Picture Show. Ao meu ver, o filme de Robin Hardy causa muito mais curiosidade que medo. E também risos involuntários. O filme tem muitas cenas que hoje seria canceladas como a cena da professora falando de um objeto fálico a crianças (isso mesmo!). E no fim da era hippie, um Christopher Lee hilário numa peruca ridícula é o cabeça de um culto que enaltece vários deuses, realiza sacrifícios e uma sexualidade mais aberta... em contrapondo ao cristão altamente conservador reencarnado no papel de Edward Woodward que faz caras e bocas para mostrar choque e horror em um local em que rituais estranhos são realizados, e o sexo é encarado com muita naturalidade. As vezes isso faz lembrar a nossa realidade atual em que numa pesquisa de 2023 informa que a população brasileira valoriza mais a pauta dos costumes do que assuntos mais sérios e pertinentes (como economia e meio-ambiente). Mas acredito que esta observação não se encaixa a obra; só foi uma vaga explanação
Como um filme de terror, O Homem de Palha (que aliás só aparece no final e não é explorado no roteiro em toda a sua duração) é uma versão alto-astral, alegre e plena do super perturbador Midsommar - O Mal Não Espera a Noite. Aqui, o camp, o tosco reina como um comentário do fim da era hippie e também de um mundo mais fechado em determinadas religiões como as tradicionais cristas, judaicas, islâmicas. Fora desse contexto sobre as outras formas de religião ou cultura, o filme se resvala a caricatura. Mesmo que o filme tenha as suas problematizações afinal o patriarcado impera ao impor que a mulher é um instrumento de reprodução, o filme de Hardy sai do comum no gênero ao realizar um comentário sobre o fim da geração paz e amor.

domingo, novembro 05, 2023

Assassinos da Lua das Flores

(Killers of the Flower Moon, EUA, 2023)
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Leonardo Dicaprio, Robert De Niro, Lilly Gladstone, Jesse Plemons.

Na década de 1920 no estado do Oklahoma, um grupo indígena chamado Osage descobre em sua pequena e pobre região uma grande reserva de petróleo. Com ouro negro em mãos, os índios se tonam ricos e os seus costumes se aproximam cada vez mais do cotidiano dos brancos. Essa riqueza e aproximação da civilização caucasiana revela uma velada irritação aos brancos. Como é o caso do veterano da Primeira Guerra Mundial, Ernest, que ao se aproximar da índia Molly acaba se apaixonando e casa com esta...uma ação que parece orquestrada pelo seu tio William, um homem que esconde terríveis intenções ao povo Osage em um momento assombroso em que os índios são assassinados misteriosamente.
Aos 80 anos de idade, o mestre Scorsese continua na ativa e surpreende ao comandar grandes dramas históricos...e ao mesmo tempo um raio-x sobre os esqueletos escondidos no grande tapete da história dos EUA. Afinal não é todo dia que um cineasta ganha liberdade financeira e criativa dos grandes streamings para realizar grandes obras. Se a Netflix deu aval sobre a linha tênue que liga máfia, sindicatos e política no espetacular O Irlandês; na adaptação do livro de David Grann, a Apple dá uma grande oportunidade para Scorsese fazer o seu primeiro faroeste. Mas o diretor foi além e realiza um grande épico sobre a dubiedade moral, ganância sem limites e o total menosprezo por outras pessoas (especialmente se não for branco). Assassinos da Lua das Flores é uma importante revisão histórica sobre um desconhecido e horroroso massacre real de índios; um contexto infelizmente atual e global.
Sobre a produção chama a atenção a linda fotografia de Rodrigo Pietro que revela belas tomadas da natureza do interior dos EUA como nos grandes épicos e faroestes do cinema americano. A criativa trilha sonora de Robbie Robertson que mistura música moderna e o uso de sons tribais e orgânicos para causar constante tensão sem tirar o foco da cena. Ótimo design de produção que é o certificado de qualidade em todas as produções do Scorsese que ajuda imensamente na imersão da história.
E o filme apresenta um super elenco que arrasa na tela. Leonardo Dicaprio sabe dosar com precisão toda a confusão moral que Ernest vivencia; o ator consegue humanizar um homem que em mãos de outro ator poderia transformar num vilão de novela mexicana. Robert De Niro está um monstro literalmente; um lobo em pele de cordeiro que faz o público ficar abismado com tanta frieza e maldade. E a surpresa é ver a então desconhecida Lilly Gladstone roubando a cena dos grandes colegas. Como a Molly é a personagem mais bondosa da trama - ela carrega o que tem de bom mas ao mesmo tempo sente o terrível peso da maldade em sua volta em um papel que é pura emoção sem cair no melodrama. Um belo trabalho sutil.
Assassino da Lua das Flores (tem esse título pois os Osage chamam as planícies floridas de lua das flores) é o retrato da desumanização, da terrível busca do poder e a insistente ideia de superioridade entre as pessoas.
Em uma idade/fase em que é natural fazer filmes reflexivos, pessoais - Scorsese vai fundo na histórica de uma nação. Um país que nasceu, cresceu e se desenvolveu e se tronou uma potência ao enveredar por caminhos duvidosos e moralmente discursivo. O mal não tem endereço. Sem sombra de dúvida, Assassinos da Lua das Flores é outro clássico em sua extensa carreira. Sem dúvida, o grande cineasta americano atual por excelência.

quarta-feira, novembro 01, 2023

O Exocista: O Devoto

(The Exocist: Believer, EUA, 2023)
Direção: David Gordon Green
Elenco: Leslie Odom Jr, Ann Down, Lydia Jewett, Ellen Burstyn.

Victor e Angela são pai e filha que apresentam um grande laço graças a uma tragédia que ronda a família: a mãe não sobreviveu a um grande terremoto no Haiti. Um dia, Angela e sua colega Katherine decidem ir a uma floresta após o término das aulas. No entanto, o tempo passa e as duas são consideradas como desaparecidas. Três dias depois elas são achadas desorientadas a 50 km de casa. E o seu retorno expõe um comportamento que assusta os pais.
Há exatos 50 anos estreava um divisor de águas do gênero terror: O Exorcista. Uma obra calcada no extremo realismo em sua mistura de drama e horror, em que o grande diretor William Friedkin entrou na história ao criar cenas icônicas que marcou o cinema e deu um passo inicial em obras que tocam o tema possessão.
E hoje a Blumhouse compra os direitos do filme de 1973 para dar um pontapé em uma franquia que faria jus a obra-prima de Friedkin, mas o resultado é catastrófico. O tiro não atingiu o pé, foi direto na cabeça. O filme O Exorcista: O Devoto nasceu morto. Sem vida. O diretor David Gordon Green que tem uma filmografia questionável, jogou uma pá de cal em um drama tolo e horror absurdamente genérico. Tudo aqui é tosco. Se a cena do terremoto no Haiti é amador...o que dirá no que vem pela frente. Um drama familiar insosso que o espectador aguarda para terminar. E quando chega nas cenas de possessão e exorcismo...é vergonha alheia. No TikTok você encontra algo que dá mais medo que isso aqui.
E o bom elenco não é capaz de segurar a onda; que o diga a grande Ellen Burstyn. Estrela do filme original, a coitada de 90 anos vira uma autoridade (questionável) sobre exorcismo...mas só cita frases de auto-ajuda. E fazer caras e bocas. Constrangedor.
O único ponto positivo do filme foi o uso de várias religiões no exorcismo - abrindo portas para a pluralidade religiosa. Mas essa originalidade é desperdiçada em cenas que emulam o filme de 1973 ou é tão sem falta de imaginação que dura meros poucos minutos. Diferente do filme original em que o exorcismo dura quase a metade da duração.
Para uma produtora que ajudou a popularizar o terror nos anos de 2010 com bons filmes; mostrou o talento de Jordan Peele em Corra!; e até mesmo foi responsável pelo retorno de M. Night Shamalan como Fragmentado - em seu O Exocista mostra total desleixo ao clássico e uma falta de respeito ao público em um explicito caça níquel mequetrefe. Grande candidato a pior filme do ano.