sexta-feira, novembro 10, 2023

O Homem de Palha

(The Wicker Men, Inglaterra, 1973)
Direção: Robin Hardy
Elenco: Edward Woodward, Christopher Lee, Diane Cilento, Britt Ekland.

Em uma vila localizada no litoral da Inglaterra, o policial Howie é designado a descobrir o paradeiro de uma garota chamada Rowan que desapareceu faz alguns meses. Para o seu espanto, Howie percebe que a população local desconhece a garota ou simplesmente ignora o seu sumiço mesmo a conhecendo. Mas o pior mesmo vem da observação dos hábitos locais em que o exacerbado cristão Howie testemunha o culto local ao paganismo liderado pela figura mais importante do lugar: Lord Summerisle.
No ano em que estreava o marco do terror O Exorcista, a Inglaterra lançava uma outra novidade: o terror rural. Mas aqui a diferença não vem dos sustos e medos. Pelo contrário, o filme vai fundo no seu clima solar e idílico. No meu ponto de vista é um inesperado e estranhíssimo musical pois sempre li que essa obra é de terror. O Homem de Palha soa mais como um parente próximo do clássico Rock Horror Picture Show. Ao meu ver, o filme de Robin Hardy causa muito mais curiosidade que medo. E também risos involuntários. O filme tem muitas cenas que hoje seria canceladas como a cena da professora falando de um objeto fálico a crianças (isso mesmo!). E no fim da era hippie, um Christopher Lee hilário numa peruca ridícula é o cabeça de um culto que enaltece vários deuses, realiza sacrifícios e uma sexualidade mais aberta... em contrapondo ao cristão altamente conservador reencarnado no papel de Edward Woodward que faz caras e bocas para mostrar choque e horror em um local em que rituais estranhos são realizados, e o sexo é encarado com muita naturalidade. As vezes isso faz lembrar a nossa realidade atual em que numa pesquisa de 2023 informa que a população brasileira valoriza mais a pauta dos costumes do que assuntos mais sérios e pertinentes (como economia e meio-ambiente). Mas acredito que esta observação não se encaixa a obra; só foi uma vaga explanação
Como um filme de terror, O Homem de Palha (que aliás só aparece no final e não é explorado no roteiro em toda a sua duração) é uma versão alto-astral, alegre e plena do super perturbador Midsommar - O Mal Não Espera a Noite. Aqui, o camp, o tosco reina como um comentário do fim da era hippie e também de um mundo mais fechado em determinadas religiões como as tradicionais cristas, judaicas, islâmicas. Fora desse contexto sobre as outras formas de religião ou cultura, o filme se resvala a caricatura. Mesmo que o filme tenha as suas problematizações afinal o patriarcado impera ao impor que a mulher é um instrumento de reprodução, o filme de Hardy sai do comum no gênero ao realizar um comentário sobre o fim da geração paz e amor.

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