domingo, dezembro 31, 2023

Nota do Blog - Os Melhores Filmes do Ano

O ano de 2023 foi turbulento. Enquanto as superproduções fracassaram nas bilheterias em especial os filmes da Marvel e DC Comics que amargaram grandes prejuízos - outras produções surpreenderam em especial o fenômeno Barbiheimer em que a estréia conjunta de Barbie e Oppenheimer virou o grande acontecimento do ano (e uma bilheteria surpreendente para ambos). Outro destaque é o Japão que no decorrer do ano entregou ótimos filmes e que dominou a minha lista (ficou de fora apenas O Mal Não Existe de Ryusuke Hamaguchi e Godzilla Minus One de Takashi Yamazaki). Já o cinema brasileiro não teve um bom ano em que o maravilhoso documentário de Kleber Mendonca Filho foi o grande acontecimento; enquanto o filme de Carolina Markowicz, Pedágio, apenas chamou atenção. Outros destaques do ano foram: American Fiction do estadunidense Cord Jefferson que aborda o racismo no ramo literário; Segredos de um Escândalo de Todd Haynes, um drama adulto vigoroso sobre a arte e a exposição da mídia; e Os Rejeitados de Alexander Payne, um delicioso filme nostálgico sobre o caótico EUA dos anos de 1970.


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MELHORES FILMES DE 2023:

Anatomia de uma Queda (França) de Justine Triet
Assassinos da Lua das Flores (EUA) de Martin Scorsese
Folhas de Outono (Finlândia) de Aki Kaurismäki
O Menino e a Garça (Japão) de Hayao Miyazaki
Monster (Japão) de Hirokazu Kore-eda
Perfect Days (Japão) de Win Wenders
Pobres Criaturas (Inglaterra) de Yorgos Lanthimos
Retratos Fantasmas (Brasil) de Kleber Mendonça Filho
Vidas Passadas (EUA) de Celine Song
Zona de Interesse (Inglaterra) de Jonathan Glazer


FELIZ NATAL 
E UM ÓTIMO ANO NOVO

quarta-feira, dezembro 20, 2023

Destaques nos cinemas

WONKA
(Inglaterra/EUA, 2023) de paul king
Fantasia. As aventuras do jovem Willy Wonka e os seus primeiros trabalhos na produção de seus exclusivos chocolates.




MAESTRO
(EUA, 2023) de Bradley Cooper
Drama. Cinebiografia de um dos maiores nomes da música dos EUA no século XX: Leonard Beinstein.




PRISCILLA

(EUA, 2023) de Sofia Coppola
Drama. Narra a relação complicada entre Elvis Presley e sua esposa Priscilla.




A MENINA SILENCIOSA
(An Cailin Ciuin, Irlanda, 2022) de Colm Bairéad
Drama. Com a família passando por dificuldade financeira, menina é encaminhada para a casa de parentes distantes.

sexta-feira, dezembro 15, 2023

Lançamentos nos Streamings

ATA-ME!

(Espanha, 1989) de Pedro Almodovar
Mubi
Drama. Após sair do manicômio, homem sequestra uma atriz pornô no qual é apaixonado.


BARBIE
(EUA, 2023) de Greta Gerwig
HBO Max
Comédia. A famosa boneca embarca em uma aventura para descobrir o motivo de seu estranho comportamento.


DRUGSTORE COWBOY

(EUA, 1989) de Gus Van Sant
Mubi
Drama. Dois casais viciados em drogas vivem roubando remédios em varias farmácias pelo EUA para alimentar o vicio.


ELVIS
(EUA/Austrália, 2022) de Baz Luhrmann
Amazon Prime
Drama. A biografia do rei do rock sob o ponto de vista do seu questionável empresário, Tom Parker.


JULES E JIM - UMA MULHER PARA DOIS
(Jules et Jim, França, 1962) de François Truffaut
Mubi
Drama. Dois amigos artistas se apaixonam por uma mesma mulher mas este triangulo amoroso começa a ruir com a 1ª Guerra Mundial.  



MAESTRO
(Maestro, EUA, 2023) de Bradley Cooper
Netflix
Drama. Relata a relação de um dos maiores nomes da música dos EUA do século XX, Leonard Bernstein com a atriz Felicia Montealegre.



A MENTIRA
(Easy A, EUA, 2010) de Will Gluck
HBO Max
Comédia. Cansada de ser certinha, a vida de uma estudante é virada para o ar após mentir sobre a sua suposta perda da virgindade



SALTBURN
(Inglaterra, 2023) de Emerald Fennell
Amazon Prime
Comédia. Solitário na vida de universitário, um jovem introvertido tem a sua vida mudada ao fazer amizade com um excêntrico colega rico.


TOP GUN - MAVERICK
(EUA, 2022) de Joseph Kosinski
Netflix
Ação. Perto da aposentadoria, o piloto Maverick recebe uma missão difícil: treinar novos pilotos para uma ação.


TUDO SOBRE MINHA MÃE
(Todo Sobre Mia Madre, Espanha, 1999) de Pedro Almodovar
Mubi
Drama. Após a morte do filho, mulher decide voltar ao passado e ir a Barcelona para reencontrar com o pai de seu filho. 



O ÚLTIMO DOS MOICANOS
(The Last of the Mohicans, EUA, 1992) de Michael Mann
Netflix
Ação. Homem branco mas criado com os índios moicanos vive uma intensa aventura ao se apaixonar por uma mulher branca.

domingo, dezembro 10, 2023

O Assassino

(The Killer, EUA, 2023)
Direção: David Fincher
Elenco: Michael Fassbender, Tilda Swinton, Kerry O´Malley, Charles Parnell.

Em Paris, um homem está de surdina observando a rotina da rua localizado em frente ao local em que está hospedado. Com o tempo percebe-se que este é na verdade um assassino profissional e que está aguardando a oportunidade de concretizar a execução de um homem. No entanto, a missão fracassa e o protagonista foge para a República Dominicana. Mas ao chegar em casa, encontra a companheira em um hospital após sobreviver a um ataque e decide se vingar contra os responsáveis pelo acontecimento.
Depois de quase 30 anos, o diretor David Fincher e o roteirista Andrew Kelvin Walker do clássico Seven - Os Sete Crimes Capitais retornam a parceria ao gênero que os consagraram. Mas se ambos se encontram em total zona de conforto, o estilo muda radicalmente. Se o filme de 1995 é ágil e cheio de reviravoltas; O Assassino tudo é frio, asséptico. Para quem espera um filme padrão Fincher pode se decepcionar...mas se permitir a acompanhar a vingança do protagonista não perderá seu tempo.
Com um Michael Fassbender presente o tempo todo mas sem abrir a boca (somente narra os pensamentos do personagem sem nome), os diálogos acabam saindo dos outros personagens. E esse é o ponto fraco do filme pois boa parte dos personagens secundários são mal explorados (como é o caso da participação da atriz brasileira Sophie Charlotte). A exceção fica com a sempre ótima Tilda Swinton que ganha os melhores diálogos, além de uma presença forte.
Com a diminuição dos diálogos, Fincher usa o poder da imagem ao seu favor. O seu início recorda o clássico Janela Indiscreta de Alfred Hitchcock mas o seu estilo lembra o ótimo suspense alemão O Amigo Americano de Win Wenders. E a produção tem a assinatura do diretor como a fotografia soturna de Erik Messerschmidt usando muito as sombras para não expor demais a violência ou - porque não - a própria natureza do protagonista que não tem identidade. A ótima trilha sonora discreta mas na medida dos sempre competentes Trent Reznor e Atticus Ross, habituais companheiros de Fincher.
O Assassino é uma jornada da contradição. Aqui o protagonista que se julga frio, calculista e metódico (algo que reflete na narrativa em capítulos) se vê jogado na emoção com uma sede de vingança que soa mais como um ciclo interminável de sua profissão. Com um enredo simples e sem pretensões, Ficnher cai de cabeça no tom econômico, na frieza e foca apenas nas imagens - além de um interessante estudo de personagem. Não está entre os seus melhores filmes mas demonstra um grande diretor que Ficher é em que o mesmo está a vontade e ao mesmo tempo tenta fazer algo diferente na sua bela filmografia.

terça-feira, dezembro 05, 2023

Anatomia de uma Queda

(Anatomie d´une Chute, França, 2023)
Direção: Justine Triet
Elenco: Sandra Hüller, Milo Machado Graner, Swann Arlaud, Samuel Theis.

Em uma casa do interior da França mora uma família composta pelo professor Samuel, a esposa escritora Sandra e o único filho do casal, Daniel, uma criança que tem deficiência visual. A solidão e o distanciamento da família é abalada com a misteriosa morte de Samuel que é encontrado morto, e a suspeita se paira sobre a única adulta no momento: a esposa. Esta alega inocência mas os fatos e a vida do casal pesam contra a viúva além de abalar a relação entre mãe e o filho Daniel.
A obra de Justine Triet é um filmaço mas que exige paciência ao público pois como sugere o título - vai além de esmiuçar um suposto crime. E esse suposto é uma nuvem que paira sobre o filme inteiro. Envolto de dúvidas, o que realmente aconteceu com o Samuel é um mistério mas Anatomia de uma Queda realiza um raio-x do inferno que se transforma a exposição do íntimo de uma família. Além da perda de um ente, perde-se algo fundamental na pedra familiar: confiança. Aqui a diretora vai fundo também na perda da inocência pois o Daniel é uma peça fundamental na narrativa em que vê transformado em pó a até então visão da relação dos pais. Aqui a diretora brinca constantemente sobre o que de fato aconteceu naquele dia. Em virtude de sua deficiência, Daniel se encontra num mar de recordações que ele próprio parece não confiar. E a desconfiança é um sentimento que impera em Anatomia de uma Queda. Afinal, no julgamento e aos olhos do pobre garoto expõe a rotina desgastada de um casal que apresenta crises alimentadas por vários elementos como a dificuldade financeira, o ciúmes pelo sucesso da esposa como escritora, infidelidade, a fragilidade emocional de Samuel, e o sentimento de culpa pela deficiência visual do filho.
Poucas vezes o título de um filme é tão certeiro como é o caso deste filme francês. A queda aqui não é somente a suposta morte de Samuel, mas sim um dos pilares da estrutura familiar: a confiança.
O ponto alto do filme vai para a espetacular atuação de Sandra Hüller que dá um show em uma mulher que tem a sua vida íntima exposta e um laço familiar na linha tênue entre o amor e a desconfiança. Sandra é jogada numa espiral e sua força emocional é testada a todo momento e a atriz alemã defende a personagem com sobriedade impressionante sem cair no melodrama.
Em mãos de uma outra direção, Anatomia de uma Queda poderia se tornar em um banal filme de julgamento (algo muito comum no cinema estadunidense). Mas a direção meticulosa e o roteiro certeiro de Justine Triet usa o formato a seu favor para tocar em vários assuntos como manipulação midiática, a perda da inocência, o luto, a dor da desconfiança, e um rico estudo sobre o que é a verdade de fato.

sexta-feira, dezembro 01, 2023

Ninguém Vai te Salvar

(No One Will Save You, EUA, 2023)
Direção: Brian Duffield
Elenco: Kaitlyn Dever, Elizabeth Kaluev, Geraldine Singer, Dane Rhodes.

Uma jovem vive isolada em uma grande casa com uma rotina própria. Mas observando o seu dia-a-dia percebe-se que ela cometeu alguma coisa a ponto de se tornar uma persona non grata em sua cidade. E para piorar a situação, o seu lar é invadido por seres estranhos.
Com esta incrível estréia, o diretor Brian Duffield é um nome a registrar pois o que ele fez em Ninguém Vai Te Salvar foi um show de criatividade e bastante ousadia. Aqui menos é mais. Ninguém Vai te Salvar é um show de discrição em que a ausência de diálogos torna tudo mais interessante e o diretor vai dando pistas no decorrer da narrativa, e  também elementos que deixa tudo mais vago. Duffield também foi feliz com o uso econômico da trilha sonora e enfatizando mais os efeitos sonoros. Vale destacar a ótima atuação de Kaitlyn Dever que sabe carregar a desorientação e o senso de expiação. Também gostei dos efeitos visuais práticos e a boa exploração da casa para criar um bom suspense. O diretor é bastante sutil em que nada parece chamar atenção. A narrativa é o chamariz da trama. Também acho interessante o filme se passar nos anos atuais mas apresenta elementos fora de época como o figurino da protagonista que remete aos anos de 1970.
Ninguém Vai te Salvar não é uma obra para todos os gostos pois mesmo com uma curta duração e uma narrativa ágil e envolvente, o diretor dá uma voadora no público no seu terço final tornando o filme menos Shamalan (Sinais é uma referência que não sai da minha cabeça) e mais lynchiano em que vai se criando mais perguntas que respostas. Mas isso para mim é uma vantagem pois o diretor mais uma vez sai da zona de conforto e  faz uma obra em que cada um cria sua própria conclusão.