domingo, fevereiro 25, 2024

Festival de Sundance 2024


De volta a calmaria, o Festival de Sundance 2024 iniciou nos dias 18 a 28 de janeiro de 2024. E o grande vencedor desta edição foi In The Summers de Alessandra Lacorazza que conta a relação de duas irmãs com o seu pai nas férias de verão no México. Outros destaques do festival foram: A Real Pain de Jesse Eisenberg que conta a estória de dois primos que viajam para a Polônia e descobrem o passado sombrio da família; A Diferent Man de Aaron Schimberg que aborda um homem que se encontra em uma situação inusitada após uma cirurgia plástica; Presence de Steve Soderbergh que mostra uma família desfuncional morando em uma casa assombrada; Love Lies Bleeding de Rose Glass que conta a relação de duas mulheres que bate de frente com uma família perigosa.

O Brasil foi representado pelo filme Malu de Pedro Freire mostra três mulheres que lidam com os seus próprios fantasmas do passado. O filme recebeu boas criticas do festival.


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A lista dos vencedores do Festival de Sundance 2024:

FILME AMERICANO:
Grande Prêmio do Júri: In The Summers de Alessandra Lacorazza
Prêmio de Diretor: Alessandra Lacorazza - In The Summers
Prêmio de Roteirista Waldo Salt: Jese Eisenberg - A Real Pain
Prêmio Especial do Júri para Visão Artística: Izaac Wang, Joan Chen, Shirley Chen, Chang Li Hua de Didi
Prêmio Especial do Júri para Elenco: Suncoast de Nico Parker

FILME ESTRANGEIRO:
Grande Prêmio do Júri: Sujo (México) de Astrid Ronder e Fernanda Valadez 
Prêmio de Diretor: Raha Amirfazli e Alireza Ghasemi - In The Land of Brothers (Irã)
Premio Especial do Júri para Atuação: Preeti Panigrahi - Girls Will Be Girls (Índia)
Prêmio Especial do Júri pelo Espírito Inovador: Handling The Undead (Noruega) de Peter Raeburn

terça-feira, fevereiro 20, 2024

Destaques nos cinemas

O MAL QUE NOS HABITA
(Cuando Acecha La Maldad, Argentina, 2023) de Demiàn Rugna
Terror. No interior isolado da Argentina uma pandemia sobrenatural desespera seus habitantes.



POBRES CRIATURAS
(Poor Things, Inglaterra, 2023) de Yorgos Lanthimos
Drama. Após ser ressuscitada por um excêntrico cientista, jovem percorre o mundo em busca de experiências de vida.



ZONA DE INTERESSE
(The Zone of the Interest, Inglaterra, 2023) de Jonathan Glazer
Drama. Na Alemanha da Segunda Guerra Mundial, uma família vive uma rotina comum e banal.



GARRA DE FERRO
(The Iron Claw, EUA, 2023) de Sean Durkin
Drama. Biografia da família Von Erich que impulsionaram a luta livre na década de 1980.



TODOS NÓS DESCONHECIDOS
(All of Us Strangers, Inglaterra, 2023) de Andrew Haigh
Suspense. Ao embarcar em uma relação casual com o seu vizinho, roteirista enfrenta o seu próprio passado.



DUNA - PARTE 2
(Dune - Part 2, EUA, 2024) de Dennis Villeneuve
Ficção cientifica. Continuando a jornada de Paul Atreides que busca vingança pela destruição de sua família.



O SABOR DA VIDA
(La Passion de Dodin Bouffant, França/Bélgica, 2023) de Anh Hung Tran
Drama. A culinária mistura a relação amorosa de mais de 20 anos entre uma cozinheira e o seu patrão.

quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Lançamentos nos Streamings

BELFAST
(Irlanda, 2021) de Kenneth Branaght
Amazon Prime
Drama. Um garoto testemunha os conflitos políticos e sociais da Irlanda no fim da década de 1960.




DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS
(Brasil, 1976) de Bruno Barreto
Mubi
Comédia dramática. Jovem viúva casa novamente e o espírito do seu falecido marido volta para atormenta-lá.


DR. FANTÁSTICO
(Dr. Strangelove Or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, Inglaterra, 1964) de Stanley Kubrick
HBO Max
Comédia. No auge da guerra fria, um general perde a cabeça a ponto de insuflar uma nova guerra mundial.


IRREVERSÍVEL

(Irréversible, França, 2002) de Gaspar Noé
Mubi
Suspense. Dois amigos saem na noite de Paris em busca de vingança após a namorada de um deles ter sido violentada e estuprada.


MARTE UM
(Brasil, 2022) de Gabriel Martins
Globopaly
Drama. Uma família pobre de Belo Horizonte tenta sobreviver cada dia e atingir os seus sonhos em um momento de incerteza política no Brasil.


MISSÃO IMPOSSIVEL -ACERTO DE CONTAS - PARTE 1
(Mission: Impossible - Dead Reckoning Part One, EUA, 2023) de Christopher McQuarrie
Paramount+
Suspense. Uma arma mortal esta sendo construída e o espião Ethan Hunt e equipe buscam o equipamento o mais rápido possível.

O SEGREDO DE VERA DRAKE
(Vera Drake, Inglaterra, 2004) de Mike Leigh
Mubi
Drama. Na Inglaterra dos anos de 1950, uma boa senhora é flagrada realizando abortos o que causará um caos em sua vida e de sua família.


O SEQUESTRO DO VOO 375
(Brasil, 2023) de Marcus Baldini
Star+
Suspense. Em 1988, um desempregado sequestro um avião com a intenção de atingir o Palácio do Planalto para matar o presidente do Brasil.

sábado, fevereiro 10, 2024

Priscilla

(EUA,2023)
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Cailee Spaeney, Jacob Elordi, Ari Cohen, Dagmara Dominczyk.

Na Berlim em 1960, a filha de um militar americano Priscilla Beaulieu é convidada a uma festa que terá a presença do astro do rock Elvis Presley. E na festa os dois se conhecem e a atração é imediata. O problema é que ele tem 24 anos e ela 14 anos. A diferença de idade incomoda os pais de Priscilla mas esta já está completamente apaixonada. E aos poucos Elvis vai ganhando confiança da família dela para consumar a relação - no entanto o mundo do entretenimento e o comportamento do amado não é bem o que Priscilla esperava.
Hollywood adora explorar a vida de Elvis Presley. Após o retumbante sucesso do filme de Baz Luhrmann em 2022 com Elvis, a sempre competente Sofia Coppola conseguiu carta branca para explorar o filão e adaptar a autobiografia da ex-esposa do rei do rock, Priscilla Presley. Aqui, o ponto de vista sobre o rei do rock muda e foca em um lado nunca explorado antes - para a ira dos fãs mais raiz do astro que sempre o veneram. Em Priscilla, aborda a relação problemática dos dois a começar pela atração dele por garotas bem mais novas (14 anos). E quando os dois vivem uma relação, ele introduz o mundo das drogas a garota além de manipulá-la como um mero objeto (ele que define a roupa, a maquiagem que ela tem que usar; ela é proibida de ligar para ele por telefone; e ate o sexo tem que ser do jeito dele o que é raro).
Aqui, Coppola surpreende e faz um dos seus filmes mais acessíveis em virtude de uma edição ágil de Sarah Fleck recheada de uma deliciosa seleção de músicas mas que se torna uma pequena falha pois as vezes ficamos perdidos com a dinâmica dos fatos (foca em um momento e depois dá um salto para um outro momento de forma abrupta). A fotografia soturna de Philippe Le Sourd é um destaque ao transformar a famosa mansão Graceland em uma prisão com muitas sombras em que parece não querer revelar o rosto da protagonista. Mas o tiro certeiro da cineasta foi na escalação do elenco. Jacob Elordi seduz e sabe humanizar a estranha persona de Elvis (realmente o ator australiano está em um momento muito bom da carreira). Mas o filme é da linda e delicada Cailee Spaeney. A atriz novata tem uma performance de veterana ao explorar as facetas de Priscilla; de uma jovem inocente completamente apaixonada a uma adulta desiludida com uma relação que de fato nunca consumiu.
Priscilla é um registro de uma paixão platônica, verdadeira de uma jovem mas que mesmo correspondida nunca foi consumada de verdade. Aqui, o casamento foi assinalado através da distância e da manipulação ao gosto do marido - para a tristeza e decepção de qualquer cônjuge.

segunda-feira, fevereiro 05, 2024

Saltburn

(Inglaterra/EUA, 2023)
Direção: Emerald Fennell
Elenco: Barry Keoghan, Jacob Elordi, Rosamund Pike, Alison Oliver.

Oliver é um jovem comum da classe trabalhadora que ingressa na prestigiada - e elitizada - Universidade de Oxford em 2006. Totalmente perdido ao ambiente universitário ele se aproxima de um jovem que é o seu oposto em tudo: bonito, atraente e rico. A atração por Felix é imediata. E ambos cria um bonito laço a ponto de Felix convidá-lo para passar o verão no castelo de sua família. Oliver aceita e testemunha um lar composto por pais excêntricos, e familiares e amigos mais doidos que os de costumes.
É bom ver uma cineasta criando todo um estilo particular. E aqui Emerald Fennell volta ao conciliar humor, crítica, provocação e um grande senso de imprevisibilidade. O que varia aqui é a mudança do tema. Se em Bela Vingança a diretora foi feliz ao abordar um tema tão delicado como a violência contra as mulheres com um frescor e originalidade; em Saltburn, Fennell explora as diferenças sociais em um ambiente mais britânico impossível: um castelo de uma nobre (e bizarra) família. Aqui é a versão Downton Abbey com ácido. Mas o raio não caiu duas vezes no mesmo local. Se no primeiro filme a diretora demonstrava uma incrível segurança e um roteiro que não para de surpreender; aqui ela dobra a aposta mas o filme perde fôlego ao esticar demais a estória. Mesmo que aqui e acolá jogue frases afiadas e hilárias. Mas logo de cara dá pistas aos futuros acontecimentos...e a previsibilidade dos fatos é um tiro no pé pois tira toda a graça. Também não gostei muito da fotografia de Linus Sandgren que mescla o barroco, o exuberante design de produção mas com muitas tomadas escuras tornando algumas cenas em um completo breu. Assim, o seu ponto forte fica para um elenco que vai para a ótima atuação de Barry Keoghan que sabe esconder camadas de um personagem muito dúbio e que nos faz querer ir até o fim do filme. E Rosamund Pike se deleita em mais um papel doido - e não perde a chance de entregar os melhores momentos do humor britânico no roteiro irregular de Fennell. Outra surpresa é a boa presença de Jacob Elordi que está demonstrando um ótimo ator - no entanto achei que o roteiro diminui Felix no decorrer da narrativa.
Saltburn é a demonstração de uma artista que se arrisca e aqui a diretora usa o universo da divisão de classes da Inglaterra (como todo mundo) e neste bolo mistura O Talentoso Ripley a Gosfolk Park. A combinação é maluca e não dá muita liga mas é interessante ver a diretora correr riscos.

quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Godzilla Minus One

(Japão, 2023)
Direção: Takashi Yamazaki
Elenco: Ryunosuke Kamiki, Minami Hamabe, Yuki Yamada, Sakura Ando.

No fim da Segunda Guerra Mundial, o soldado kamikaze japonês Koiche foge de seu atroz destino em uma ilha na qual recebe a visita inesperada do monstro Godzilla. Ele teve a chance de abater a besta mas acorvadou e o monstro fez uma matança e depois sumiu. Meses depois, Koiche volta a Tóquio mas descobre que a família não sobreviveu a guerra. Sozinho e perambulando pela cidade, Koiche encontra Noriko e um bebê. Os três formam uma família com o tempo...até que Godzilla surge novamente.
Com o fim de 2023, duas coisas surgem na minha cabeça após assistir a Godzilla Minus One. Primeiro, o péssimo ano em que as grandes produções hollywoodianas (Marvel e DC Comics) apresentaram uma fórmula desgastada somada a roteiros ruins e efeitos visuais de qualidade duvidosa. E então surge um filme japonês de 15 milhões de dólares que dá um baile em produções de 200 milhões de dólares. Segundo, a safra excepcional que o Japão apresentou em 2023 com filmes dos mais variados e de qualidade impecável como a animação lírica O Menino e A Garça a complexidade de Monster. E no meio disso uma surpresa, Godzilla Minus One - um misto de ação com elementos dramáticos bem construídos que torna uma simples sessão da tarde uma delícia de se ver.
Godzilla Minus One apresenta uma produção que tira leite de pedra e apresenta uma direção e roteiro em sintonia mas os destaques mesmos são os ótimos efeitos visuais que respeita a imagem original do monstro mas sem torná-lo caricato. Na mesma vertente se encontra a ótima trilha sonora de Naoki Sato que mescla uma música original mas usa o tema original dos filmes originais com propriedade. O som é de cair o queixo - é feito perfeitamente para ser escutado no cinema.
Se a metáfora sobre as angústias de um kamikaze chama a atenção, este elemento casa com harmonia toda a representatividade do monstro nipônico marítimo. A dor de Koiche reflete na bestialidade do sofrimento do Japão - um pais acostumado com terríveis catrástofes naturais somado ao trauma da bomba atômica. Aqui são dois mundos com suas angústias e medos.