segunda-feira, fevereiro 05, 2024

Saltburn

(Inglaterra/EUA, 2023)
Direção: Emerald Fennell
Elenco: Barry Keoghan, Jacob Elordi, Rosamund Pike, Alison Oliver.

Oliver é um jovem comum da classe trabalhadora que ingressa na prestigiada - e elitizada - Universidade de Oxford em 2006. Totalmente perdido ao ambiente universitário ele se aproxima de um jovem que é o seu oposto em tudo: bonito, atraente e rico. A atração por Felix é imediata. E ambos cria um bonito laço a ponto de Felix convidá-lo para passar o verão no castelo de sua família. Oliver aceita e testemunha um lar composto por pais excêntricos, e familiares e amigos mais doidos que os de costumes.
É bom ver uma cineasta criando todo um estilo particular. E aqui Emerald Fennell volta ao conciliar humor, crítica, provocação e um grande senso de imprevisibilidade. O que varia aqui é a mudança do tema. Se em Bela Vingança a diretora foi feliz ao abordar um tema tão delicado como a violência contra as mulheres com um frescor e originalidade; em Saltburn, Fennell explora as diferenças sociais em um ambiente mais britânico impossível: um castelo de uma nobre (e bizarra) família. Aqui é a versão Downton Abbey com ácido. Mas o raio não caiu duas vezes no mesmo local. Se no primeiro filme a diretora demonstrava uma incrível segurança e um roteiro que não para de surpreender; aqui ela dobra a aposta mas o filme perde fôlego ao esticar demais a estória. Mesmo que aqui e acolá jogue frases afiadas e hilárias. Mas logo de cara dá pistas aos futuros acontecimentos...e a previsibilidade dos fatos é um tiro no pé pois tira toda a graça. Também não gostei muito da fotografia de Linus Sandgren que mescla o barroco, o exuberante design de produção mas com muitas tomadas escuras tornando algumas cenas em um completo breu. Assim, o seu ponto forte fica para um elenco que vai para a ótima atuação de Barry Keoghan que sabe esconder camadas de um personagem muito dúbio e que nos faz querer ir até o fim do filme. E Rosamund Pike se deleita em mais um papel doido - e não perde a chance de entregar os melhores momentos do humor britânico no roteiro irregular de Fennell. Outra surpresa é a boa presença de Jacob Elordi que está demonstrando um ótimo ator - no entanto achei que o roteiro diminui Felix no decorrer da narrativa.
Saltburn é a demonstração de uma artista que se arrisca e aqui a diretora usa o universo da divisão de classes da Inglaterra (como todo mundo) e neste bolo mistura O Talentoso Ripley a Gosfolk Park. A combinação é maluca e não dá muita liga mas é interessante ver a diretora correr riscos.

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