sábado, fevereiro 10, 2024

Priscilla

(EUA,2023)
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Cailee Spaeney, Jacob Elordi, Ari Cohen, Dagmara Dominczyk.

Na Berlim em 1960, a filha de um militar americano Priscilla Beaulieu é convidada a uma festa que terá a presença do astro do rock Elvis Presley. E na festa os dois se conhecem e a atração é imediata. O problema é que ele tem 24 anos e ela 14 anos. A diferença de idade incomoda os pais de Priscilla mas esta já está completamente apaixonada. E aos poucos Elvis vai ganhando confiança da família dela para consumar a relação - no entanto o mundo do entretenimento e o comportamento do amado não é bem o que Priscilla esperava.
Hollywood adora explorar a vida de Elvis Presley. Após o retumbante sucesso do filme de Baz Luhrmann em 2022 com Elvis, a sempre competente Sofia Coppola conseguiu carta branca para explorar o filão e adaptar a autobiografia da ex-esposa do rei do rock, Priscilla Presley. Aqui, o ponto de vista sobre o rei do rock muda e foca em um lado nunca explorado antes - para a ira dos fãs mais raiz do astro que sempre o veneram. Em Priscilla, aborda a relação problemática dos dois a começar pela atração dele por garotas bem mais novas (14 anos). E quando os dois vivem uma relação, ele introduz o mundo das drogas a garota além de manipulá-la como um mero objeto (ele que define a roupa, a maquiagem que ela tem que usar; ela é proibida de ligar para ele por telefone; e ate o sexo tem que ser do jeito dele o que é raro).
Aqui, Coppola surpreende e faz um dos seus filmes mais acessíveis em virtude de uma edição ágil de Sarah Fleck recheada de uma deliciosa seleção de músicas mas que se torna uma pequena falha pois as vezes ficamos perdidos com a dinâmica dos fatos (foca em um momento e depois dá um salto para um outro momento de forma abrupta). A fotografia soturna de Philippe Le Sourd é um destaque ao transformar a famosa mansão Graceland em uma prisão com muitas sombras em que parece não querer revelar o rosto da protagonista. Mas o tiro certeiro da cineasta foi na escalação do elenco. Jacob Elordi seduz e sabe humanizar a estranha persona de Elvis (realmente o ator australiano está em um momento muito bom da carreira). Mas o filme é da linda e delicada Cailee Spaeney. A atriz novata tem uma performance de veterana ao explorar as facetas de Priscilla; de uma jovem inocente completamente apaixonada a uma adulta desiludida com uma relação que de fato nunca consumiu.
Priscilla é um registro de uma paixão platônica, verdadeira de uma jovem mas que mesmo correspondida nunca foi consumada de verdade. Aqui, o casamento foi assinalado através da distância e da manipulação ao gosto do marido - para a tristeza e decepção de qualquer cônjuge.

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