quinta-feira, fevereiro 20, 2020

Oscar 2020

2019 foi um ano excelente para o cinema. Com uma cartela de filmes de alto nível, a Academia chegou a uma lista interessante mas que infelizmente poderia ter sido melhor em conta da importância da soma da qualidade com campanha promocional. Dessa forma ótimos filmes foram deixados de lado como O Farol, Retrato de uma Jovem em Chamas, A Despedida, Midsommar, Nós, Jóias Brutas. Diante de uma gama de variedades, a Netflix superou em números de indicações as tradicionais concorrentes mas a visão conservadora da indústria transformou em pó o sonho da streaming de papar muitos prêmios, o que é lamentável se falando do excelente O Irlandês. Mas a academia deu destaque ao filme do ano, o coreano Parasita. Ótimas críticas e uma surpreendente bilheteria nos EUA foi o up necessário para as 06 indicações conquistadas. E com o apoio da crítica especializada estadunidense, a obra de Bong Joon Ho fez história e se tornou o primeiro filme falado em língua não inglesa a conquistar o Oscar de melhor filme e também a de melhor filme internacional. Diante de alguns deslizes na sua escolha mas última edições, a academia em 2020 fez uma das escolhas mais acertadas nas últimas edições. Afinal, o filme coreano conquistou muitos fãs com o seu senso humor apurado e o seu enredo engenhoso. Um belo final feliz e que represente uma ruptura que os estadunidense tem sobre o cinema mundial.

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A lista dos vencedores do Oscar 2019:

MELHOR FILME: Parasita
MELHOR FILME INTERNACIONAL: Parasita (Coréia do Sul)
MELHOR FILME EM ANIMAÇÃO: Toy Story 4
MELHOR DOCUMENTÁRIO: Indústria Americana
MELHOR CURTA-METRAGEM: The Neighbor´s Windows
MELHOR DIREÇÃOBong Joon Ho (Parasita)
MELHOR ATOR: Joaquín Phoenix (Coringa)
MELHOR ATRIZ: Renee Zellweger (Judy - Muito Além do Arco-Íris)
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Brad Pitt (Era uma Vez em...Hollywood)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Laura Dern (História de um Casamento)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: Jojo Rabbit
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Parasita
MELHOR FOTOGRAFIA: 1917
MELHOR MONTAGEM: Ford vs Ferrari
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE: Era uma Vez em...Hollywood
MELHOR FIGURINO: Adoráveis Mulheres
MELHOR TRILHA SONORA: Coringa
MELHOR CANÇÃO: Rocktman
MELHOR EDIÇÃO DE SOM: Ford vs Ferrari
MELHOR MIXAGEM DE SOM: 1917
MELHOR EFEITOS VISUAIS: 1917
MELHOR MAQUIAGEM: O Escândalo
MELHOR CURTA-METRAGEM EM DOCUMENTÁRIO: Learning to Skateborad in a War Zone (If You´re a Girl)
MELHOR CURTA-METRAGEM EM ANIMAÇÃO: Hair Love

sábado, fevereiro 15, 2020

Destaque nos cinemas

JOJO RABBIT
(EUA, 2019) de Taika Waititi
Drama. Na Alemanha da 2º Guerra Mundial garoto passa por questionamentos e ao mesmo tempo tem como amigo imaginário o Adolf Hitler.



O PREÇO DA VERDADE
(Dark Waters, EUA, 2019) de Todd Haynes
Drama. Um brilhante advogado corporativo avalia a sua ética ao descobrir que a empresa que ele defende causa danos a sociedade.

segunda-feira, fevereiro 10, 2020

Adoráveis Mulheres

(Lilly Women, EUA, 2019)
Direção: Greta Gerwig
Elenco: Saoirse Ronan, Florence Pugh, Emma Watson, Timothée Chamalet.

Adoráveis Mulheres demonstra uma tremenda maturidade na carreira da diretora Greta Gerwig. Se em Lady Bird, Gerwig mostra segurança em uma comédia descolada (e bem estilo cinema independente americano); aqui a diretora expõe criatividade e uma sensibilidade particular na adaptação do clássico da literatura americana. Com um roteiro engenhoso, Gerwig usa e abusa de flashbacks para reforçar o grande tema do filme: o amor entre as irmãs March e a emancipação feminina. Dessa forma, o trabalho de edição de Nick Houy é espetacular ao contar o destino das irmãs (especialmente Jo e Amy) de uma forma não linear mas sem perder a coerência reforçando os sentimentos das protagonistas e cativando o público. É importante comentar o ótimo trabalho de design de produção que é extremamente delicado. E não poderia deixar de mencionar o ótimo elenco em que Florence Pugh (fantástica em Midsommar: O Mal Não Espera a Noite) rouba a cena ao imprimir doçura, malícia como a irmã Amy. E Gerwig me surpreende ao explorar novas possibilidades sem desrespeitar o material clássico. Bela surpresa.

quarta-feira, fevereiro 05, 2020

O Farol

(The Lighthouse, EUA/Canadá. 2019)
Direção: Robert Eggers
Elenco: Robert Pattinson, Willem Dafoe

Em seu novo filme, Robert Eggs retorna aos temas explorados no seu primeiro filme mas com uma proposta radicalmente diferente. Se em A Bruxa, o diretor discute culpa cristã e feminismo em uma floresta; O Farol aborda culpa, loucura e a masculinidade em uma minuscula ilha. Não é de estranhar que o farol do filme é apresentado como uma figura fálica; até mesmo o enquadramento extremamente vertical da tela enfatiza o objeto-titulo como um pênis. E a concepção visual do filme é de cair o queixo com um belo design de produção somado a incrível fotografia de xx xx que homenageia as primeiras produções cinematográfica, além de ressaltar o desconforto e dar um clima de pertubação. Impressionante também o trabalho sonoro do filme que explora os sons marítimos e a engrenagem do farol acentuando o tom de pesadelo. E o diretor foi feliz na dupla de atores. Robert Pattinson se distancia de vez da imagem do vampiro de Crepúsculo e apresenta uma presença impressionante na tela como um jovem perdido. Já Willem Dafoe está um verdadeiro monstro, um senhor autoritário mergulhado na loucura da escuridão. Mesmo que O Farol seja inferior A Bruxa, é um trabalho singularíssimo, uma obra excepcional sobre homens mergulhados no caos.

sábado, fevereiro 01, 2020

Dois Papas

(The Two Popes, Inglaterra/EUA/Argentina/Itália, 2019)
Direção: Fernando Meireles
Elenco: Jonathan Price, Anthony Hopkins, Juan Minujín, Sidney Cole

Quem diria que Fernando Meirelles faria um ótimo filme sobre dois encontros dos últimos papas em um momento de tensão dentro da Igreja Católica. E aqui o diretor brasileiro usa e abusa do estilo documental mas surpreende mesmo no hilário senso de humor nas conversas de um tarancudo Bento 16 e um benevolente Francisco. O ótimo roteiro de Anthony McCarten casa bem o drama e o humor como uma forma de humanizar dois homens que tem as mesmas angústias, dúvidas e inquietações como qualquer outra pessoa. Mas o trunfo do filme é mesmo a ótima química da dupla Jonathan Price e Anthony Hopkins que falam várias línguas, e principalmente, sabem transmitir no olhar, nos gestos, a importância do diálogo, de entender as diferenças de visão sobre o mundo, e principalmente da nossa capacidade de mudança. Dois Papas é uma obra leve e emocionante (mas dolorosa em algumas partes ao introduzir o passado dolorido de Papa Francisco) que por um breve momento dá ao público uma empatia a humanidade. E este sentimento é cada vez mais raro em um mundo mais sombrio.