terça-feira, outubro 25, 2022

Festival de Toronto 2022


Quando rolava o Festival de Veneza 2022, Toronto já estava a todo vapor. E nesta edição que ocorreu entre 08 a 18 de setembro, a cidade canadense exibiu grandes filmes dos festivais mais badalados do ano, mas o festival deu destaque as novidades. E começou na melhor forma com a exibição do esperado filme autobiográfico de Steven Spielberg, Os Fabelmans, que colheu grandes elogios e por fim levou o prêmio máximo do festival assegurando o status de o grande favorito a temporada de premiações 2022/2023. Outra surpresa foi a ótima colhida da continuação do já classico de Rian Johnson Entre Facas e Segredos, aqui Glass Onion: Um Mistério Knives Out um dos poucos acertos da Netflix até o momento. E o esperado filme de Sarah Polley, Women Talking, obra polêmica sobre o caso de abusos sexuais do chefão Harvey Weinstein em Hollywood também se deu bem no festival. Por fim, infelizmente o festival só premiou produções estadunidenses, deixando de fora os elogiados Broker da Coréia do Sul (Hirokazu Kore-eda) e The Banshees of Inisherin da Irlanda (Martin McDonagh).


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A lista dos vencedores do Festival de Toronto 2022:

Prêmio da Audiência: Os Fabelmans (EUA) de Steven Spielberg (1º lugar); Women Talking (EUA) de Sarah Polley (2º lugar); Glass Onion: Um Mistério Knives Out (EUA) de Rian Johnson (3º lugar)

Documentário: Black Ice (EUA) de Hubert Davis

Seleção Midnight: Weird: The Al Yankovic Story (EUA) de Eric Appel

quinta-feira, outubro 20, 2022

Destaque nos cinemas

AMSTERDAM
(EUA, 2022) de David O. Russell
Suspense. Morando na capital da Holanda, três amigos americanos se juntam para solucionar um crime em que eles testemunharam.





MAIS QUE AMIGOS
(BTOS, EUA, 2022) de Nicholas Stoller
Comédia. Numa boate gay, dois homens se esbarram e iniciam uma amizade que vai se aprofundando com o tempo.

sábado, outubro 15, 2022

Lançamentos nos Streamings

ALGUÉM AVISA?

(Happiest Season, EUA, 2020) de Clea DuVall
Amazon Prime
Comédia. Mulher decidi pedir a namorada em casamento na casa dos pais dela, mas o seu plano vai por água abaixo ao descobri que esta não é assumida. 

ÂNSIA DE AMAR
(Carnal Knowledge, EUA, 1971) de Mike Nichols
MUBI
Drama. Dois colegas dividem o quarto e também suas experiencias amorosas.

CAPITÃO FANTÁSTICO
(Captain Fantastic, EUA, 2016) de Matt Ross
Star+
Drama. Isolado da sociedade, pai consegue dar uma educação exemplar aos seus seis filhos até ser obrigado a levar todos para a convivência da sociedade.


CORINGA
(Joker, EUA, 2019) de Todd Phillips
HBO Max
Suspense. homem com sérios problemas mentais e emocionais entra numa rota perigosa para a decadente Gotham City.



CYRANO
(EUA/Inglaterra, 2021) de Joe Wright
Amazon Prime
Musical. Homem inteligente, de língua afiada e anão é apaixonado por uma beldade, mas elabora um plano para se aproximar da amada.


O DESESPERO DE VERONIKA VOSS
(Die Sehnsucht der Veronika Voss, Alemanha, 1982) de Rainer Werner Fassbinder
MUBI
Drama. Na Munique de 1955, um jornalista investiga a vida da estrela da UFA (Hollywood alemã da década de 1930), Veronica Voss.


FREAKY - NO CORPO DE UM ASSASSINO
(EUA, 2020) de Christopher Landon
Star+
Comédia. No momento em que uma adolescente e atacada por um psicopata, ocorre um fenômeno e ambos têm as almas trocadas de corpos.


OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES
(The Girl with the Dragon Tattoo, EUA, 2011) de David Fincher
Star+
Suspense. Jornalista investiga o sumiço de uma jovem e esbarra em segredos sórdidos de uma família muito poderosa.



LOGAN
(EUA, 2017) de James Mangold
Disney+
Ação. Com o passar do tempo o famoso x-men sofre de uma anomalia que o torna o seu corpo frágil e ao mesmo tempo tenta proteger uma garota com novos poderes.

MULHERES DIABÓLICAS
(La Cérémonie, França, 1995) de Claude Chabrol
MUBI
Suspense. A amizade de duas mulheres que acabam trilhando por caminhos mais imprevisíveis e perigosos.



NADA DE NOVO NO FRONT
(Im Westen nichts Neues, Alemanha, 2022) de Edward Berger
Netflix
Guerra. Três ingênuos adolescente alemães se alistam para a Primeira Guerra Mundial, e o que eles vêem no front os atormentara pelo resto de suas vidas.


QUANDO CHEGA A ESCURIDÃO
(Near Dark, EUA, 1987) de Kathryn Bigelow
MUBI
Terror. Jovem fazendeiro se apaixona por uma estranha garota e entra num grupo de amigos dela que são um bando de vampiros com sede de sangue.




O SEGREDO DOS SEUS OLHOS
(El Secreto de Sus Ojos, Argentina, 2009) de Juan José Campanella
Star+
Suspense. Servidor público da justiça sonha em escrever um romance sobre uma investigação que iniciou num período conturbada da Argentina.

segunda-feira, outubro 10, 2022

Mais Que Amigos, Friends

(BROS, EUA, 2022)
Direção: Nicholas Stoller
Elenco: Billy Eichner, Luke Macfarlane, Guillermo Diaz, Monica Raymund.

Bobby é uma celebridade da comunidade LGBTI de Nova Iorque. Participa de um famoso podcast; é curador de uma mostra de um museu no qual defende a tese da homossexualidade de Abraham Lincoln; e por fim foi convidado por um grande produtor a escrever um filme romântico gay que seja acessível a todo tipo de público (o que ele acha um absurdo). Na vida pessoal, ele se vangloriza por nunca ter tido um relacionamento sério em seus mais de 40 anos de vida. Mas este fato se desestabiliza com a chegada de Aaron (outro gay que tem aversão a namoro) que ele conheceu em uma boate gay.
Mais Que Amigos, Friends (título ridículo, mas que caiu na graça no Brasil) é o primeiro filme romântico gay de um grande estúdio de Holywood (Universal). Até essa particularidade o ator e roteirista Billy Eichner explora no filme, mas entre mortos e feridos o filme me decepcionou um pouco.
Mesmo com alguns bons diálogos e momentos hilários (especialmente as que envolve sexo), o filme foca na natureza combativa e extremamente insegura de um cara que se orgulha das suas conquistas profissionais e da aceitação de sua sexualidade, mas que no campo afetivo é um desastre. O argumento recorda demais a série Sexo e a Cidade da HBO (inclusive se passa em Nova Iorque), mas alguma coisa falhou no meio do caminho que fez o filme decepcionar um pouco. Confesso que hoje em dia assistir comédia - e gostar de uma - é um acontecimento raro. Não sei se é o peso da idade, mas o humor de hoje não me atrai como antes a ponto de me tornar um ET neste segmento já que sempre recebo dicas de amigos...que era melhor ter recusado a oferta.
Voltando ao filme Mais Que Amigos, Friends. O roteiro pesou a mão nas noias do protagonista recheando a obra de clichês românticos (o que o filme ironizava na introdução). Tenho consciência que vivemos em um mundo em que o romântico foi substituído por uma simples e impessoal ficada com um estranho achado em um aplicativo, e o filme de Nicholas Stoller explora bem isso. Mas achei a fórmula usada na apresentação desgastada e o protagonista - no decorrer da narrativa - se torna mais um de tantas obras que eu assisti. A trilha sonora de Marc Shaiman ajuda nessa visão com um trabalho bem padrão no gênero de comédia comercial - o que me incomodou.
Por fim o filme acaba refletindo o espírito do seu próprio argumento: realizou uma grande conquista a comunidade LGBTI mas que não ousou na profundidade do seu protagonista, além de ter caído de cabeça nos grandes clichês de comédias românticas que assisti nos últimos 20 anos. Vale por alguns momentos inspirados - que eu sorri, mas precisava mais rsrs.

quarta-feira, outubro 05, 2022

A Mulher Rei

(The Woman King, EUA, 2022)
Direção: Gina Price-Bythewood
Elenco: Viola Davis, Thuso Mbedu, Lashana Lynch, Sheila Atim

Nos séculos XVII a XIX, no reino do Daomé, atualmente Benin na África, mulheres em que a cultura local compreende como rebeldes são inseridas numa organização militar chamada de Agojie. De vida casta e focada somente nas batalhas, elas são treinadas a defender com unhas e dentes o reinado de Ghezo que passa a sobreviver da agricultura e do terrível comércio de pessoas escravizadas. E nesse contexto apresenta duas personagens distintas: a chefe do clã, a experiente Nanisca, uma mulher forte e respeitada por planejar e executar importantes batalhas; e a jovem imatura e tempestiva Nawi que acaba de entrar no bando após recusar um casamento arranjado, e descobre no grupo uma grande aptidão para a luta.
A história incrivelmente baseada em fatos chama atenção por si. No entanto a diretora Gina Price-Bythewood tomou um rumo que prejudica o filme. Aqui ela mescla a ação com o drama e falha nas duas rotas. Na ação, as cenas de luta viram um show de cortes rápidos em que o público (pelo menos na minha visão) fica perdido no que está acontecendo na tela (especialmente nas cenas noturnas). No drama, Gina exagera no melodrama e clichê - o romance entre Nawi e o brasileiro Santo Ferreira poderia ser descartado completamente pois não acrescenta em nada.
Uma pena que o roteiro não esteja à altura do elenco que é o ponto alto do filme. Viola Davis é o monstro de sempre na tela, e está totalmente à vontade no personagem (além de ser uma das produtoras). Já a desconhecida Thuso Mbedu também chama atenção como Nawi ao dar vida a uma jovem forte e astuta mas que ao entrar no mundo das Agojie torna um passaporte para uma vida recheada de adrenalinas e escolhas.
Mas o carro chefe da obra é mostrar ao mundo que na selvageria da África colonial, existem histórias surpreendentes sobre o papel da mulher na sociedade. Mesmo com uma rotina rodeada de regras, as Agojie são um símbolo de rebeldia contra o conceito de mulher frágil e dependente dos homens que é preestabelecido e perpetuado até hoje. E ao mesmo tempo um exemplo do empoderamento feminino, particularmente a da mulher afro-descente que sofre de tantos descasos e preconceito no mundo. Pena que com esse argumento poderoso a própria diretora caia no banal tornando o filme comercial e trivial.

sábado, outubro 01, 2022

Marte Um

(Brasil, 2022)
Direção: Gabriel Martins
Elenco: Carlos Francisco, Rejane Faria, Camilla Damião, Cícero Lucas.

Quando o Brasil elege Bolsonaro como presidente do país em 2018, uma família classe baixa de Belo Horizonte passa por várias situações: o patriarca Wellington é um porteiro que vê no filho mais novo, David, como um potencial jogador de futebol para sair da pobreza mas não percebe que o seu caçula deseja trabalhar na NASA; a filha mais velha, Eunice, deseja a independência para ter mais liberdade com a sua nova namorada; e pôr fim a matriarca Tercia, uma diarista que passa por uma traumática pegadinha da televisão a ponto de achar que atrai desgraça a quem estiver por perto.
De início, o filme do Gabriel Martins (No Coração do Mundo) parece enveredar por contornos políticos do início da era Bolsonaro sob o angulo de uma família pobre, mas o diretor foi leve na condução da narrativa em que o teor político quase inexiste. Quase. E essa se tona um dos trunfos do filme. A obra foca na rotina de uma família em que cada um tem os dramas particulares, e o fluxo da narrativa dos personagens é excelente e causa empatia imediata ao público. E quem rouba a cena é Rejane Faria que aqui mostra um tremendo carisma e sensibilidade ao dar vida a uma mulher que vê o seu cotidiano ruir ao participar de uma experiência desagradável e infeliz. Aliás, enquanto os pais passam por maus bocados, os filhos também têm suas angústias, mas também sonhos e esperanças (algo que os pais parecem perder no decorrer do filme). Aqui o diretor faz de forma indireta a sua crítica política - enquanto o presente se mostra um copilado de desgraças (o mal-estar da mãe e o sonho frustrado e distante do pai). O futuro é mais promissor com o desejo grande dos filhos (autonomia, uma carreira promissora). Pena que as vezes o filme apresenta cortes abruptos na narrativa; aqui o cotidiano não é retratado com muita naturalidade (como é o caso da relação de Eunice e sua namorada em que uma cena elas se conhecem e minutos depois decidem morar juntas). Mas esse deslize não prejudica o filme pois tudo parece se encaixar na crônica da família Martins. Uma família que se adaptou as dificuldades da vida e sempre se manterá unida...mas que a sua geração atual busca uma vida melhor e grande perspectiva. Esse é o legado otimista de Marte Um.