segunda-feira, outubro 05, 2020

Crepúsculo dos Deuses

(Sunset Boulevard, EUA, 1950)
Direção: Billy Wilder
Elenco: William Holden, Gloria Swanson, Erich Von Strohein, Nancy Olson

Billy Wilder é um gênio espirituoso consagrado em deliciosas comédias como Quanto Mais Quente Melhor e Se Meu Apartamento Falasse e também no drama como Farrapo Humano. Inusitadamente a sua obra máxima é o drama noir Crepúsculo dos Deuses, uma crítica ferrenha ao sistema dos estúdios de Hollywood. Aqui o diretor austríaco escancara o tratamento descartável de antigas estrelas que caíram no esquecimento em virtude da traumática transição do cinema mudo com falado. Narrado por um roteirista morto - antes do fim trágico - este é contratado para escrever uma nova versão de Salomé que servirá como retorno triunfal da estrela do cinema mudo Norma Desmond. Loucura, obsessão, dominação são alguns temas que Wilder explora na luta para se manter vivo no ecossistema de Hollywood. O diferencial é um incrível roteiro recheado de frases que entraram para a história do cinema. Até a introdução serviu de inspiração para a abertura de Beleza Americana. Mas o filme não é o mesmo sem atuação da vida de Gloria Swanson, antiga estrela do cinema mudo, que aqui deve ter lavado a alma uma interpretação over mais perfeita de uma artista que perdeu o senso de realidade e que busca uma glória a muito tempo esquecida e distante. Uma obra-prima sobre a decadência artística e o jogo cruel que Hollywood impõe aos trabalhadores que ajudaram a consagrar a terra do cinema.

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