quarta-feira, fevereiro 10, 2021

Não Amarás

(Krokti Film o Milosci, Polônia, 1988)
Direção: Krzysztof Kieslowski
Elenco: Olaf Lubaszenko, Grazyna Szapolowska, Stefania Lwinska, Artur Barcis

Krzysztof Kieslowski é um mestre do cinema mais conhecido pelo grande público com a famosa trilogia das cores (A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca, A Fraternidade é Vermelha). Mas o seu trabalho mais importante é o Decálogo, uma coleção de dez filmes que adapta de forma personalíssima os Dez Mandamentos da Bíblia. E o último filme dessa coletânea é Não Amarás. 
Na Polônia da década de 1980 (e fim da Guerra Fria), um jovem, Tomek, vive espiando de sua janela a fogosa vizinha, e esse voyeurismo se transforma numa paixão platônica. Não Amarás não é um drama de amor com os seus eventuais clichês; és uma obra que expõe como poucos a dor da solidão. A solidão de um rapaz inexperiente que não compreende os seus sentimentos em relação a uma mulher. A solidão de uma mulher madura que há muito tempo se desencantou pelo amor. E pra aumentar a sensação de isolamento, o conjunto residencial onde vivem os protagonistas representa um microcosmo de suas vidas vazias, ao mesmo tempo, uma prisão em que pessoas especiais vão embora como o amigo de Tomek na Síria e um antigo caso da vizinha que vive na Austrália. Com uma bela e emotiva trilha sonora de Zbigniew Preisner e a classe da direção do mestre polonês, este consegue imprimir um retrato dos últimos dias da Polônia ocupada pelos soviéticos - um momento da história em que o isolamento imposto pela polaridade politica mundial estava desgastada. Lindo filme.

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