quinta-feira, novembro 10, 2022

Nada de Novo no Front

(Im Westen Nichts Neues, Alemanha, 2022)
Direção: Edward Berger
Elenco: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Daniel Brühl.

Na Alemanha da Primeira Guerra Mundial, Paul, um jovem que mal saiu da adolescência decide se alistar para lutar na guerra por pressão dos amigos e a contragosto dos pais. E na empolgação inicial pelo dever cívico vai se transformando em morte, dor desespero em virtude da brutalidade e selvageria das trincheiras. E enquanto soldados lutam e morrem, as autoridades alemãs demonstram falta de humanidade ao prolongar uma guerra que já não faz muito sentido.
Baseado no romance alemão de Erich Maria Remarque e que Hollywood adaptou em 1930 (e que ganhou o Oscar de melhor filme). Esta nova adaptação chama atenção por ser falado na língua nativa do livro e usa o realismo nas cenas das trincheiras para expor o horror da guerra e os seus traumas que geram aos combatentes. Nessa linha o filme recorda o sucesso inglês 1917. Mas se a obra de Sam Mendes transforma um filme de guerra em um empolgante jogo de videogame - e também anula o horror das batalhas o que eu considero um desrespeito pois a guerra não deve ser banalizada ou romantizada, e sim ser retratada como ela é para que não se repita. O filme de Edward Berger vai fundo na experiencia nas trincheiras e não polpa o espectador do terror e dos traumas. E o ponto alto do filme vai para a ótima produção que vai da reconstituição de época precisa. Destaca-se a sensorial trilha sonora de Volker Bertelmann que substitui uma música melancólica por sons diferentes e que brinca com o que está acontecendo na tela. A linda fotografia de James Friend que usa as sombras e o jogo de luzes para elucidar a barbárie e o caos e acentua a tristeza dos fatos. Outro plus é o trabalho de câmera de Berger que filma longas tomadas sempre enaltecendo a loucura e também a melancolia. Nada de Novo no Front é um bom filme de guerra que não tenta reinventar o gênero como Apocalypse Now, ou o uso da criatividade como 1917 ou Dunkirk, mas vai direto ao ponto ao registrar o que o homem pode fazer de pior para a humanidade.

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