sexta-feira, julho 01, 2022

Titane

(França, 2021)
Direção: Julia Ducournau
Elenco: Agathe Rousselle, Vincent Lindon, Bertrand Bonello, Garance Marillier.

Pai e filha estão em um carro que se locomove em uma estrada. Ele está dirigindo e ela está no banco traseiro. De cara, a relação dos dois não é boa; ela faz um barulho irritante e ele se altera com o comportamento da filha o que sucede em um acidente automobilístico. O pai não sofre sequelas mas a filha chamada Alexia sobrevive graças a uma placa de titânio instalado na sua cabeça. Ao sair do hospital totalmente recuperada, Alexia não demonstra aversão a veículos - pelo contrário - abraça e beija o carro com muito afeto em uma ligação sem precedentes a tudo que remete a metal.
Com um argumento bizarro, Titane é dividido em duas partes: enquanto a primeira é violenta, agressiva e alucinante; a segunda é mais contemplativa mas sem sem deixar de ser imprevisível e surreal. Mas quanto menos souber sobre o enredo de Titane melhor pois o filme é tão instável e insano que cada pessoa terá uma opinião particular mas o que é universal é o tapa, o incômodo que a diretora dá ao público. O domínio narrativo da Ducournau é fantástico e esta não tem medo da opinião e vai fundo na ligação bizarra da protagonista com veículos ou algo que se assemelhe ao metal.
A produção francesa é de primeira como a climática trilha sonora de Jim Williams, a montagem montanha russa de Jean-Christophe Bouzy, e a linda fotografia que brinca com cores saturadas e sombras de Ruben Impers. E o elenco arrasa particularmente a dupla Agathe Rousselle e Vincent Lindon. Se a atriz principal é uma força da natureza descontrolada e imprevisível; Vincent consegue imprimir com o olhar - mesmo com um corpo de brutamontes - o peso e uma dor pessoal que não cessa.
A diretora bebe muito do terror corporal do mestre David Cronemberg especialmente em Crash - Estranhos Prazeres (1996), mas Ducournau consegue se distanciar do canadense pelo ritmo frenético, belas imagens e até um humor involuntário. Aqui a diretora comanda corpos que se batem, pegam fogo, se matam, mudam de sexo...e se conecta com o metal. Titane é uma alegoria viciante e absurdamente original e selvagem sobre a busca da redenção, da humanidade e ao amor.

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