sexta-feira, junho 10, 2022

A Professora de Piano

(La Pianiste, França/Áustria/Alemanha, 2001)
Direção: Michael Haneke
Elenco: Isabelle Huppert, Annie Girardot, Benoît Magimel, Susanne Lothar.

Erika é uma professora de piano na casa dos 40 anos de idade mas mesmo assim mora com a mãe em uma relação nada saudável e apoiada na dominação e violência maternal. Na profissão, Erika descarrega a opressão familiar em seus pupilos ao tratá-los com uma absoluta indiferença. Mas a sua rotina entre o emprego monótono e a repressão da mãe, cria um limbo em que Erika se deixa levar por impulsos sexuais nada convencional até surgir Walter, um jovem sedutor, uma persona que não se encaixa em sua bolha pessoal o que lhe chama atenção.
O grande cineasta austríaco Michael Haneke fez fama com filmes controversos e polêmicos na linha Lars von Trier. Mas diferente do cineasta dinamarquês que usa câmara na mão, edição frenética e música; o realizador de Caché e Amor testa a paciência com longos plano-sequência e total ausência de trilha sonora. E se von Trier narra um psicopata surtado no ótimo A Casa que Jack Construiu; em A Professora de Piano, Haneke filma a jornada de uma mulher que canaliza toda a ira, raiva em si mesma. Se fosse outro diretor - provavelmente o caso de Trier - a protagonista se tornaria numa psicopata. Aqui a protagonista sofre de automutilação como resposta ao ambiente que vive, e que ainda apresenta um comportamento infantil como na cena no embate na cama entre Erika e sua mãe; na sua reação ao ver Walter junto com uma pupila sua; e até mesmo no seu penteado e modo de vestir.
E a Isabelle Huppert dá um show no papel de uma mulher aparentemente fria e distante mas que é fruto de um ambiente desprovido de amor em que a carência e perversão fazem parte da mesma moeda. As vezes a Erika recorda Michele de Elle outra atuação fantástica de Huppert - mas no filme de Paul Verhoeven - ela personifica uma mulher amarga por natureza e com total consciência dos seus atos; em A Professora de Piano, Erika é uma mulher que perdeu empatia as pessoas por ser vítima de uma bolha doentia e degradante. Haneke realiza um perturbador estudo sobre um ser preso a uma perversa realidade e que não consegue se desligar desse universo.

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