domingo, junho 05, 2022

Top Gun: Maverick

(EUA, 2022)
Direção: Joseph Konsinski
Elenco: Tom Cruise, Jennifer Connelly, Jon Hamm, Miles Teller.

Quando vi o trailer de Top Gun: Maverick, continuação do clássico da sessão da tarde Top Gun - Ases Indomáveis, não levei muito a sério. Mas quando vi que o filme seria exibido em Cannes (quase um atestado de qualidade), essa informação me fez mudar de ideia. E após conferir o filme, realmente fiquei surpreso - e pasmem - uma das melhores continuações que eu vi de Hollywood. Mas sejamos honestos, o filme de 1986 não é nenhuma obra-prima, e sim uma competente obra, fruto de seu tempo em que cineastas publicitários como Tony Scott, Adrian Lyne ganharam destaque com roteiros rasos mas uma estética de comercial de televisão que atraia o público com um show visual e sonoro. E um dos casos mais bem-sucedidos foi Top Gun. E acho que a melhoria de sua continuação vem do movimento atual do cinema que se inspira nos sucessos das séries americanas em que a fragilidade dos personagens é o fio condutor da narrativa.
Após seguir uma carreira imposta por atitude rebelde e pouca ambição, o apaixonado por aviões, Pete Mitchell, codinome Maverick, é considerado um peso e fracassado pela Marinha no momento em que a tecnologia substitui o homem. Mesmo assim, ele tem a última oportunidade na instituição ao aceitar treinar novos pilotos para uma missão suicida. Ao mesmo tempo, terá que lidar com os pontos soltos deixados no passado de sua vida pessoal.
Um dos elementos que faz a diferença dessa continuação com outros pares é que ele sabe aproveitar muito bem a nostalgia. A trilha sonora marcante continua presente e causa uma empatia imediata. O diretor Joseph Konsinski foi muito feliz em mostrar cenas do filme original (que eu já não lembrava mais) e copiar estas mas sem tornar gratuito, tem um próprio charme (como na cena da praia, a música de Jerry Lee Lewis no bar). E as cenas aéreas são um show a parte graças a ótima sonoplastia e a montagem de Eddie Hamilton que consegue dar harmonia nas cenas de ação como nas dramáticas. Outro ponto alto do filme é o elenco. É emocionante a homenagem ao Val Kilmer que aparece debilitado de verdade (câncer de garganta). Jennifer Connelly ilumina a cena pela beleza e espontaneidade; mas o filme é mesmo do Tom Cruise que soube aproveitar a meia-idade para impor um personagem com mais camadas e também um homem que busca um alívio ao peso de suas escolhas. Se o primeiro filme é lembrado como uma propaganda da marinha, e depois como uma estória de amor homossexual entre Tom Cruise e Val Kilmer no ponto de vista de Quentin Tarantino; Maverick elucida um homem que viveu com suas próprias regras mas que busca uma redenção para deixar as marcas do passado para trás. Uma bela surpresa esta continuação.

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