terça-feira, maio 05, 2020

O Poço

(El Hoyo, Espanha, 2019)
Direção: Galder Gaztelu-Urrutia
Elenco: Ivan Massagué, Zorion Eguileor, Antonia San Juan, Emilio Buale

Em tempos de quarentena da epidemia do coronavírus a Netflix foi oportunista - e sábia - ao inserir no seu catálogo a ficção científica/terror espanhola O Poço que fez burburinho em vários festivais em que participou. O filme de estréia de Galder Gaztelu-Urrutia relata um homem que aceita participar de uma secreta experiência: ficar preso em uma torre em que todo mês as cobaias são escaladas em se hospedar em diferentes andares. E todos se alimentam de um pomposo banquete através de uma mesa móvel que desce verticalmente dos primeiros andares até os últimos. Quem está nos primeiros andares se beneficia da comida farta mas quando a mesa desce mais a alimentação fica escassa gerando selvageria e caos aos presos. Fica óbvio a crítica social da obra mas a mesma é inteligente ao elaborar um tenebroso estudo sobre a humanidade e a falta de solidariedade no sistema em que vivemos. E Urrutia consegue inserir no texto elementos bíblicos e até mesmo brinca com o clássico da literatura Dom Quixote (o livro faz companhia ao protagonista). Com uma produção modesta mas muito bem feita, O Poço é um interessante raio-x da sociedade; um sistema que não se comove com o próximo, e que não percebe que todos estão no mesmo poço, no mesmo buraco. Um filme reflexivo e interessante.

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