domingo, junho 15, 2025

Lançamentos nos Streamings

BETTER MAN: A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS
(Inglaterra/EUA, 2024) de Michael Gracey
Amazon Prime
Musical. Um macaco falante se torna uma celebridade ao investir na carreira de cantor.


BICHO DE SETE CABEÇAS
(Brasil, 2000) de Laís Bodanzky
Mubi
Drama. Jovem está em tratamento desumano em uma clinica psiquiátrica só porque a sua família o viu com um baseado.



CABO DO MEDO
(Cape Fear, EUA, 1991) de Martin Scorsese
Netflix
Suspense. Ao sair da prisão, homem busca vingança contra o seu antigo advogado de defesa.



OS FALBERMANS
(EUA, 2022) de Steven Spielberg
Netflix
Drama. Um jovem apaixonado pelo cinema testemunha um fato incomum de sua própria família.


HARRY E SALLY: FEITOS UM PARA OUTRO

(When Harry Met Sally, EUA, 1989) de Rob Reiner
Mubi
Comédia. Casal que se conheceu na universidade vivem se esbarrando em Nova Iorque com o passar do tempo.


PEARL
(EUA, 2023) de Ti West
Netflix
Terror. Garota desequilibrada faz de tudo para sair da fazenda e alcançar o estrelato em Hollywood.



QUATRO CASAMENTOS E UM FUNERAL

(Four Weddings and a Funeral, Inglaterra, 1994) de Mike Newell
Mubi
Comédia. Solteirão bonitão sempre se esbarra com uma bela americana em quatro casamentos e um funeral.

terça-feira, junho 10, 2025

Marte Ataca!

(Mars Attacks!, EUA, 1996)
Direção: Tim Burton
Elenco: Jack Nicholson, Glenn Close, Pierce Brosnam, Annette Bening.

O presidente dos Estados Unidos recebe uma notícia da chegada de naves alienígenas ao Planeta Terra. E o que ele faz? Comunica a todos que uma nova era está chegando, e que está preparando um evento para recepção dos marcianos. A inesperada visita se torna um acontecimento importante para alguns, mas para outras as preocupações terrenas são mais importantes. No entanto, o primeiro contato alienígena não sai como esperado após os marcianos realizarem um massacre após ver uma pomba da paz voar.
Após a linda homenagem a ficção científica B com o comovente Ed Wood, Tim Burton voltar a temática mas com tom de galhofa. Em Marte Ataca!, adaptação de figurinhas da empresa Topps Comapny, o humor escrachado mira no estereótipo da política, militarismo, mídia e população alienada. Aqui, o humor parece extraído de algum episódio de Os Simpsons. E esse se torna o problema do filme. O roteiro só tem bala por um tempo e depois o  efeito passa. E diante de tantos personagens como um presidente abobalhado, militar psicótico, jornalista almofadinha, esotérica alcoólatra, o trabalho de Burton cai no óbvio, e ainda tenta incluir um núcleo normal mais normais como uma família afrodescendente e o neto que cuida de sua avó. Não é de estranhar que o filme se tornou um fiasco de bilheteria em uma época em que o público (estadunidense) exaltava filmes mais patriotas. Marte Ataca! vai na contramão e não tem medo de expor a sociedade americana. Mas o filme de Burton tem pontos altos como a ótima trilha sonora de Danny Elfman que bebe dos filmes matinês dos anos 1950. O design de produção também é caprichado em especial ao hilário visual dos alienígenas. Mas o humor negro melhorou com o tempo pois se naquela época a notícia da existência de marcianos causaria alvoroço; hoje o mundo está tão doido que só causaria uma mera curiosidade. Ou um certo alivio a uma humanidade que demonstra extremamente falha.

quinta-feira, junho 05, 2025

Homem com H

(Brasil, 2025)
Direção: Esmir Filho
Elenco: Jesuita Barbosa, Hermila Guedes, Romulo Braga, Bruno Montaleone.

Nos anos 1930, um garoto que cultua a natureza e não tem medo do pai violento vive em um ambiente familiar nada sadio. E com o passar dos anos, este garotinho chamado Ney cresce e junto à vontade de viver e enfrentar o mundo através da arte. E a sua voz diferente se torna um instrumento poderoso para sacudir a careta música popular brasileira (e a ditadura no auge da repressão) com o surgimento da banda Secos & Molhados. E assim surge uma das carreiras mais vibrantes da cultura brasileira.
Ney Matogrosso é sem sombra de dúvida uma das vozes mais singulares que o Brasil já teve. Mas por trás desse dom extraordinário, o filme de Esmir Filho (do lindo Os Famosos e os Doentes da Morte) é uma rica cinebiografia de um homem que vai além de sua arte. Aqui o filme dá vida a um ser que se entregou ao mundo artístico como bandeira da liberdade. Dessa maneira, a obra foca a história de Nei Pereira da infância de relacionamento difícil com o pai opressor para o livramento ao sobreviver no artesanato e na música. Mesmo com o homenageado ainda vivo e bastante ativo, Homem com H aborda particularmente dois tópicos: a liberdade de expressão perante os anos de chumbo da ditadura na década de 1970; e o pesadelo da epidemia da AIDS nos anos 1980. No governo militar sua condição afrontando tanto a sociedade e até mesmo a classe artística que não estava preparado pela sua audácia causou escândalo. Com fim do regime, o protagonista testemunha a morte na década seguinte mas consegue se manter erguido.
Se o personagem é um monumento que qualquer cineasta sonha em filmar, Esmir Filho tem um olhar certeiro ao escalar Jesuíta Barbosa no papel principal. O ator que já comprovou o seu talento em vários filmes, aqui ele chega no apogeu numa atuação revigorante e quase uma cópia do Ney. Em certos momentos fica difícil distinguir o que é real e ficção. Mas admito que no início fiquei incomodado com os cacoetes que o ator criou (olhos arregalados, a postura curvada) na vida privada mas depois aceitei. Homem com H é uma acertada filmografia de  um artista em busca de sua essência: a liberdade. E Ney representa alguém que encarou a todos com a sua postura nada arrogante quer é viver imensamente sem amarras sociais.

domingo, junho 01, 2025

Pecadores

(Sinners, EUA, 2025)
Direção: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Miles Caton, Delroy Lindo, Hailee Stenfeld.

No interior do Mississipi nos anos de 1930, os irmãos gêmeos Fumaça e Fuligem voltam a terra natal cheios da grana (extraídos de forma ilegal) para abrir um clube de música para os seus amigos negros. Mas a abertura desse  estabelecimento se transforma numa jornada para encarar o tubo lento passado e outras criaturas que despertam com a força do blues.
Admito que não tinha expectativa no novo filme de Ryan Coogler, Pecadores, pois a filmografia do diretor nunca me atraiu (Creed a Pantera Negra). E assim foi uma baita surpresa sair da sessão de seu último filme. Se a obra inicia como um drama leve de época vai se transformando em um musical cheio de blues até dar um salto inesperado para o terror. Criatividade é o que não falta em Pecadores. E no fim fiquei hipnotizado pois da obra lembra demais brasileiro Bacurau pois além da mistura insana de gêneros, ambos tocam fundo temas em comum como identidade e resistência. O filme de Coogler é uma montanha russa orquestrada pela trilha sonora matadora do sempre ótimo Ludwig Göransson que ajuda na imersão e nas ótimas surpresas que o enredo proporciona. O elenco está ótimo em que os atores coadjuvantes roubam a cena como Wunmi Mosaku que interpreta a ex-mulher de um dos protagonistas, e Delroy Lindo bem a vontade num personagem que oscila em drama e humor. E o ponto alto do filme é a sequência da abertura do clube em que a câmera baila no salão ao som de vários ritmos misturando o antigo blues com estilos atuais como a música eletrônica.
Pecadores é uma obra surreal que não tem medo de tocar em certas feridas, e ainda expor que certas cicatrizes ainda persistem no tempo como é o caso da caça a cultura diversas em que os negros resistem no direito de legitimar as suas raízes e  culturas perante a opressão racial dos Estados Unidos. Um filme essencial...além de divertido.