terça-feira, junho 08, 2010

A Estrada

Nunca fui fã de filmes de apocalipse em que exaultava a violência como forma de sobreviver ao caos e a loucura, vide a trilogia Mad Max, Waterworld, Eu Sou a Lenda e outras obras do gênero. Dessa maneira assisti A Estrada com certo receio, mas fiquei surpreso pelo caminho alternativo que o filme explora. A violência, a loucura, a insanidade, o instinto de sobrevivência estão lá, mas o foco maior é manter uma família unida que testemunha o fim do mundo e tenta viver num lugar em que a vida já se exauriu, o clima está ficando mais frio, a natureza está morrendo - e se não for o bastante - humanos caçam seus semelhantes para servir de alimento. Mesmo assim eles tem um objetivo, que é chegar a um lugar mais quente, mais ao sul (eles vivem no norte dos EUA) e voltar ao antiga convivência, se for possível. Mas diante de um ambiente hostil, a depressão, a desesperança, a falta de expectativa e até mesmo a ingenuidade e a falta de humanidade podem ser ferramentas que podem derrubar esse núcleo unido já abalado pelo suicídio da mãe. Baseado no livro do mesmo autor de Onde Os Fracos Não Tem Vez, mostra um mundo sem sentido em que o mal está ao lado, em que viver a cada segundo é um luxo. Com ótimas atuações, em especial de Viggo Mortensen e uma bela fotografia de Javier Aguirresarobe e a interessante trilha sonora de Nick Cave e Warren Ellis, A Estrada é um caminho tortuoso, única via para escapar da loucura e voltar a rotina comum.

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