terça-feira, maio 10, 2016

Um Corpo que Cai

(Vertigo, EUA, 1958)
Direção: Alfred Hitchcock
Elenco: James Stewart, Kim Novak, Barbara Bel Geddes, Tom Helmore

Nos anos 40, Hitchcock teve como musa Ingrid Bergman. Na década seguinte, finalmente o mestre do suspense achou a encarnação ideal da loira fria por fora mas um vulcão em erupção por dentro, Grace Kelly. Infelizmente a mesma virou princesa e deixou Hollywood para desespero do diretor que nunca mais achou uma atriz com as mesmas características. E na obra-prima Um Corpo que Cai, considerado hoje o melhor filme de todos os tempos, Hitchcock extravasa esse sentimento de busca e de obsessão pela mulher perfeita num drama perverso, e extremamente triste ao exibir a via crucis de um detetive aposentado por sofrer de acrofobia mas que ganha uma nova missão - e se apaixona perdidamente pelo objeto investigado: uma bela e perturbadora loira chamada Madeleine (uma irônica brincadeira com a famosa e misteriosa personagem da Bíblia?). Com esse material, Hitchcock não brinca em serviço e faz uma obra em que fala de busca, posse, dominação, desejo, e por isso que a sua bela fotografia destaca a cor verde (representa a natureza obsessiva do personagem), e brinca constantemente com a luz (as vezes a escuridão fica quase completa - e fica fácil de se perder). E não tem como deixar de mencionar a genial trilha sonora de Bernard Herrmann em que o som ganha contornos, círculos remetendo a vertigem do titulo original do filme. E que introdução, adorei a abertura que entrega o tema do filme logo de cara. De longe, um dos grandes momentos do mestre e um raro momento para exprimir, botar pra fora uma de suas taras, obsessões.

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