quinta-feira, outubro 05, 2017

O Estranho que Nós Amamos

(The Beguiled, EUA, 2017)
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Colin Farell, Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Fanning.

Faz vinte anos que assisti a primeira adaptação da obra de Thomas Cullinan, em que Clint Eastwood era a vítima algoz de um bando de mulheres em um ótimo trabalho tenso de Don Siegel. E na atual repaginada, Sofia Coppola vai na contramão da obra de 1971, e substitui o suspense misógino por uma visão feminista e pessoal a respeito de um homem sedutor que ao quebrar a ordem e a harmonia de um lar de mulheres desperta nelas sentimentos distintos. Com um roteiro mínimo, a diretora foca todo o potencial através na imagem num belo trabalho de design de produção, e num clima totalmente anticlimático em que a ausência de trilha sonora faz com que a câmera expie uma gama da natureza feminina (a romântica, a autoritária, a sedutora, a infantil) em um ritmo lento recordando Michael Haneke. Mas diferente da mão pesada do cineasta alemão, Sofia consegue imprimir o seu cinema autoral e faz um trabalho frio e ao mesmo tempo sensível sobre a natureza nebulosa do ser humano.

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