terça-feira, julho 10, 2018

Mãe Só Há Uma

(Brasil, 2016)
Direção: Anna Muylaert
Elenco: Naomi Nero, Daniela Nefussi, Matheus Nachtergaele, Lais Dias.

Após a consagração com o belo Que Horas Ela Volta?, Muylaert dá continuidade as diferenças sociais e ao estudo de personagem. No entanto, a pegada é totalmente diferente no seu novo filme. Se em Que Horas Ela Volta? a diretora mostra maturidade ao focar o abismo entre empregado e patrão. Mãe Só Há Uma, Muylaert enfatiza a linguagem ao abordar o inferno de um jovem saindo da adolescência  chamado Pierre (que é hétero mas que curte a androginia) ao descobrir que foi roubado na maternidade e que sua família biológica é a típica família classe média alta (o horror dos horrores); e o seu nome real é Felipe. Observação: a linguagem a qual me refiro é o uso de câmera na mão nas cenas da sua família inicial e de sua vida íntima representando a liberdade; já quando surge a família biológica e a nova realidade, a diretora usa câmeras estáticas representando o aprisionamento do Pierre ou Felipe a tal condição.
Com um enredo não muito convencional, Muylaert faz um bom trabalho graças ao ótimo elenco, em especial Naomi Nero que mostra carisma em um personagem difícil. Porém, a diretora perde a mão com uma condução ágil demais (o filme tem 80 minutos) em uma obra em que o seu enredo é tão intrigante e cheio de camadas - identidade, convenções sociais, família - e nenhuma delas é dissecada com profundidade. Uma pena pois a sua premissa é tão boa que a gente assiste até o fim reforçando o poder de seu argumento,

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