sábado, junho 01, 2019

Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos

(Portugal/Brasil, 2018)
Direção: Renée Nader Messora e João Salaviza
Elenco: Henrique Ihjãc Kharô, Raene Kôtô Krahô.

Ihjãc é um jovem índio que vive em sua tribo distante da civilização. Com uma vida estabelecida, o protagonista sofre pela morte do pai e mais ainda pela responsabilidade de suceder o papel de seu pai na comunidade.
Surpreendente filme luso-brasileiro todo falado em dialeto indígena que mostra o índio não como uma figura antropológica; mas sim um ser passando por angústias universalmente humanas. Com uma linda fotografia naturalista da co-diretora Renée Nader Messora, o filme recorda os trabalhos do tailandês Apichatpong Weerasethakul ao mesclar o natural, o sobrenatural e a critica social. E com uma tremenda segurança os diretores portugueses Renée Nader Messora e João Salaviza souberam abordar com esmero temas como luto, o de não ser compreendido, e a pressão de exercer uma função quando não se está preparado. No fim fica a sensação amarga que todo o universo harmonioso encontrado na tribo um dia dissipará com a ameaça branca. Com um futuro triste, o filme se antecipa e vira uma crônica aterradora do governo Bolsonaro e sua falta de projeto humanista.

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